Género: Drama/Thriller
Realizador: Jamie Thraves
Com: Paddy Considine, Julia Stiles, James Gilbert e Caroline Dhavernas, entre outros.
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Robert Forrester atravessa uma fase complicada da sua vida. Um período de depressão dá uma machadada definitiva num casamento que, de facto, nunca o foi. A braços com o processo de divórcio, Robert troca a vida agitada na "Big Apple" pela pacatez de uma pequena cidade mais a norte. Mas Robert não tem um comportamento normal. Todas as noites ele desloca-se até às imediações de uma casa, isolada no meio de um bosque, e da escuridão observa furtiva e atentamente Jenny Thierolf, uma jovem mulher. Uma noite esta apercebe-se que alguém a observa pela janela, mas em vez de chamar a polícia, esta sente uma estranha empatia por Robert e convida-o a entrar.
"The Cry of the Owl" é um ensaio muito interessante sobre as relações pessoais e amorosas entre as suas personagens. Temos personagens como Robert, um homem destroçado emocionalmente, que por vezes parece alheado da realidade à sua volta. Nickie é a sua ex-mulher, uma snob fria e sem escrúpulos, que aproveita a inocência de Robert para o fazer sofrer ainda mais. Temos Jenny, uma bela e expressiva jovem que desenvolve uma paixão obsessiva por Robert, ao ponto de estar disposta a abdicar de tudo o que conquistou ao longo da vida. E por último temos Greg, o ex-namorado de Jenny que, movido pelo ódio, pelo rancor e pelo sentimento de rejeição, promete destruir a vida de Robert.
Do ponto de vista técnico, não há nenhum aspecto de relevo. É um filme que, apesar dos seus cenários escuros e soturnos, consegue ter uma aura de beleza permanente. Pormenores como a fotografia, o trabalho de câmara ou o som apresentam-se de uma forma muito profissional, cumprindo a sua missão na íntegra, mas sem momentos especialmente ousados. A realização poderia ser um pouco melhor, pois há situações que poderiam ter sido melhor exploradas.
Os actores também apresentam performances muito bem conseguidas, mas sem deslumbrar. É o caso de Paddy Considine que, apesar de possuir um estilo que pessoalmente não aprecio, consegue encarnar perfeitamente a pele do perturbado Robert. Pela mesma razão, também nunca consegui ficar suficientemente confortável para avaliar o desempenho de Julia Stiles de uma forma imparcial. Não consigo identificar claramente a razão, mas há qualquer coisa nesta actriz que faz com que eu torça o nariz sempre que a vejo em cena. Bem, mas opiniões pessoais à parte, volto a referir que, no geral, o elenco deste "The Cry of the Owl" é bastante competente e não é por aqui que o filme sai a perder. Ainda como aspecto positivo destaco os vários twists do argumento, muito bem utilizados, e que permitem ao filme ganhar um novo fôlego.
Pela negativa saliento a falta de carisma das personagens, uma vez que estas nunca nos conseguem manter suficientemente interessados naquilo que lhes acontece, perdendo-se assim muita da sua carga dramática. Há também muitas coincidências no enredo de "The Cry of the Owl", e isto prejudica sem dúvida a forma como o encaramos.
"The Cry of the Owl" é um daqueles filmes em que as partes são maiores do que o todo ou, por outras palavras, um filme com mais aspectos positivos do que negativos mas que, no final, se revela apenas um filme razoável. Não o posso recomendar, mas se você aprecia este género de filmes, então talvez lhe possa dar uma oportunidade.
O melhor: o argumento.
O pior: nunca se consegue tornar suficientemente apelativo.
Alternativas: Dance with a Stranger (1985), Love the Hard Way (2001), À La Folie... Pas du Tout (2002)
Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Direct Contact (2009)
Género: Acção
Realizador: Danny Lerner
Com: Dolph Lundgren, Gina May, Michael Paré e Bashar Rahal, entre outros.
Página oficial
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Poster encontrado aqui.
Mike Riggins é um ex-militar das forças especiais dos Estados Unidos da América, que participou em várias missões no Leste Europeu. Após a sua saída do exército, Riggins dedicou-se ao contrabando de armamento na Rússia, mas esta actividade levou-o à detenção num dos piores estabelecimentos deste país. Um ano depois, um agente americano propõe-lhe dinheiro e liberdade se ele cumprir uma última missão: resgatar Ana Gale, uma cidadã americana raptada por Vlado, um senhor da guerra sem escrúpulos.
Vamos começar pelos aspectos positivos. "Direct Contact" é um filme de acção, direccionado exclusivamente para os amantes deste género de filmes. E de facto há bastante acção durante a sua duração: as perseguições ao volante de carros, motos, e camiões, a fugir de Hummers, helicópteros e até tanques, são uma constante; há explosões gigantescas no ecrã e balas a voar frequentemente; há cenas de luta corpo-a-corpo e tudo o mais que possam esperar num deste filmes um-homem-contra-um-exército. Há cenas mais violentas que quase se tornam hilariantes. Há ainda uma história por trás que, apesar de simples e linear, tem alguma validade. E depois temos Dolph Lundgren, num papel que já o vimos encarnar dezenas de vezes, com o desempenho habitual. "Direct Contact" é um filme de acção da velha guarda, não há qualquer dúvida. Mas os aspectos positivos acabam por aqui.
