quinta-feira, 30 de julho de 2009

Hallettsville (2009)

Género: Horror
Realizador: Andrew Pozza
Com: Derek Lee Nixon, Katie Fountain, Jordan Brower e Gary Busey, entre outros.
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Tyler Jensen, na ressaca do falecimento da sua avó, e de um ano emocionalmente complicado, procura encontrar algum sossego durante as férias do Verão. Com este objectivo em mente, Tyler convida os seus amigos para passarem um fim de semana na casa de campo da família, na pequena localidade de Hallettsville, no Texas. Imediatamente após a chegada do grupo começam a ocorrer estranhos eventos, e uma sombria aura parece envolver a casa.

"Hallettsville" é mais um filme de horror de baixo orçamento que utiliza o esquema habitual do grupo de jovens numa localização isolada, não inovando portanto nesse aspecto. O filme começa muito bem, com algumas sequências que nos permitem conhecer melhor as personagens, passando em seguida para uma fase mais perturbadora e capaz de nos fazer arrepiar. No entanto isto acaba rapidamente, tornando-se extremamente previsível no resto de filme, que culmina de uma forma decepcionante. No entanto há que reconhecer que, ainda assim, a fita consegue assustar os mais susceptíveis durante praticamente toda a sua duração.

Os actores obtêm, no geral, um desempenho medíocre, com algumas situações em que parecerem pouco convincentes e até demasiado "rígidos". É óbvio que o argumento não ajuda, pois é tão fraco que não oferece aos actores a possibilidade de desenvolverem as respectivas personagens e mostrarem as suas reais capacidades. Este argumento é totalmente linear, praticamente desprovido de qualquer história secundária, limitando-se a colocar na tela uma série de acontecimentos que se vão sucedendo em catadupa.

A banda sonora é algo diferente da habitual neste género de filmes, revelando-se bastante agradável, mas longe de deslumbrar. Os efeitos sonoros, apesar de inicialmente parecerem adequados, tornam-se irritantes com o decorrer do filme e podiam merecer uma maior atenção durante a fase de produção.

"Hallettsville" não inova em qualquer aspecto neste género de filmes, oferecendo-nos apenas mais do mesmo. Parecia seguir um bom caminho no seu início, mas as fraquezas começam a revelar-se a menos de metade da sua duração, tornando-se um filme fraco quando termina. Só o posso recomendar aos amantes deste género de filme, que consomem todos os títulos que surgem no cinema. Os restante, evitem-no.

O melhor: o início, perturbador e bem construído.
O pior: final decepcionante.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), The Omen (1976), Hellraiser (1987)

Classificação IMDB: 2.9/10
Classificação RottenTomatoes: n/a

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Virus Undead (2008)

Género: Horror
Realizador: Wolf Wolff
Com: Philipp Danne, Marvin Gronen, Thomas Heubeck e Anna Breuer, entre outros.
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Robert, Patrick e Dicker, três amigos estudantes de medicina, viajam até uma pequena aldeia na Alemanha rural para tratar dos papéis da herança do avô de Robert, o reputado cientista Professor Bergen, falecido em circunstâncias estranhas. A ideia do trio é chegar à aldeia, instalarem-se na mansão do avô de Robert durante o fim-de-semana, tratarem da papelada e voltarem à cidade. Pelo caminho encontram duas jovens locais, que convidam para uma pequena festa à noite, na mansão. Mas com o cair da noite eles percebem que algo de estranho se passa naquela região: uma variante do vírus da gripe das aves, o H9N13, está a ser espalhado pelos pássaros, provocando mutações nos infectados, que se transformam em terríveis zombies.

Este é um filme alemão, com um baixo orçamento, um puro filme de horror de série B. É um filme recheado de personagens cliché: Robert é o carismático e inteligente líder do grupo, Patrick é o playboy sempre de olho posto nas raparigas, Eugen é o introvertido nerd do grupo, Vanessa é a jovem de atributos generosos com roupas curtas e decote a condizer, e Marlene é a rapariga frágil e inocente. Temos ainda personagens como o mauzão da aldeia, um motard tatuado com desejos de vingança, ou o polícia com um apetite insaciável por donuts, só para mencionar alguns. Todas estas personagens sofrem de vários problemas de construção, transmitindo muito pouco realismo nas suas atitudes e acções. Como se tudo isto já não bastasse, os actores não conseguem agir de forma natural, obtendo uma performance que, no geral, é bastante fraca.

