sábado, 29 de agosto de 2009

Martyrs (2008)

Género: Drama/Horror
Realizador: Pascal Laugier
Com: Morjana Alaoui, Mylène Jampanoï, Catherine Bégin e Emilie Miskdjian, entre outros.
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Lucie era ainda criança quando foi raptada e torturada. Conseguiu escapar e foi internada numa clínica psiquiátrica para crianças com traumas. Quinze anos depois, Lucie continua a tentar descobrir quem a submeteu ao terrível acontecimento. Anna, a única amiga que conseguiu fazer na clínica, embarca com ela nesta jornada de vingança, e juntas enfrentam os seus fantasmas.

"Martyrs" é um filme de horror de origem francesa. Este país tem-nos oferecido alguns filmes deste género muito interessantes nos últimos anos, tais como "Haute Tension" ou "A L'Interieur". Mas este "Martyrs" é um pouco diferente dos seus congéneres, sendo mais imersivo e intelectual, e principalmente pelo seu argumento, que quase o puxa mais para o drama do que para o horror.

Este não é um filme fácil de comentar sem revelar alguns pontos do filme, uma vez que estes são fundamentais para uma análise cuidada. Assim sendo, se estiver a pensar ver este filme e não quiser estragar a sua experiência, por favor salte o próximo parágrafo deste texto.

"Martyrs" possui dois momentos distintos no seu argumento. O primeiro assemelha-se bastante àquilo que podemos encontrar na vasta maioria dos filmes do género, com muito sangue a jorrar pelo ecrã. Contem ainda com uma criatura a fazer lembrar a presente no clássico japonês "Ju-on" ("The Grudge"). Nesta parte o ritmo do filme é bastante elevado, e o realizador não é parco a oferecer-nos várias cenas que irão chocar os mais impressionáveis.
Se esta primeira parte não é propriamente inovadora, já o mesmo não se pode dizer do restante do filme. Esta parte é bem mais perturbadora e desconfortável de assistir, com várias cenas de tortura que quase parecem retiradas de um filme snuff.

As duas personagens principais, Anna e Julie, são interpretadas com um nível de qualidade muito elevado. Como é óbvio, neste género de filmes os diálogos são frequentemente relegados para segundo plano, e portanto as actrizes não necessitaram de se esforçar muito neste aspecto. No entanto, no capítulo dramático estas estão absolutamente brilhantes, transmitindo na perfeição as emoções que vivenciam, e captando a nossa atenção ao ponto de nos sentirmos preocupados com aquilo que lhes acontece no ecrã.

O filme impressiona também pela qualidade da caracterização, muito bem executada, salvo algumas cenas em que esta parece bem menos convincente.

"Martyrs" é sem dúvida um dos filmes mais perturbadores que vi nos últimos anos. É um filme que quase parece cru, e que não tem problemas em puxar os limites do género. É impossível vê-lo sem que as suas cenas permaneçam na nossa memória durante algum tempo. Não é um filme de horror convencional, sendo bem mais depressivo e sombrio que a maioria. Se é uma pessoa que não se impressiona facilmente ou quer de facto sentir uma experiência diferente num filme deste género, então "Martyrs" merece sem dúvida a sua atenção. Para os restantes, provavelmente é melhor evitar a sua visualização.

O melhor: apesar do tema sensível, nunca cai na vulgaridade.
O pior: tendo em conta o género, e aparte o facto de não poder ser apreciado pelas pessoas mais sensíveis, nada a assinalar.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), Salò o Le 120 Giornate Di Sodoma (1975), Wolf Creek (2005), Hostel (2005)

Classificação IMDB: 7.0/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Le Silence de Lorna (Lorna's Silence) (2008)

Género: Drama
Realizadores: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Com: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione e Alban Ukaj, entre outros.
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Lorna e Sokol são dois jovens namorados, emigrantes albaneses que vivem na Bélgica. Os dois sonham com o dia em que deixarão os seus difíceis trabalhos e montarão um pequeno bar. Mas isso não é fácil, pois precisam de dinheiro e de um bilhete de identidade belga. Fabio, um taxista italiano com ambição em tornar-se um influente mafioso local, tem um esquema que os poderá ajudar: Lorna deverá casar-se com Claudy Moreau, um drogado sem futuro, para adquirir a cidadania belga; depois disto deverá casar-se com Andrei, um traficante de tabaco russo, disposto a pagar uma avultada quantia para obter um passaporte europeu a fim de se poder deslocar sem problemas com as autoridades.