Para a audiência mais exigente, "Direct Contact" é igual a centenas de filmes, com a agravante de ser realizado com um orçamento reduzido, o que tem um impacto significativo no aspecto global do filme. Mike Riggins é o típico ex-militar, numa fase negativa da sua vida, que é abordado por alguém que pretende utilizar as suas capacidades para um determinado objectivo. Não falta a habitual figura feminina, que inicialmente se mostra brava e corajosa, mas que depois acaba sempre por sucumbir aos encantos do nosso herói. Clichés, clichés e clichés. Este filme está cheio deles.
Em suma: algumas boas cenas de acção, mas um argumento genérico, uma realização medíocre, uma produção muito fraca e performances sofríveis por parte dos actores (com a excepção de Dolph Lundgren, que está uns pontos acima do resto do elenco), prejudicam decisivamente o desempenho final deste filme. "Direct Contact" só poderá agradar aos fãs de Dolph Lundgren e aos amantes do género, e mesmo alguns destes últimos poderão ficar decepcionados.
O melhor: algumas cenas conseguem surpreender.
O pior: quase tudo, com especial relevo para a realização.
Alternativas: Mad Max 2 (1981), Die Hard (1988), Lat Sau San Taam (1992)
Classificação IMDB: 4.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Danny Lerner
Com: Dolph Lundgren, Gina May, Michael Paré e Bashar Rahal, entre outros.
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Mike Riggins é um ex-militar das forças especiais dos Estados Unidos da América, que participou em várias missões no Leste Europeu. Após a sua saída do exército, Riggins dedicou-se ao contrabando de armamento na Rússia, mas esta actividade levou-o à detenção num dos piores estabelecimentos deste país. Um ano depois, um agente americano propõe-lhe dinheiro e liberdade se ele cumprir uma última missão: resgatar Ana Gale, uma cidadã americana raptada por Vlado, um senhor da guerra sem escrúpulos.
Vamos começar pelos aspectos positivos. "Direct Contact" é um filme de acção, direccionado exclusivamente para os amantes deste género de filmes. E de facto há bastante acção durante a sua duração: as perseguições ao volante de carros, motos, e camiões, a fugir de Hummers, helicópteros e até tanques, são uma constante; há explosões gigantescas no ecrã e balas a voar frequentemente; há cenas de luta corpo-a-corpo e tudo o mais que possam esperar num deste filmes um-homem-contra-um-exército. Há cenas mais violentas que quase se tornam hilariantes. Há ainda uma história por trás que, apesar de simples e linear, tem alguma validade. E depois temos Dolph Lundgren, num papel que já o vimos encarnar dezenas de vezes, com o desempenho habitual. "Direct Contact" é um filme de acção da velha guarda, não há qualquer dúvida. Mas os aspectos positivos acabam por aqui.
Para a audiência mais exigente, "Direct Contact" é igual a centenas de filmes, com a agravante de ser realizado com um orçamento reduzido, o que tem um impacto significativo no aspecto global do filme. Mike Riggins é o típico ex-militar, numa fase negativa da sua vida, que é abordado por alguém que pretende utilizar as suas capacidades para um determinado objectivo. Não falta a habitual figura feminina, que inicialmente se mostra brava e corajosa, mas que depois acaba sempre por sucumbir aos encantos do nosso herói. Clichés, clichés e clichés. Este filme está cheio deles.
Em suma: algumas boas cenas de acção, mas um argumento genérico, uma realização medíocre, uma produção muito fraca e performances sofríveis por parte dos actores (com a excepção de Dolph Lundgren, que está uns pontos acima do resto do elenco), prejudicam decisivamente o desempenho final deste filme. "Direct Contact" só poderá agradar aos fãs de Dolph Lundgren e aos amantes do género, e mesmo alguns destes últimos poderão ficar decepcionados.
O melhor: algumas cenas conseguem surpreender.
O pior: quase tudo, com especial relevo para a realização.
Alternativas: Mad Max 2 (1981), Die Hard (1988), Lat Sau San Taam (1992)
Classificação IMDB: 4.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
domingo, 15 de novembro de 2009
Gardens of the Night (2008)
Género: Drama
Realizador: Damian Harris
Com: Gillian Jacobs, Evan Ross, Ryan Simpkins e John Malkovich, entre outros.
Página oficial
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Quando tinha apenas oito anos de idade, Leslie é raptada e lentamente convencida de que a sua família já não a quer. Aos poucos, os seus raptores começam a introduzi-la no circuito da pedofilia e da pornografia infantil, naquele que seria o início de um longo período de abusos e horrores. Leslie encontra o seu único apoio em Donnie, um rapaz também raptado em tenra idade. Quando se tornam demasiado velhas para o mercado, as duas crianças são abandonadas pelos seus captores mas, sem ninguém a quem possam recorrer, vêm-se obrigados a viver na rua. Agora, com dezassete anos, os dois jovens continuam a viver como sem-abrigos, recorrendo à prostituição e a pequenos furtos para conseguirem sobreviver.