Tecnicamente, "Virus Undead" também deixa muito a desejar. O guião está muito mal escrito, o argumento é completamente linear, e mesmo as cenas de acção não conseguem envolver a audiência. Este aspecto fica ainda mais prejudicado devido a alguns erros de edição, que baralham e confundem o espectador. Os efeitos especiais são paupérrimos, com elementos nada realistas, que prejudicam o desempenho do filme como consequência. Os diálogos são intragáveis, pejados de frases vistas e revistas, e ridículos até em algumas situações.

É difícil encontrar aspectos positivos neste filme, mas eles existem. Destaco o trabalho de câmara, que parece quase um oásis no meio de tanta coisa mal feita. A maquilhagem, em particular a dos zombies, sem deslumbrar, consegue ser também bastante competente. Alguns momentos de humor non-sense, de tão ridículos que são, conseguem quase arrancar-nos uma gargalhada.

"Virus Undead" é um filme que aproveita a histeria actual em torno da ameaça de pandemia que paira sobre a sociedade em que vivemos. É um filme que vai buscar inspiração ao clássico "The Birds", de Alfred Hitchcock, mas que é escrito e realizado de forma deficiente. Por tudo isto, este é um filme que deverá ser evitado a todo o custo. Um dos piores filmes que já vi.

O melhor: bom trabalho de câmara.
O pior: péssimo argumento; personagens excessivamente estereotipadas.
Alternativas: The Birds (1963), The Evil Dead (1981), 28 Days Later (2002)

Classificação IMDB: 3.7/10
Classificação RottenTomatoes: n/a

terça-feira, 28 de julho de 2009

Quantum of Solace (2008)

Género: Acção/Aventura/Thriller
Realizador: Marc Forster
Com: Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric e Judi Dench, entre outros.
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Na continuação dos eventos de "Casino Royale", o MI-6 investiga uma nova e obscura rede internacional que angaria biliões de dólares através de actos de corrupção. Quando Bond persegue os responsáveis por uma tentativa de assassinato a "M", todas as pistas apontam para Dominic Greene, um conhecidíssimo impulsionador de tecnologias amigas do ambiente. O próximo objectivo de Greene é garantir a aquisição de uma área deserta na Bolívia, em troca de assistência num golpe de estado neste país. A CIA finge que nada se passa, e o MI-6 é portanto o único obstáculo no caminho de Dominic Greene. Mas o comportamento de Bond tem levantado desconfianças no seio da organização, que parece movido por um sentimento de vingança, e os seus movimentos são cada vez mais restringidos.

Na segunda aparição de Daniel Craig como o agente secreto mais conhecido do mundo, este demonstra um maior à vontade com a sua personagem, dando razão àqueles que o consideram um dos melhores James Bond de sempre. Pessoalmente também tenho apreciado as suas performances, mas devo admitir que isso se deve em grande parte devido à menor utilização de gadgets, em comparação com os restantes filmes da série. Craig consegue um bom desempenho neste "Quantum of Solace", com a sua personalidade austera a encaixar perfeitamente no perfil de James Bond. Olga Kurylenko é a Bond girl neste filme e, apesar da sua personagem ter uma primeira metade do filme algo desapontante, consegue obter um desempenho interessante, mas longe de brilhante. Mathieu Amalric encarna a pele do vilão do filme, e até o faz bastante bem, mas esta personagem decepciona por não ser suficientemente ameaçadora, o que fará com que fique esquecida rapidamente mesmo entre os fãs da saga. Por último, Judi Dench sai a ganhar com a maior relevância que é dada a "M" nesta nova direcção que a série toma, tornando-se assim numa personagem muito interessante.

No argumento, no entanto, reside o calcanhar de Aquiles que acompanha praticamente todas as aventuras de James Bond. O filme é um tanto ou quanto confuso, especialmente no início, e os planos dos vilões poderiam ser bem mais magalómanos ou diabólicos. No entanto, como peça de entretenimento, "Quantum of Solace" consegue agradar a uma larga fatia da audiência, oferecendo vários momentos de acção, humor e drama para captar o interesse desta, a um ritmo que se mostra muito adequado. As cenas filmadas em localizações tão distintas como o Haiti, Siena, Bolívia ou Áustria também ajudam a prender a atenção dos espectadores, o que é sempre de louvar.