"Le Silence de Lorna" é um filme marcadamente europeu, com uma forte influência da escola francesa. Como tal esperem um filme com um ritmo lento, com longos planos e com uma forte componente dramática.

E de facto este dramatismo encontra a sua expressão máxima nas personagens de Arta Dobroshi e Jérémie Renier, respectivamente Lorna e Claudy. Dobroshi está absolutamente fantástica no centro do enredo, sentindo-se a angústia na sua expressão durante toda a duração do filme. Renier, por seu lado, encarna na perfeição um drogado imaturo, com uma personalidade fraca e por vezes quase infantil. Uma outra figura central na história é Fabio, uma personagem sombria e sem escrúpulos, em quem é difícil descortinar o que vai na sua mente. Na minha opinião, Sokol é um dos personagens que deveriam ser melhor explorados, por apresenta-se como uma personagem muito interessante mas que não tem muito tempo de ecrã.

Ao nível da fotografia não há nada a assinalar. O cinema europeu já deu provas que é mestre na manipulação da câmara e da iluminação para obter os seus objectivos, e este filme não é excepção. Este aspecto enquadra-se perfeitamente com o ritmo do filme. No entanto "Le Silence de Lorna" não se encontra isento de problemas relacionados com o referido ritmo. Se em grande parte do filme este se afigura adequado, com um passo lento, já no último terço deste as opções são discutíveis, com cenas mais rápidas e transições mais abruptas, bem como com uma série de twists que destoam do panorama geral da fita.

"Le Silence de Lorna" não despertará opiniões consensuais. Apesar de bastante aclamado pela crítica, nota-se claramente que não é um filme para todas as audiências. Tecnicamente quase perfeito, e com prestações de elevado nível por parte dos seus actores, é um filme que não consegue captar a simpatia da audiência devido à temática que aborda mas principalmente devido à falta de carisma das suas personagens. É um filme difícil de digerir, com demasiadas pontas soltas e com um final que deixa a desejar. Mais uma vez ressalvo que os textos aqui escritos reflectem apenas e só a minha opinião, não sou nenhum profissional nem perito nesta área, por isso se visualizarem este filme e o adorarem é perfeitamente normal. Eu não o recomendo, no entanto.

O melhor: Arta Dobroshi.
O pior: algo confuso; não conquista completamente o interesse da audiência.
Alternativas: In America (2002), Candy (2006), Revanche (2008)

Classificação IMDB: 7.3/10
Classificação RottenTomatoes: 7.2/10

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Marley & Me (2008)

Género: Drama/Comédia
Realizador: David Frankel
Com: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane e Alan Arkin, entre outros.
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John e Jennifer Grogan, ambos escritores de jornal, mudam-se para a Florida após o seu casamento. Quando John se apercebe que o instinto maternal de Jennifer se começa a manifestar, este decide comprar-lhe um cão para pausar o seu relógio biológico. O escolhido foi Marley, um pequeno e adorável labrador. Enquanto a família vai crescendo em número, o indisciplinado Marley vai crescendo em tamanho e destruíndo tudo por onde passa. Apesar de todo a carinho que sente pelo animal, John tem a certeza que tem nas suas mãos o pior cão do mundo...

Antes de assistir a "Marley & Me", estava convencido que este seria mais um daqueles filmes genéricos sobre a história de um homem e o seu cão. Felizmente, este filme revelou-se bastante mais que isso. "Marley & Me" é um retrato bastante realista da criação de uma família, com um animal de estimação que os acompanha desde o primeiro instante e que está com eles nos momentos que mais os marcaram. O filme é a adaptação da autobiografia do escritor John Grogan, o que faz com que a história nos soe incrivelmente familiar e autêntica.