Damian Harris é simultaneamente o argumentista e o realizador deste "Gardens of the Night". O autor dedicou dois anos da sua vida a pesquisar e a entrevistar crianças, assistentes de segurança social, polícias e proxenetas, para tornar este filme o mais fiel possível à realidade. É uma viagem negra, crua e perturbadora em que a audiência embarca, num momento em que a pedofilia e o rapto de crianças se afiguram como um medo cada vez mais aterrador para todos os pais, devido aos relatos que parecem assolar mais frequentemente a nossa sociedade. "Gardens of the Night" é um filme que, pela sua temática, não deixará ninguém indiferente.
Felizmente o realizador consegue ter o bom gosto e a sensibilidade para evitar cenas potencialmente mais gráficas, que poderiam arrasar o filme se este optasse por este rumo mais cru. Uma nota positiva também para a cinematografia, com uma boa escolha de câmaras e de fotografia, que com o seu ligeiro granulado aproximam ainda mais o filme da audiência, ampliando o sentimento de autenticidade.
Mas este filme tem alguns problemas, a começar pelo argumento. Há muitos aspectos confusos e, algumas situações a carecer de uma maior explicação. A forma como as duas crianças saem das mãos dos seus captores, por exemplo, não é apresentada na película; esta informação é-nos transmitida apenas no texto presente na capa do DVD. Este exemplo não é caso isolado, havendo várias ocasiões que causam estranheza na audiência devido a situações similares.
Os actores apresentam desempenhos bastante bons, com um destaque para os mais jovens, que representam as personagens principais enquanto crianças, e que o fazem com uma qualidade tal que em alguns instantes quase nos questionamos se aquilo que estamos a ver aconteceu mesmo ou se se trata apenas de um filme. Neste departamento destaco como aspecto negativo a escolha de Tom Arnold para o papel do raptor de crianças, não tanto pelo seu desempenho mas pela sensação de estranheza que me causou, uma vez que se trata de um actor que eu associo imediatamente a comédias, género em que se notabilizou.
"Gardens of the Night" é um filme que me surpreendeu. Tem muitos defeitos, e certamente existem melhores alternativas dentro desta temática, mas a atenção ao detalhe e o cuidado revelado na construção das personagens pode, para alguns, compensar os aspectos menos conseguidos. Por tudo isto, e especialmente se ficou curioso, recomendo que pelo menos dê uma oportunidade a este filme.
O melhor: um filme belo e cativante, apesar do tema que aborda.
O pior: alguns buracos no argumento.
Alternativas: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (1981), Mystic River (2003), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 6.8/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
Realizador: Damian Harris
Com: Gillian Jacobs, Evan Ross, Ryan Simpkins e John Malkovich, entre outros.
Página oficial
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Quando tinha apenas oito anos de idade, Leslie é raptada e lentamente convencida de que a sua família já não a quer. Aos poucos, os seus raptores começam a introduzi-la no circuito da pedofilia e da pornografia infantil, naquele que seria o início de um longo período de abusos e horrores. Leslie encontra o seu único apoio em Donnie, um rapaz também raptado em tenra idade. Quando se tornam demasiado velhas para o mercado, as duas crianças são abandonadas pelos seus captores mas, sem ninguém a quem possam recorrer, vêm-se obrigados a viver na rua. Agora, com dezassete anos, os dois jovens continuam a viver como sem-abrigos, recorrendo à prostituição e a pequenos furtos para conseguirem sobreviver.
Damian Harris é simultaneamente o argumentista e o realizador deste "Gardens of the Night". O autor dedicou dois anos da sua vida a pesquisar e a entrevistar crianças, assistentes de segurança social, polícias e proxenetas, para tornar este filme o mais fiel possível à realidade. É uma viagem negra, crua e perturbadora em que a audiência embarca, num momento em que a pedofilia e o rapto de crianças se afiguram como um medo cada vez mais aterrador para todos os pais, devido aos relatos que parecem assolar mais frequentemente a nossa sociedade. "Gardens of the Night" é um filme que, pela sua temática, não deixará ninguém indiferente.
Felizmente o realizador consegue ter o bom gosto e a sensibilidade para evitar cenas potencialmente mais gráficas, que poderiam arrasar o filme se este optasse por este rumo mais cru. Uma nota positiva também para a cinematografia, com uma boa escolha de câmaras e de fotografia, que com o seu ligeiro granulado aproximam ainda mais o filme da audiência, ampliando o sentimento de autenticidade.
Mas este filme tem alguns problemas, a começar pelo argumento. Há muitos aspectos confusos e, algumas situações a carecer de uma maior explicação. A forma como as duas crianças saem das mãos dos seus captores, por exemplo, não é apresentada na película; esta informação é-nos transmitida apenas no texto presente na capa do DVD. Este exemplo não é caso isolado, havendo várias ocasiões que causam estranheza na audiência devido a situações similares.
Os actores apresentam desempenhos bastante bons, com um destaque para os mais jovens, que representam as personagens principais enquanto crianças, e que o fazem com uma qualidade tal que em alguns instantes quase nos questionamos se aquilo que estamos a ver aconteceu mesmo ou se se trata apenas de um filme. Neste departamento destaco como aspecto negativo a escolha de Tom Arnold para o papel do raptor de crianças, não tanto pelo seu desempenho mas pela sensação de estranheza que me causou, uma vez que se trata de um actor que eu associo imediatamente a comédias, género em que se notabilizou.