Porém, se compararmos este filme com os restante da saga de James Bond, é óbvio que este não se encontra ao nível dos melhores. Qualitativamente é inferior em praticamente todos os aspectos ao seu predecessor, "Casino Royale", e os fãs mais acérrimos não hesitarão em apontá-lo como uma das piores aventuras do espião ao serviço de Sua Majestade. Um dos aspectos que também considerei negativo foi o facto de este filme assumir que o espectador viu o filme anterior da série, podendo tornar-se ainda mais confuso de isto não se verificar.

Em suma, "Quantum of Solace" é um filme sólido capaz de agradar ao espectador ocasional, mas desapontante para aqueles que esperam ansiosamente por cada novo filme de James Bond. Veja-o só se não tiver nenhuma alternativa melhor.

O melhor: a confirmação do talento de Daniel Craig na pele de James Bond.
O pior: argumento pouco ambicioso.
Alternativas: From Russia with Love (1963), Thunderball (1965), Casino Royale (2006)

Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Goal III: Taking on the World (2009)

Género: Drama/Desporto
Realizador: Andrew Morahan
Com: JJ Feild, Leo Gregory, Kuno Becker e Kasia Smutniak, entre outros.
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Santiago Muñez, Liam Adams e Charlie Braithwaite anseiam pelo término da época nos seus clubes para poderem representar as respectivas selecções nacionais no Mundial de Futebol que se realizará na Alemanha. As expectativas são altas para os três que, por razões diferentes, vêem neste evento futebolístico um dos momentos mais importantes da sua carreira. Porém, a poucos meses da competição, um acidente de viação alterará drasticamente o futuro dos três futebolistas.

Este filme é o terceiro capítulo da série de filmes "Goal!", lançado directamente para o mercado em formato DVD, mas que pouco tem em comum com os filmes que o precedem. Aliás, se excluirmos a presença de Kuno Becker (Santiago Muñez), nada há em comum com estes. E mesmo a participação de Kuno Becker, protagonista nos episódios anteriores, encontra-se reduzida a um mero papel secundário, quase insignificante.

E aqui reside um dos maiores factores de desapontamento da audiência, em relação a este filme. "Goal II: Living the Dream" deixou várias histórias por fechar, muitas questões por responder e que, desta forma, deixam um sentimento de desilusão. Não há Glen Foy neste filme, nem Roz, nem Gavin Harris, precisamente as personagens secundárias nas incursões anteriores da série "Goal!" que traziam mais motivos de interesse, e que poderiam muito facilmente fazer o mesmo neste "Goal III: Taking on the World".

"Goal III: Taking on the World" é decepcionante a todos os níveis. O argumento é horrível, as performances dos actores sofríveis e os efeitos visuais são pura e simplesmente ridículos. É incrível como uma companhia se apoia no sucesso alcançado com os dois primeiros filmes que, longe de serem obras-primas, são ainda assim referências no género em que se inserem, oferecendo depois este lixo a todos aqueles que nele depositavam algumas espectativas. Não consigo perceber o que terá passado pela cabeça do seu realizador, que parece ter achado que juntar futebol, mulheres bonitas e alguma cerveja no mesmo filme era suficiente para obter sucesso.

Não há nada capaz de salvar este filme, com os únicos momentos de interesse a serem as cenas filmadas nos jogos de futebol durante o Mundial de 2006, na Alemanha. Portugal até tem aqui um momento de destaque, ao ser relembrada a vitória histórica frente à Inglaterra, nos quartos-de-final desta competição.

Uma completa perda de tempo, filmes como este jamais deveriam ver a luz do dia. É sem dúvida um dos piores filmes a que já assisti, e como tal só posso recomendar que evitem este filme.