Para adicionar realismo e para simular o passar dos anos, foram utilizados mais de vinte cães diferentes para desempenhar o papel de Marley, um aspecto a assinalar e com um resultado final muito bom.

"Marley & Me" traz-nos um Owen Wilson de volta a um papel mais maduro, mas onde a comédia subtil está permanentemente presente. Apesar da sua personagem estar já bastante autêntica, esta poderia ser ainda mais dramática (umas lágrimas soltadas aqui ou ali só intensificariam a carga emocional), facto que só beneficiaria a qualidade da película. No papel da sua esposa temos Jennifer Aniston, uma das actrizes mais sobrevalorizadas de Hollywood (na minha opinião), que surpreendentemente nos oferece uma performance bastante consistente e acaba por ser uma peça chave no desempenho do filme.

Uma última menção para a banda sonora, que se mostra bastante agradável, com um série de faixas conhecidas pela audiência, sem nunca se tornar intrusiva ou distractiva.

"Marley & Me" representou para mim uma agradável surpresa. Um filme fácil de assistir, sobre os altos e baixos de um casamento e a relação de uma família com o seu animal de estimação. Um filme que não deixa ninguém indiferente após a sua visualização. Um dos melhores filmes do género, e só por isso altamente recomendado.

O melhor: o sentimento de familiaridade que desperta.
O pior: alguns problemas de câmara e de produção.
Alternativas: Lassie Come Home (1943), Old Yeller (1957), Beethoven (1992), My Dog Skip (2000)

Classificação IMDB: 7.1/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Inkheart (2008)

Género: Aventura/Fantasia
Realizador: Iain Softley
Com: Brendan Fraser, Eliza Bennett, Paul Bettany e Helen Mirren, entre outros.
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Mortimer "Mo" Folchart é um restaurador de livros, que viaja frequentemente de terra em terra com a sua filha Meggie, de 13 anos. Os dois vivem sozinhos depois de Resa, esposa e mãe, ter desaparecido misteriosamente. Mas Mo esconde aquilo que é simultaneamente um dom e um terrível poder: ele tem o poder de trazer para a realidade as personagens dos livros, bastando-lhe que os leia em voz alta.

Este filme é a adaptação para o cinema do livro homónimo de Cornelia Funke. É uma história onde a linha que separa a fantasia da realidade é muito ténue, onde estes universos distintos se confundem frequentemente, e com elementos capazes de agradar a diversas audiências.

Temos personagens para todos os gostos. Brendan Fraser é o típico herói destas histórias de aventura, de quem se espera que saiba sempre o que fazer em seguida. Eliza Bennett, no papel da sua filha, imbui o filme numa aura de inocência sempre que surge no ecrã, captando a atenção do público graças à naturalidade com que desempenha o seu papel. Helen Mirren é uma tia-avó com um feitio complicado, mas que debaixo da aparência dura esconde um enorme coração. Temos ainda Andy Serkis na pele de Capricorn, um criminoso lunático e sem escrúpulos trazido da época medieval graças a um livro, no papel do principal vilão do filme, e Rafi Gavron, como o Farid de "Ali Baba e os 40 Ladrões".

Mas na minha opinião é Paul Bettany quem nos oferece a melhor performance. Na pele de Dustfinger, um saltimbanco que animava as ruas da Idade Média cuspindo fogo, fazendo malabarismos e realizando truques de magia sempre ladeado pela sua doninha Gwin, Bettany consegue emanar mais carisma do que a personagem de Brendan Fraser, tornando-se assim numa das principais atracções do filme.