"Gardens of the Night" é um filme que me surpreendeu. Tem muitos defeitos, e certamente existem melhores alternativas dentro desta temática, mas a atenção ao detalhe e o cuidado revelado na construção das personagens pode, para alguns, compensar os aspectos menos conseguidos. Por tudo isto, e especialmente se ficou curioso, recomendo que pelo menos dê uma oportunidade a este filme.
O melhor: um filme belo e cativante, apesar do tema que aborda.
O pior: alguns buracos no argumento.
Alternativas: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (1981), Mystic River (2003), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 6.8/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Dying Breed (2008)
Género: Horror/Thriller
Realizador: Jody Dwyer
Com: Mirrah Foulkes, Leigh Whannell, Nathan Philips e Melanie Vallejo, entre outros.
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Poster encontrado aqui.
Katie era uma zoologista que investigava a possível existência de Tigres da Tasmânia, uma espécie considerada extinta pela comunidade científica, quando foi encontrada morta nesta ilha a sul da Austrália. Oito anos depois a sua irmã, Nina, também zoologista, está determinada a provar a teoria da irmã e, junto com o seu marido, partem para a ilha da Tasmânia em busca de mais evidências. Quando desembarcam encontram-se com Jack e com Rebecca, que os acompanharão na aventura, e os quatro partem para Sarah, uma pequena aldeia mesmo no centro da reserva natural. Esta aldeia tem uma estranha relação com a lenda de Alexander "The Pieman" Pearce, que em 1824 se tornou no único condenado a alguma vez conseguir fugir daquela que era considerada a pior prisão do Império Britânico, precisamente instalada naquela ilha, e que se tornou conhecido pelo seu canibalismo, tendo inclusivamente sido encontrado com carne humana nos seus bolsos quando mais tarde foi recapturado.
"Dying Breed" é um filme australiano que, como referido, utiliza duas lendas locais como base para o seu argumento: a hipotética existência de Tigres da Tasmânia, e a lenda de Alexander Pearce. É filmado no próprio local, a Ilha da Tasmânia, o que proporciona cenários naturais onde a beleza e a fria austeridade da natureza se apresentam numa simbiose perfeita. No geral, estas localizações contribuíram positivamente para a atmosfera do filme, transmitindo bem o tom negro e perturbador deste.
Mas o argumento não é nada de extraordinário, antes pelo contrário. Trata-se de um tema já revisitado extensivamente por outros filmes, onde os pormenores já referidos acabam por ser a principal diferença deste "Dying Breed" em relação a títulos como "Wrong Turn" ou até "The Texas Chainsaw Massacre", só para citar alguns exemplos. O argumento poderia talvez explorar melhor a sua referência à figura histórica com que se relaciona, pois esta ligação é demasiado ténue para que possa tornar este filme único.
Depois, temos os já habituais clichés destes filmes: dois casais de namorados, um ambiente hostil, um evento inesperado, e uma luta pela sobrevivência, à medida que as personagens vão tombando uma a uma. Não faltam também os sempre presentes momentos que eu gosto de denominar como os momentos "esta-gente-é-mesmo-estúpida", com as já clássicas linhas do tipo "Não saias daqui, eu volto já!" que soltam sempre um sorriso na audiência que se ri destas decisões idiotas. Já quase desisti de considerar isto um defeito deste género de filmes, uma vez que cerca de 90% utilizam esta fórmula. Prefiro destacar aqueles que não optam por esta via mais fácil.
Felizmente nem tudo é mau neste filme. Destaco os desempenhos dos actores, que são competentes o suficiente para transmitir alguma credibilidade à película. "Dying Breed" também explora bastante bem os seus elementos de construção de tensão, conseguindo apanhar a audiência desprevenida e proporcionando alguns bons sustos. por último há uma boa e adequada dose de gore neste filme, que consegue o feito de nunca se tornar demasiado gráfico apesar de, a partir de um determinado momento, o sangue ser um elemento que figura quase permanentemente no ecrã. Apesar de ser um tanto ou quanto previsível, "Dying Breed" traz-nos alguns twists que conseguem surpreender-nos e que nos faz manter a atenção, e isso é sempre positivo.
Gostava ainda de deixar uma última menção em relação a alguns aspectos mais técnicos do filme, nomeadamente a fotografia e a sonoplastia. A música é praticamente inexistente aqui em "Dying Breed", tendo a equipa de produção optado por salientar os restantes efeitos sonoros, num jogo com os momentos de silêncio, tornando o filme mais "cru" e que contribuindo assim para intensificar a tensão que lhe é inerente. O trabalho de câmara não despertará certamente sentimentos unânimes na audiência, pois as rápidas transições entre cenas, bem como a conjugação de grandes planos com movimentos constantes da câmara nas cenas mais gráficas, poderão causar algum desconforto e até uma ligeira sensação de claustrofobia.
Em suma, "Dying Breed" é um filme em que os aspectos negativos e os positivos praticamente se anulam, o que resulta num mau filme com alguns bons elementos, ou num bom filme com alguns maus elementos, dependendo do ponto de vista. Não me sentindo totalmente satisfeito ao ponto de o poder recomendar sem ficar com um peso na consciência, tenho que dizer no entanto que poderá ser um filme interessante para os amantes do género.
O melhor: bons momentos de tensão.