O melhor: ver um momento de glória da selecção portuguesa de futebol, coisa rara nos últimos tempos.
O pior: tudo; consegue arruinar completamente o futuro da série "Goal!".
Alternativas: Victory (1981), Bend It Like Beckham (2002), Goal! The Dream Begins (2005)

Classificação IMDB: 3.9/10
Classificação RottenTomatoes: n/a

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Goal II: Living The Dream (2007)

Género: Drama/Desporto
Realizador: Jaume Collet-Serra
Com: Kuno Becker, Alessandro Nivola, Stephen Dillane e Anna Friel, entre outros.
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A ascensão meteórica de Santiago Muñez na equipa de futebol do Newcastle United capta a atenção dos responsáveis pelo Real Madrid. Santiago é então contratado para aquela que é por muitos considerados a melhor equipa do mundo, e que tem já nas suas fileiras jogadores como Beckham, Zidane, Raúl, Casillas, Roberto Carlos e Ronaldo, só para citar alguns. O objectivo do Real Madrid é conquistar a Champions League, troféu que já não ganha há alguns anos. O jovem mexicano vê-se assim no centro das atenções de milhões de pessoas, e terá de mostrar a sua categoria tanto dentro como fora do relvado. Mas será que tem as capacidades para tal?

Este filme continua a história iniciada em "Goal! The Dream Begins", apesar da mudança de realizador. Mantêm a acção futebolística em primeiro plano, mas dá um maior ênfase às histórias secundárias do que o primeiro capítulo. Foca-se principalmente nas dificuldades de um futebolista talentoso fora dos relvados de futebol.

As performances dos actores estão ligeiramente melhores, particularmente a de Kuno Becker que, devido ao facto de este filme conter menos cenas de futebol com a sua presença, pode mostrar mais de si como actor. O personagem de Alessandro Nivola adquire também uma maior projecção neste filme, dando-lhe igualmente mais oportunidades para demonstrar mais as suas capacidades. No entanto, e apesar de, como referido, os desempenhos dos actores serem melhores, estão ainda longe de tornar o filme reconhecido por este aspecto.

Mais uma vez, as cenas dos jogos de futebol em que os actores participam estão muito pouco realistas, não só devido aos pormenores técnicos discutíveis mas principalmente porque os actores parecem "deslocados", como se de facto não pertencessem àquele mundo. Nada de novo, portanto, neste aspecto.

Aquilo em que "Goal II: Living The Dream" se diferencia do filme que o procede nesta trilogia é precisamente numa maior relevância aos aspectos extra-futebol, que curiosamente se torna no melhor e no pior do filme. A parte positiva advêm do facto de nos mostrar o outro lado das vidas dos futebolistas que muitos milhões de pessoas idolatram: o dinheiro em abundância e a necessidade de manter os pés na terra, as festas e as extravagâncias, o assédio constante das mulheres fúteis que os rodeiam, a pressão da imprensa, os agentes sem escrúpulos, as regras impostas pelos clubes, entre outras.

Mas o adicionar de uma história secundária que envolve Santiago Muñez com uma parte da sua família que ele desconhecia, apesar de interessante a espaços, não consegue aparentar autenticidade, falhando assim um dos seus principais objectivos.

Num cômputo geral, este filme é inferior em todos os aspectos (com excepção da representação) ao seu predecessor, "Goal! The Dream Begins". A faceta futebolística não é tão atraente, e o seu argumento é mais aborrecido e previsível. Só o posso recomendar a quem adorou o primeiro filme.

O melhor: ligeiro incremento na qualidade dos desempenhos dos actores.
O pior: não consegue manter os padrões do seu predecessor.
Alternativas: Victory (1981), Bend It Like Beckham (2002), Goal! The Dream Begins (2005)

Classificação IMDB: 5.9/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Goal! The Dream Begins (2005)

Género: Drama/Desporto
Realizador: Danny Cannon
Com: Kuno Becker, Stephen Dillane, Alessandro Nivola e Tony Plana, entre outros.
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Santiago Muñez é um jovem mexicano que, aos dez anos de idade, atravessa ilegalmente a fronteira entre o México e os Estados Unidos com a sua família. A família adquire uma pequena casa num bairro latino de Los Angeles, e aos poucos começa a adaptar-se à sua nova realidade. Mas alguns depois, a situação parece não melhorar. Santiago trabalha durante o dia com o seu pai e outros emigrantes numa pequena empresa de jardinagem, e durante a noite como ajudante de cozinha num restaurante chinês. Apesar da sua vida dura, Santiago consegue ainda assim arranjar algum tempo para a sua paixão: o futebol. O jovem deslumbra com a bola nos pés num pequeno clube local, e o seu talento é tal que capta a atenção de um antigo olheiro do Newcastle United, que observa um dos seus jogos por acaso. Este oferece-lhe a oportunidade de fazer uns testes em Inglaterra, mas a decisão não se afigura fácil pois para além de o seu pai reprovar completamente a ideia, Santiago não tem dinheiro para a viagem, e o seu estatuto de emigrante ilegal não lhe permitirá regressar aos Estados Unidos se ele embarcar nesta aventura...