Um dos trunfos de "Inkheart" são as referências a várias histórias da literatura ou da cultura popular, e foi muito agradável ver animais fantásticos como unicórnios ou macacos voadores, ou elementos de "O Capuchinho Vermelho" ou "O Feiticeiro de Oz", entre outros. Esta premissa permite-lhe entrar em devaneios criativos, e isso dá oportunidades ao departamento de efeitos visuais para mostrar as suas capacidades. E neste aspecto o filme cumpre perfeitamente os seus objectivos, com especial relevo para as sequências em que a "Sombra" surge em cena.

No entanto, "Inkheart" comete alguns pecados que prejudicam a sua classificação final. Primeiro porque se apresenta demasiado confuso no início, deixando demasiadas questões no ar que nunca serão respondidas, e depois no seu clímax, com um desfecho forçado e apressado que não convence. Também se torna algo repetitivo em determinadas partes e abusa um pouco dos clichés habituais deste género de filmes.

"Inkheart", em suma, é um bom filme para ver com toda a família, e um bom filme dentro do género em que se insere. Poderia aspirar a vôos mais elevadas se houvesse a ousadia de explorar melhor alguns aspectos da história e se a sua carga emocional fosse mais forte. Vale pela originalidade do seu argumento.

O melhor: Dustfinger (Paul Bettany).
O pior: confuso e com pouca intensidade dramática.
Alternativas: Die Unendliche Gestchichte (The Neverending Story) (1984), The Butterfly Effect (2004), The Spiderwick Chronicles (2008)

Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: 5.1/10

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

The Tale Of Despereaux (2008)

Género: Animação/Aventura/Fantasia
Realizadores: Sam Fell e Robert Stevenhagen
Com vozes de: Matthew Broderick, Dustin Hoffman, Emma Watson e Tracey Ullman, entre outros.
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Era uma vez um reino onde a felicidade imperava. Dor era o nome deste reino, no qual era todos os anos celebrado o Dia da Sopa, um motivo de orgulho para todos os seus habitantes, e um momento pelo qual todos esperavam. Nesse mesmo dia, um navio aportou na cidade e a sua tripulação aproveitou para participar nas festividades. Um dos marinheiros possuia uma ratazana de estimação, chamada Roscuro, que o acompanhava para todo o lado. Roscuro, tomado pela curiosidade, decide dar uma espreitadela na cozinha do castelo, onde o cozinheiro real preparava a sopa que seria a iguaria desse ano, mas acaba por provocar um incidente que mergulhará o reino numa aura de tristeza. Paralelamente, numa arrecadação esquecida do palácio, floresce uma pequena cidade de ratos. Nesta cidade os ratos são educados para se assustarem e terem medo de qualquer coisa, como forma de protecção do mundo exterior. É aqui que nasce Despereaux Tilling, um rato invulgarmente pequeno mas com grandes orelhas, com uma curiosidade insaciável e que não se assusta com nada.

"The Tale Of Despereaux" segue o esquema típico dos clássicos contos para crianças. Desenrola-se num ambiente de fantasia, com reis, princesas e cavaleiros inesperados. Um mundo onde os animais falam e possuem características humanas, vivendo também eles em sociedades que replicam alguns aspectos das personalidades dos humanos. Tal como todos os contos infantis, este filme procura transmitir uma "moral da história".

O argumento de "The Tale Of Despereaux" gira fundamentalmente em torno das histórias de Roscuro e Despereaux, com uma série de outros enredos secundários que o dotam de uma maior profundidade. Estas histórias são no entanto bastante lineares e previsíveis, pisando caminhos já mais que batidos, o que faz com que a audiência antecipe os momentos futuros perdendo-se assim qualquer efeito-surpresa. Corre também o risco de se tornar algo aborrecido para algumas pessoas devido a este aspecto. As personagens também não possuem o carisma necessário para nos encantarem, e é o resultado final do filme que sofre com isso.