O pior: o fio condutor do argumento já está gasto de tanto ser usado...
Alternativas: Cannibal Holocaust (1980), Ravenous (1999), Wolf Creek (2005), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 5.5/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
Realizador: Jody Dwyer
Com: Mirrah Foulkes, Leigh Whannell, Nathan Philips e Melanie Vallejo, entre outros.
Página oficial
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Katie era uma zoologista que investigava a possível existência de Tigres da Tasmânia, uma espécie considerada extinta pela comunidade científica, quando foi encontrada morta nesta ilha a sul da Austrália. Oito anos depois a sua irmã, Nina, também zoologista, está determinada a provar a teoria da irmã e, junto com o seu marido, partem para a ilha da Tasmânia em busca de mais evidências. Quando desembarcam encontram-se com Jack e com Rebecca, que os acompanharão na aventura, e os quatro partem para Sarah, uma pequena aldeia mesmo no centro da reserva natural. Esta aldeia tem uma estranha relação com a lenda de Alexander "The Pieman" Pearce, que em 1824 se tornou no único condenado a alguma vez conseguir fugir daquela que era considerada a pior prisão do Império Britânico, precisamente instalada naquela ilha, e que se tornou conhecido pelo seu canibalismo, tendo inclusivamente sido encontrado com carne humana nos seus bolsos quando mais tarde foi recapturado.
"Dying Breed" é um filme australiano que, como referido, utiliza duas lendas locais como base para o seu argumento: a hipotética existência de Tigres da Tasmânia, e a lenda de Alexander Pearce. É filmado no próprio local, a Ilha da Tasmânia, o que proporciona cenários naturais onde a beleza e a fria austeridade da natureza se apresentam numa simbiose perfeita. No geral, estas localizações contribuíram positivamente para a atmosfera do filme, transmitindo bem o tom negro e perturbador deste.
Mas o argumento não é nada de extraordinário, antes pelo contrário. Trata-se de um tema já revisitado extensivamente por outros filmes, onde os pormenores já referidos acabam por ser a principal diferença deste "Dying Breed" em relação a títulos como "Wrong Turn" ou até "The Texas Chainsaw Massacre", só para citar alguns exemplos. O argumento poderia talvez explorar melhor a sua referência à figura histórica com que se relaciona, pois esta ligação é demasiado ténue para que possa tornar este filme único.
Depois, temos os já habituais clichés destes filmes: dois casais de namorados, um ambiente hostil, um evento inesperado, e uma luta pela sobrevivência, à medida que as personagens vão tombando uma a uma. Não faltam também os sempre presentes momentos que eu gosto de denominar como os momentos "esta-gente-é-mesmo-estúpida", com as já clássicas linhas do tipo "Não saias daqui, eu volto já!" que soltam sempre um sorriso na audiência que se ri destas decisões idiotas. Já quase desisti de considerar isto um defeito deste género de filmes, uma vez que cerca de 90% utilizam esta fórmula. Prefiro destacar aqueles que não optam por esta via mais fácil.
Felizmente nem tudo é mau neste filme. Destaco os desempenhos dos actores, que são competentes o suficiente para transmitir alguma credibilidade à película. "Dying Breed" também explora bastante bem os seus elementos de construção de tensão, conseguindo apanhar a audiência desprevenida e proporcionando alguns bons sustos. por último há uma boa e adequada dose de gore neste filme, que consegue o feito de nunca se tornar demasiado gráfico apesar de, a partir de um determinado momento, o sangue ser um elemento que figura quase permanentemente no ecrã. Apesar de ser um tanto ou quanto previsível, "Dying Breed" traz-nos alguns twists que conseguem surpreender-nos e que nos faz manter a atenção, e isso é sempre positivo.
Gostava ainda de deixar uma última menção em relação a alguns aspectos mais técnicos do filme, nomeadamente a fotografia e a sonoplastia. A música é praticamente inexistente aqui em "Dying Breed", tendo a equipa de produção optado por salientar os restantes efeitos sonoros, num jogo com os momentos de silêncio, tornando o filme mais "cru" e que contribuindo assim para intensificar a tensão que lhe é inerente. O trabalho de câmara não despertará certamente sentimentos unânimes na audiência, pois as rápidas transições entre cenas, bem como a conjugação de grandes planos com movimentos constantes da câmara nas cenas mais gráficas, poderão causar algum desconforto e até uma ligeira sensação de claustrofobia.
Em suma, "Dying Breed" é um filme em que os aspectos negativos e os positivos praticamente se anulam, o que resulta num mau filme com alguns bons elementos, ou num bom filme com alguns maus elementos, dependendo do ponto de vista. Não me sentindo totalmente satisfeito ao ponto de o poder recomendar sem ficar com um peso na consciência, tenho que dizer no entanto que poderá ser um filme interessante para os amantes do género.
O melhor: bons momentos de tensão.
O pior: o fio condutor do argumento já está gasto de tanto ser usado...