Se nos focarmos só na ideia central do filme, "Goal! The Dream Begins" é uma história sobre a luta de um homem para se tornar algo mais. Apesar dos obstáculos que se apresentam, Santiago dá o passo em frente, mas cedo se apercebe que o caminho é ainda mais difícil do que ele pensava.

Mas para quem gosta de futebol, este filme é algo mais. É um olhar muito realista sobre o dia-a-dia num clube de futebol: os treinos, os exames médicos, o companheirismo dos balneários, os jogos ao fim-de-semana. E contem ver várias caras conhecidas do desporto-rei: Zidane, Beckham, Raúl, Shearer, Lampard, etc... Mas "Goal! The Dream Begins" também retrata o estilo de vida decadente de alguns futebolista, onde não falta o álcool, as mulheres, as festas e os excessos.

Pela negativa, realço a linearidade do filme. Este oferece uma série de twists no argumento que lhe conferem uma dose extra de interesse, mas em última análise o desfecho final é amplamente expectável, apenas havendo dúvidas quanto à forma como ele será alcançado. Outro aspecto negativo tem a ver com a prestação dos actores quando colocados no campo de futebol, onde parecem pouco naturais. Felizmente o realizador opta muitas vezes por planos mais abrangentes ou em constante movimento nestas cenas, o que ajuda a esconder um pouco esta lacuna. Ainda neste aspecto, e para o tornar mais realista, são utilizadas imagens captadas em jogos reais, e intercaladas com as cenas dos actores de uma forma muito convincente. O final também é um pouco abrupto, mas isto acaba por ser justificado em parte por estarmos perante um filme que faz parte de uma trilogia.

Uma última nota para a banda sonora, onde o brit-rock é rei e senhor, com faixas dos Oasis e dos Kasabian, entre outros. Uma banda sonora de grande qualidade, em perfeita comunhão com o estilo do filme.

Em suma, "Goal! The Dream Begins" é um dos melhores (senão mesmo o melhor) filme sobre futebol a que tive a oportunidade de assistir. Recomendo-o tanto aos amantes deste desporto como àqueles que normalmente não lhe prestam muita atenção, a estes últimos mais pela parte dramática que é muito boa.

O melhor: essencial para qualquer fã do futebol.
O pior: alguma previsibilidade.
Alternativas: Victory (1981), Bend It Like Beckham (2002), Gracie (2007)

Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 5.2/10

domingo, 19 de julho de 2009

The Village Barbershop (2008)


Género: Drama/Comédia
Realizador: Chris J. Ford
Com: John Ratzenberger, Shelly Cole, George McRae e Cindy Pickett, entre outros.
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Este filme conta-nos a história de Arthur Leroldi, um homem desgastado pela idade, viúvo há já alguns anos. Em conjunto com um amigo de longa data, Enzo, gere há décadas uma pequena barbearia numa pequena localidade no Oeste dos Estados Unidos. Mas o negócio já não é o que era, e quando Enzo morre, Art vê-se atolado em dívidas e com uma difícil decisão: ou fecha a barbearia ou contrata alguém competente para trabalhar consigo. Os candidatos vão aparecendo, mas nenhum deles mostra o mínimo de capacidades para o trabalho. Todos excepto Gloria MacIntyre, uma jovem e espevitada mulher, abandonada pelo namorado, incapaz de tomar um não como resposta. Relutantemente, Art contrata-a, apesar de não lhe agradar ver uma mulher numa barbearia para homens.

"The Village Barbershop" é um filme independente, e por isso difícil de chegar ao grande público, apesar de ter obtido um certo reconhecimento em vários festivais de cinema. É uma bonita história, sobre duas pessoas completamente diferentes, que se encontram num local incomum. A história é simplista, mas nem por isso menos interessante. Apesar de começar de uma forma um pouco confusa, rapidamente absorve a audiência e capta a sua atenção e simpatia. É também um filme com momentos de humor muito bons, capazes de nos fazer soltar uma gargalhada e deixar com um sorriso no rosto.