Em termos técnicos, a animação está muito boa, como já é usual nos filmes publicados nos últimos anos. A equipa optou por dar um aspecto cartoonesco ao filme, mas nota-se uma elevada atenção ao detalhe em pormenores como as texturas ou os pêlos dos animais. Ao nível das vozes, porém, este não é o melhor exemplo de uma execução perfeita neste aspecto. De facto, alguns actores tem um tom de voz que não se adequa totalmente às personagens que representam, o que é sem dúvida um aspecto negativo, ainda mais se tivermos em conta a enorme quantidade de nomes conhecidos no elenco.

"The Tale Of Despereaux" é um filme bastante competente mas com alguns defeitos, mas ainda assim capaz de agradar a toda a família. Apesar de ser um filme direccionado fundamentalmente para o público infantil, será melhor apreciado pelas crianças na faixa etária que ronda os 9-10 anos. Apesar de existirem inúmeras alternativas de elevada qualidade a este filme, poderá revelar-se uma boa peça de entretenimento se não estiver com as expectativas muito elevadas.

O melhor: efeitos visuais.
O pior: o argumento não é muito consistente, falta originalidade e é algo aborrecido.
Alternativas: Shrek (2001), The Chronicles of Narnia: The Lion, The Witch and The Wardrobe (2005), Flushed Away (2006)

Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: 5.6/10

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Killshot (2008)

Género: Acção/Thriller
Realizador: John Madden
Com: Mickey Rourke, Joseph Gordon-Levitt, Thomas Jane e Diane Lane, entre outros.
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O destino cruza os caminhos de Armand "The Blackbird" Degas, um veterano e metódico assassino que faz serviços para a mafia local, e Richie Nix, um jovem psicopata. Juntos, realizam uma tentativa de extorsão a um empresário do ramo imobiliário, mas o acto sai gorado e duas testemunhas sobrevivem. Estas duas testemunhas são um casal à beira de um divórcio, que vêm este processo parado devido ao sucedido. Armand sabe que tem que terminar com as suas vidas, mas tudo se complica quando elas são colocadas num programa de protecção a testemunhas e são levadas para lugar indeterminado.

"Killshot" é um filme que nunca nos faz sentir confortáveis, com vários elementos depressivos e sempre com cenas escuras e em condições climatéricas adversas, como chuva ou neve. Este aspecto ajuda a transmitir o sentimento de insegurança vivido pelas personagens, sendo de realçar esta opção. De facto, apesar de não se tratar de um filme especialmente chocante, é ainda assim um filme que quase consegue perturbar, especialmente devido aos comportamentos da dupla de assassinos.

De facto, esta dupla e a sua interacção acabam por ser um dos factores de maior interesse neste filme. De um lado temos Mickey Rourke, na pele de um nativo americano com nervos de aço que sabe sempre exactamente o que deve fazer; do outro lado temos Joseph Gordon-Levitt, um jovem e intempestivo criminoso sem escrúpulos, que não olha a meios para satisfazer o seu ego. Rourke encaixa que nem uma luva na sua personagem, e conseguimos perceber a cada momento tudo aquilo que vai na sua mente. Gordon-Levitt foi uma agradável surpresa, desempenhando um personagem completamente lunático, com quem nunca conseguimos simpatizar e que emana uma aura de violência sempre que surge em cena.

Falando ainda das personagens, "Killshot" traz-nos ainda outra personagem muito interessante, desempenhada por Diane Lane, na pele de uma esposa que deixou de sentir a paixão pelo seu marido. A Thomas Jane cabe a última das personagens de relevo, mas a qualidade da sua interpretação está alguns furos abaixo do resto do elenco. O resto das personagens são praticamente insignificantes para o desenrolar da história, não merecendo uma atenção especial, limitando-se a cumprir os seus papéis.

O argumento, apesar de linear e previsível, consegue ainda assim entreter a audiência durante a sua duração. Há alguns problemas e "buracos" no enredo, mas que passam perfeitamente despercebidos aos espectadores menos atentos. O problema estará mais no guião do que na realização, que é competente e profissional.

No geral, "Killshot" é um filme que se situa num patamar mediano em termos de qualidade. Há sem dúvida filmes melhores, mas na falta de alternativas consegue satisfazer a plateia. Começa muito bem, mas o final deixa a desejar.