Alternativas: Cannibal Holocaust (1980), Ravenous (1999), Wolf Creek (2005), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 5.5/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Autopsy (2008)
Género: Horror
Realizador: Adam Gierasch
Com: Jessica Lowndes, Robert Patrick, Jenette Goldstein e Robert LaSardo, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Um grupo de jovens, após uma noite de diversão, viaja de carro em direcção a casa. Mas na viagem o carro descontrola-se e acaba por embater contra uma árvore. Nenhum dos jovens sofreu qualquer dano grave, apenas alguns arranhões e hematomas, mas pouco tempo depois uma ambulância chega ao local do acidente e transporta-os até ao Mercy Hospital, o hospital local, para realizarem uma série de exames por precaução. E aqui é que as coisas se começam a complicar, pois este é na realidade um hospital abandonado, dirigido pelo Dr. Benway, um psicopata que com a ajuda de um staff mínimo conduz uma série de experiências inumanas sobre os seus pacientes.
"Autopsy" é um filme estranho. Mesmo muito estranho. E é estranho porque se trata de um típico filme B, realizado em 2008, que conta com algumas caras conhecidas (Robert Patrick - "Terminator 2: Judgement Day", "The X-Files", "The Fix"; Robert LaSardo - "Death Race", e inúmeras séries televisivas; Jenette Goldstein - "Aliens") mas que nunca se parece levar a sério, ao misturar comédia com horror, com o seu expoente em cenas de humor negro extremo ou em cenas mais gráficas mas com efeitos especiais sofríveis. De facto este último aspecto é particularmente relevante, pois apesar de algumas cenas contarem com uma violência gráfica excessiva mas até certo ponto credível, outras perdem todo o seu impacto devido a um péssimo trabalho de caracterização e de efeitos especiais.
Quanto ao argumento, esperem encontrar aqui todos os clichés habituais deste género de filmes: um médico que gosta de fazer experiências, um enorme edifício abandonado no meio do nada, "fantasmas" que vagueiam pelos corredores e que deixam avisos de uma forma críptica, um grupo de jovens tão estúpidos que nem nos importamos quando o Dr. Maluco os começa a cortar às postas... Apesar de tudo isto o filme consegue ainda assim criar uma identidade muito própria, recorrendo à já referida dualidade horror/comédia. Mas não tenham qualquer dúvida: apesar dos elementos de comédia, "Autopsy" é um filme de horror com muito gore.
O argumento deste filme tem vários erros, que vão desde os relacionados com a história em si (algumas decisões vão completamente contra o que o senso comum ditaria), até outros mais particulares (em algumas cenas os actores sussurram quando estão escondidos, mas depois desatam aos berros um com o outro mal um dos perseguidores sai da sala onde eles se encontram, sem que este os oiça!). O enredo é bastante linear, apesar de a partir de uma determinada altura os protagonistas se encontrarem separados, em situações diversas.
Quanto às performances dos actores... nem sei por onde começar. Tenho a certeza que muitos filmes amadores contam com melhores interpretações do que este "Autopsy". Com a excepção de Robert Patrick, que apresenta um desempenho aceitável, todos os outros actores se aparentam mais com uma série de marionetas do que com pessoas reais. Demasiado maus. Mas a posteriori desconfio que este aspecto foi mais uma opção do realizador, atendendo ao ambiente global do filme.
Nada mais a dizer. Um filme a evitar, um dos piores que vi nos últimos tempos. Só os amantes do género "tão mau que é quase bom" poderão ponderar em dar uma oportunidade a filme. A autópsia é clara, este filme devia estar morto e enterrado.
O melhor: alguns momentos conseguem de facto ser cómicos ou perturbadores.
O pior: praticamente tudo o que está entre a sequência de introdução do filme e os créditos.
Alternativas: Friday the 13th (1980), House on Haunted Hill (1999), Saigo No Bansan (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Adam Gierasch
Com: Jessica Lowndes, Robert Patrick, Jenette Goldstein e Robert LaSardo, entre outros.
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Um grupo de jovens, após uma noite de diversão, viaja de carro em direcção a casa. Mas na viagem o carro descontrola-se e acaba por embater contra uma árvore. Nenhum dos jovens sofreu qualquer dano grave, apenas alguns arranhões e hematomas, mas pouco tempo depois uma ambulância chega ao local do acidente e transporta-os até ao Mercy Hospital, o hospital local, para realizarem uma série de exames por precaução. E aqui é que as coisas se começam a complicar, pois este é na realidade um hospital abandonado, dirigido pelo Dr. Benway, um psicopata que com a ajuda de um staff mínimo conduz uma série de experiências inumanas sobre os seus pacientes.
"Autopsy" é um filme estranho. Mesmo muito estranho. E é estranho porque se trata de um típico filme B, realizado em 2008, que conta com algumas caras conhecidas (Robert Patrick - "Terminator 2: Judgement Day", "The X-Files", "The Fix"; Robert LaSardo - "Death Race", e inúmeras séries televisivas; Jenette Goldstein - "Aliens") mas que nunca se parece levar a sério, ao misturar comédia com horror, com o seu expoente em cenas de humor negro extremo ou em cenas mais gráficas mas com efeitos especiais sofríveis. De facto este último aspecto é particularmente relevante, pois apesar de algumas cenas contarem com uma violência gráfica excessiva mas até certo ponto credível, outras perdem todo o seu impacto devido a um péssimo trabalho de caracterização e de efeitos especiais.