O filme sobressai ao nível da cenografia e trabalho de câmara, invulgarmente bons tendo em conta o tipo de filme em questão. Também a banda sonora denota um bom gosto assinalável, enquadrando-se perfeitamente com o desenrolar da história. E as performances dos actores, apesar de não serem brilhantes, estão ainda assim a um nível bastante bom. Aliás, os dois protagonistas, Jon Ratzenberger e Shelly Cole, demonstram uma química incrível, o que só ajuda ao bom desempenho do filme.

É óbvio que este filme não vem revolucionar o mundo do cinema. Nem é esse o seu objectivo. "The Village Barbershop" é um filme humilde, ciente das suas limitações, e que capta o interesse da audiência pela simpatia que desperta e pela mestria com que foi filmado. É um daqueles filmes que nos toca no coração.

Resumidamente, um filme leve e simples, mas que recomendo a todos os amantes do bom cinema, que procuram algo mais do que o cinema descartável de Hollywood.

O melhor: qualidade da realização.
O pior: argumento muito simples.
Alternativas: Driving Miss Daisy (1989), Le Huitième Jour (1996), Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain (2001)

Classificação IMDB: 6.8/10
Classificação RottenTomatoes: n/a

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Twilight (2008)

Género: Drama/Fantasia/Romance
Realizador: Catherine Hardwicke
Com: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Nikki Reed e Billy Burke, entre outros.
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Bella Swan é uma adolescente, filha de pais divorciados, que vive em Phoenix, no Arizona, com a sua mãe. No entanto, após o casamento da sua mãe com outro homem, Bella decide ir mudar-se para junto do pai, que vive em Forks, uma pequena cidade no chuvoso estado de Washington, no norte dos Estados Unidos. Apesar das grandes diferenças, Bella adapta-se perfeitamente ao local e facilmente adquire uma série de novos amigos. Mas é Edward Cullen, um belo jovem de aspecto misterioso, quem capta imediatamente a sua atenção. A muito custo, ela consegue aproximar-se dele, e vai notando que ele é muito diferente de qualquer outra pessoa que ela conhece.

A premissa deste filme já é mais do que conhecida, em virtude do tremendo sucesso da série de livros da escritora Stephenie Meyer. Este filme é a adptação para cinema do primeiro livro da referida série. Como tal, não é surpresa para ninguém o facto de eu revelar que este filme tem como pilar central o amor entre uma humana e um vampiro. E, como todos os filmes que fazem do relacionamento entre duas pessoas o evento sobre o qual todo o resto da história assenta, "Twilight" sofre logo à partida do defeito da previsibilidade.

Mas os seus problemas não se ficam por aqui. Efeitos especiais miseráveis, produção quase amadora e um guião que deixa bastante a desejar são os mais gritantes, mas suficientes para arrasar com qualquer filme. Mas surpreendentemente, apesar de todos estes aspectos negativos, "Twilight" consegue ainda assim prender a nossa atenção e tornar-se até interessante a espaços. E a principal razão é a química perfeita entre as duas personagens principais, com potencial para se tornar num dos melhores pares românticos dos últimos tempos.

Mas se o par desempenha muito bem o seu papel, já o resto do elenco fica a alguma distância, não havendo qualquer um que sobressaia pela positiva. Já pela negativa não se passa o mesmo, pois algumas performances deixam algo a desejar, nomeadamente James, o vilão do filme, que encaixa perfeitamente no estereótipo dos vilões deste género de filmes, recheado de clichés e que nunca parece verdadeiramente ameaçador. A população estudantil também é tão original como um esquimó no Pólo Norte, com as atitudes típicas de qualquer filme para adolescentes e performances a condizer.

Os aspectos negativos mais óbvios são os já referidos efeitos especiais, onde quase se conseguem ver os fios pelos quais os actores estão suspensos. Isto, aliado a um fraco trabalho de câmara em algumas cenas (a mais gritante é uma cena de luta perto do final, extremamente mal coreografada) prejudicam claramente o desempenho visual do filme. Eu não li a obra literária original, portanto apenas posso cingir a minha análise à obra visualizada em ecrã, e esta apresenta alguns dos piores diálogos num filme com tanto sucesso junto do público. Estes são tão maus que se tornam cómicos mesmo em cenas mais sérias.

Por último, não posso deixar de expor aqui um dos aspectos que mais me irritou durante o filme, e que foi a constante propaganda implícita ao vegetarianismo. A associação entre os vegetarianos e os "bons" do filme, sendo os "maus", por contraponto, aqueles que não possuem o mesmo estilo de alimentação, quase me deu vontade de interromper a visualização do filme.

Em suma, "Twilight" é um dos piores filmes do ano a nível técnico, mas surpreendentemente e apesar de uma série de outros problemas, consegue ainda assim ser interessante a espaços. Não o consigo recomendar, mas admito que tenho alguma curiosidade para ver o próximo filme da série.

O melhor: Robert Pattinson e Kristen Stewart.
O pior: os efeitos especiais, os diálogos, a edição,... quase tudo.
Alternativas: The Lost Boys (1987), Interview With The Vampire (1994), Romeo+Juliet (1996), Blood and Chocolate (2007)

Classificação IMDB: 6.0/10
Classificação RottenTomatoes: 5.5/10

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Bolt (2008)

Género: Animação/Comédia
Realizadores: Byron Howard e Chris Williams
Com vozes de: John Travolta, Miley Cyrus, Susie Essman e Mark Walton, entre outros.
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Bolt é um cão, um Pastor Branco Suiço que é a estrela de um programa de televisão de grande sucesso. Neste programa, ele é um cão que foi modificado geneticamente, adquirindo assim super-poderes, com o objectivo de proteger Penny, a sua jovem dona. Até aqui tudo normal, não fosse o facto de Bolt ter crescido no estúdio, completamente alheado do mundo exterior e acreditando, por consequência, que este seu ambiente é o mundo real, e que ele tem de facto super-poderes e uma missão para cumprir. Um dia, um acidente faz com que Bolt seja transportado para New York, e confrontado pela primeira vez com o mundo real. Imediatamente Bolt sabe que tem que voltar para casa, iniciando assim uma jornada que o levará ao outro extremo do país. Pelo caminho Bolt encontra Mittens, uma gata vadia, e Rhino, um hamster obeso que vive dentro de uma bola de plástico, que se juntam a ele na sua viagem.

"Bolt" era um filme que me suscitava algumas dúvidas antes da sua visualização, mas que rapidamente se dispersaram após o seu início. Isto por várias razões, em primeiro lugar pela história, que me parecia muito simplista e exagerada, e em segundo por saber que duas das personagens de maior relevo contavam com as vozes de John Travolta, um actor na fase descendente da sua carreira, e Miley Cyrus, uma cantora adolescente que alicerçou o seu sucesso precisamente entre o público infanto-juvenil. Mas felizmente as minhas preocupações revelaram-se infundadas.

John Travolta está impecável, e o seu tom de voz ajusta-se na perfeição à personalidade de Bolt. E Miley Cyrus, surpreendentemente, também não está nada mal, conseguindo dar um toque de realismo à sua personagem, Jenny. Mas apesar de Bolt ser o protagonista, aqueles que realmente captaram a minha atenção foram Mittens e Rhino, especialmente a primeira. Susie Essman não podia ter sido melhor escolhida para emprestar a voz a Mittens, uma gata cheia de personalidade, uma personagem memorável e muito bem construída. Absolutamente perfeita. Rhino, por sua vez, proporciona-nos os momentos mais hilariantes do filme. É impossível não esboçar um sorriso sempre que ele surge no ecrã.

E a animação propriamente dita, os efeitos especiais, são absolutamente geniais. E conseguem este sucesso porque, embora mantendo um estilo cartoonesco, o filme possui um visual extremamente realista.

Quanto ao argumento, nada a apontar também. Aquilo que à partida pode parecer um enredo demasiado simplista esconde uma profundidade suficiente para o tornar numa alternativa real aos filmes da Pixar, que se tem destacado neste aspecto. Parece que a Disney conseguiu voltar aos seus bons tempos, vamos ver se assim continua nos seus projectos futuros.

Em suma, um filme de animação de grande qualidade, para toda a família, com uma história interessante e uma boa dose de acção e comédia. A não perder.

"Kung Fu Panda", apesar da sua inegável qualidade, não é para mim o melhor filme de animação da Disney em 2008, esse lugar pertence a "Bolt".

O melhor: Mittens; qualidade geral do filme.
O pior: o público mais maduro pode achar o filme demasiado infantil.
Alternativas: Toy Story (1995), A Bug's Life (1998), The Truman Show (1998), Madagascar: Escape 2 Africa (2008)

Classificação IMDB: 7.5/10
Classificação RottenTomatoes: 7.2/10