Quanto ao argumento, esperem encontrar aqui todos os clichés habituais deste género de filmes: um médico que gosta de fazer experiências, um enorme edifício abandonado no meio do nada, "fantasmas" que vagueiam pelos corredores e que deixam avisos de uma forma críptica, um grupo de jovens tão estúpidos que nem nos importamos quando o Dr. Maluco os começa a cortar às postas... Apesar de tudo isto o filme consegue ainda assim criar uma identidade muito própria, recorrendo à já referida dualidade horror/comédia. Mas não tenham qualquer dúvida: apesar dos elementos de comédia, "Autopsy" é um filme de horror com muito gore.
O argumento deste filme tem vários erros, que vão desde os relacionados com a história em si (algumas decisões vão completamente contra o que o senso comum ditaria), até outros mais particulares (em algumas cenas os actores sussurram quando estão escondidos, mas depois desatam aos berros um com o outro mal um dos perseguidores sai da sala onde eles se encontram, sem que este os oiça!). O enredo é bastante linear, apesar de a partir de uma determinada altura os protagonistas se encontrarem separados, em situações diversas.
Quanto às performances dos actores... nem sei por onde começar. Tenho a certeza que muitos filmes amadores contam com melhores interpretações do que este "Autopsy". Com a excepção de Robert Patrick, que apresenta um desempenho aceitável, todos os outros actores se aparentam mais com uma série de marionetas do que com pessoas reais. Demasiado maus. Mas a posteriori desconfio que este aspecto foi mais uma opção do realizador, atendendo ao ambiente global do filme.
Nada mais a dizer. Um filme a evitar, um dos piores que vi nos últimos tempos. Só os amantes do género "tão mau que é quase bom" poderão ponderar em dar uma oportunidade a filme. A autópsia é clara, este filme devia estar morto e enterrado.
O melhor: alguns momentos conseguem de facto ser cómicos ou perturbadores.
O pior: praticamente tudo o que está entre a sequência de introdução do filme e os créditos.
Alternativas: Friday the 13th (1980), House on Haunted Hill (1999), Saigo No Bansan (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
The Broken (2008)
Género: Horror/Suspense/Thriller
Realizador: Sean Ellis
Com: Lena Headey, Melvil Poupaud, Richard Jenkins e Asier Newman, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Gina McVey é uma radiologista londrina bem sucedida, com uma vida perfeitamente normal. Um dia, Gina vê a passar na rua um carro exactamente igual ao seu, conduzido por uma mulher misteriosamente parecida consigo. Instigada pela curiosidade, ela segue a misteriosa mulher até ao seu apartamento, onde encontra uma foto de si própria com o seu pai. A partir deste momento, nada mais voltaria a ser o mesmo. Perturbadíssima, Gina volta para o seu carro e, durante a viagem de regresso, sofre um violento acidente que a faz perder parcialmente a memória. Enquanto tenta decifrar os fragmentos das suas recordações, Gina começa a questionar tudo o que a rodeia, inclusive a identidade do seu marido. E a única pista que ela tem para decifrar esta escura realidade é um simples espelho partido.
"The Broken" é uma produção anglo-francesa, um filme catalogado como um filme de horror, mas mais maduro, fruto da influência do cinema europeu. Não esperem por isso ver litradas de sangue a jorrar para satisfazer a audiência. "The Broken" está, ao invés disso, mais próximo do género de suspense, mas não é por isso que é menos perturbador.
Este filme junta um elenco muito competente, composto por algumas caras mais ou menos conhecidas do grande público. Lena Headey (a Sarah Connor de "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") é a protagonista, bem ladeada por Melvil Poupaud ("Le Temps Qui Reste") e Richard Jenkins ("Six Feet Under", "The Visitor"). As grandes qualidades deste elenco são, acima de tudo, a sua solidez e a forma discreta como cumprem os seus objectivos. Não esperem performances de encher o olho, no entanto tenho que destacar o enorme realismo que todas as personagens transparecem, e isso é um feito assinalável.
Muito deste filme é-nos transmitido de uma forma implícita, não directa, durante o decorrer da sua duração. Vamos conhecendo as personagens e os seus relacionamentos com o avançar do filme, numa tentativa de prender a audiência e forçá-la a manter a atenção para não perder qualquer pormenor da história. Os diálogos não são uma constante neste "The Broken" e também não contribuem decisivamente para o deslindar da história, e por isso podem contar com várias sequências de largos minutos sem qualquer diálogo. O próprio final não esclarece totalmente todas as questões, principalmente as mais pertinentes, preferindo deixar isso para a imaginação do espectador. O trabalho de câmara está absolutamente fantástico, dotando este filme do charme típico do cinema europeu, com várias cenas de uma beleza rara, apesar da temática depressiva do filme. Algumas pessoas adorarão todos estes aspectos, mas os mais impacientes poderão ficar rapidamente aborrecidos.
"The Broken" está longe de ser um grande filme, e portanto tem os seus inevitáveis problemas. A começar pela sua premissa, frequentemente visitada nos filmes deste género e que limita desde logo o interesse da plateia. Valha-lhe o facto de vir de uma escola de cinema mais afastada do público mais mainstream, o que lhe consegue conferir pelo menos a atenção dos amantes deste cinema mais alternativo. Outro problema reside na fraca exploração das personagens secundárias para o adensar do argumento. De facto fica a sensação que algumas cenas poderiam ter um impacto emocional superior se o realizador nos tivesse envolvido mais com algumas destas personagens. Pessoalmente, não gostei do trabalho de edição que foi realizado, principalmente ao nível das transições entre cenas, com cortes muito bruscos e um pouco fora de tempo, causando algum desconforto. Por último, algumas cenas poderiam ser retiradas pois, para além de serem estranhas e mal realizadas, não trazem nada de novo para a história.
Se este género lhe agradar, e se você for uma daquelas pessoas que se sente orgulhosa por ver bons filmes que muita gente desconhece, há uma forte probabilidade de este ser um filme à sua medida. Se, pelo contrário, prefere os filmes de horror e suspense à la Hollywood, então não há motivos suficientes para o convencer a dar uma oportunidade a este "The Broken".
O melhor: o cuidado estético.
O pior: por ser pouco elucidativo, o seu argumento pode confundir e aborrecer uma grande fatia da audiência.
Alternativas: Candyman (1992), Gin Gwai (2002), Mirrors (2008)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.2/10
Realizador: Sean Ellis
Com: Lena Headey, Melvil Poupaud, Richard Jenkins e Asier Newman, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Gina McVey é uma radiologista londrina bem sucedida, com uma vida perfeitamente normal. Um dia, Gina vê a passar na rua um carro exactamente igual ao seu, conduzido por uma mulher misteriosamente parecida consigo. Instigada pela curiosidade, ela segue a misteriosa mulher até ao seu apartamento, onde encontra uma foto de si própria com o seu pai. A partir deste momento, nada mais voltaria a ser o mesmo. Perturbadíssima, Gina volta para o seu carro e, durante a viagem de regresso, sofre um violento acidente que a faz perder parcialmente a memória. Enquanto tenta decifrar os fragmentos das suas recordações, Gina começa a questionar tudo o que a rodeia, inclusive a identidade do seu marido. E a única pista que ela tem para decifrar esta escura realidade é um simples espelho partido.
"The Broken" é uma produção anglo-francesa, um filme catalogado como um filme de horror, mas mais maduro, fruto da influência do cinema europeu. Não esperem por isso ver litradas de sangue a jorrar para satisfazer a audiência. "The Broken" está, ao invés disso, mais próximo do género de suspense, mas não é por isso que é menos perturbador.
Este filme junta um elenco muito competente, composto por algumas caras mais ou menos conhecidas do grande público. Lena Headey (a Sarah Connor de "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") é a protagonista, bem ladeada por Melvil Poupaud ("Le Temps Qui Reste") e Richard Jenkins ("Six Feet Under", "The Visitor"). As grandes qualidades deste elenco são, acima de tudo, a sua solidez e a forma discreta como cumprem os seus objectivos. Não esperem performances de encher o olho, no entanto tenho que destacar o enorme realismo que todas as personagens transparecem, e isso é um feito assinalável.
Muito deste filme é-nos transmitido de uma forma implícita, não directa, durante o decorrer da sua duração. Vamos conhecendo as personagens e os seus relacionamentos com o avançar do filme, numa tentativa de prender a audiência e forçá-la a manter a atenção para não perder qualquer pormenor da história. Os diálogos não são uma constante neste "The Broken" e também não contribuem decisivamente para o deslindar da história, e por isso podem contar com várias sequências de largos minutos sem qualquer diálogo. O próprio final não esclarece totalmente todas as questões, principalmente as mais pertinentes, preferindo deixar isso para a imaginação do espectador. O trabalho de câmara está absolutamente fantástico, dotando este filme do charme típico do cinema europeu, com várias cenas de uma beleza rara, apesar da temática depressiva do filme. Algumas pessoas adorarão todos estes aspectos, mas os mais impacientes poderão ficar rapidamente aborrecidos.
"The Broken" está longe de ser um grande filme, e portanto tem os seus inevitáveis problemas. A começar pela sua premissa, frequentemente visitada nos filmes deste género e que limita desde logo o interesse da plateia. Valha-lhe o facto de vir de uma escola de cinema mais afastada do público mais mainstream, o que lhe consegue conferir pelo menos a atenção dos amantes deste cinema mais alternativo. Outro problema reside na fraca exploração das personagens secundárias para o adensar do argumento. De facto fica a sensação que algumas cenas poderiam ter um impacto emocional superior se o realizador nos tivesse envolvido mais com algumas destas personagens. Pessoalmente, não gostei do trabalho de edição que foi realizado, principalmente ao nível das transições entre cenas, com cortes muito bruscos e um pouco fora de tempo, causando algum desconforto. Por último, algumas cenas poderiam ser retiradas pois, para além de serem estranhas e mal realizadas, não trazem nada de novo para a história.
Se este género lhe agradar, e se você for uma daquelas pessoas que se sente orgulhosa por ver bons filmes que muita gente desconhece, há uma forte probabilidade de este ser um filme à sua medida. Se, pelo contrário, prefere os filmes de horror e suspense à la Hollywood, então não há motivos suficientes para o convencer a dar uma oportunidade a este "The Broken".
O melhor: o cuidado estético.
O pior: por ser pouco elucidativo, o seu argumento pode confundir e aborrecer uma grande fatia da audiência.
Alternativas: Candyman (1992), Gin Gwai (2002), Mirrors (2008)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.2/10
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