O melhor: Joseph Gordon-Levitt.
O pior: o final é muito fraco.
Alternativas: The Terminator (1984), Pulp Fiction (1994), No Country For Old Men (2007)

Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: 5.3/10

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Easy Virtue (2008)

Género: Romance/Drama
Realizador: Stephan Elliot
Com: Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas e Colin Firth, entre outros.
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A história deste filme desenrola-se em Inglaterra, durante a décade de 1920. John Whittaker, um jovem aristocrata inglês, encontra Larita, uma bela americana piloto de carros de corrida, durante uma estadia em França e a paixão toma os corações de ambos, levando ao seu casamento. Quando o casal decide visitar a mansão da família Whittaker, o choque de mentalidades é imediato: de um lado o conservadorismo e a sobriedade britânica, do outro o estilo de vida extravagante e descontraído da americana.

"Easy Virtue" não segue a abordagem convencional deste género de filmes, optando por colocar aspectos românticos numa história profundamente dramática, mas aligeirando tudo com uma interessante componente de humor. Desta forma, não podemos dizer que estamos perante um puro drama ou romance, e muito menos de uma comédia, mas sim de uma fusão muito interessante entre estes géneros distintos. E toda esta dinâmica dá uma ambiente refrescante à película, sendo fundamental para manter o interesse da audiência.

As suas personagens são excelentes, e o desempenho dos respectivos actores está ao mesmo nível. A bela Jessica Biel está fantástica no papel de protagonista deste filme, conferindo um grande realismo a uma personagem que é completamente diferente de todas as restantes. Todos os outros actores obtêm um desempenho muito bom, mas Kristin Scott Thomas está, na minha opinião, num patamar superior. Kristin está absolutamente perfeita na pele da fria Mrs. Whittaker oferecendo-nos grandes cenas e uma performance memorável.

A banda sonora é também um dos pontos fortes do filme, transmitindo na perfeição o espírito dos loucos anos 20 e contagiando-nos com os seus ritmos.

Porém, "Easy Virtue" não está isento de defeitos. Um deste é o ritmo da sua narrativa, que é um pouco desajustado, fazendo com que a audiência perca a noção do tempo e da cadência dos acontecimentos, entre outras coisas. Outro problema tem a ver com a utilização, em algumas cenas, de um estilo dramático mais semelhante àquele que habitualmente encontramos nas peças de teatro. Este estilo, mais carregado de emoções, retira alguma autenticidade ao filme, o que é sempre de lamentar. Também há ainda algumas (poucas) cenas em que o trabalho de câmara deixa um pouco a desejar.

Mas nada disto é suficiente para baixar a qualidade do filme a tal ponto que esta seja posta em causa. "Easy Virtue" é um bom filme, com uma história interessante e uma boa dose de entretenimento especialmente para uma audiência mais madura. Apesar de se tratar de um filme de época, consegue ainda assim ser extremamente actual. Recomendo-o a todos os que apreciam este género de filmes.

O melhor: Kristin Scott Thomas.
O pior: alguns problemas de ritmo.
Alternativas: The Picture of Dorian Gray (1945), My Life So Far (1999), Brideshead Revisited (2008)

Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: 5.8/10

Winged Creatures (2009)

Género: Drama
Realizador: Rowan Woods
Com: Dakota Fanning, Kate Beckinsale, Guy Pearce e Forest Whitaker, entre outros.
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Num dia como outro qualquer, um homem entra num restaurante e dispara sobre aqueles que lá se encontravam, suicidando-se em seguida. Aqueles que sobreviveram a este acto tresloucado ficam distinta e profundamente afectados: a jovem Anne Hagen ganha o carinho da comunidade com o seu relato dos acontecimentos; o seu amigo Jimmy Jaspersen isola-se e recusa-se a falar com outras pessoas; Charlie Archenault acredita que está com sorte e aposta todo o seu dinheiro num casino; Carla Davenport, empregada do restaurante, deixa de prestar atenção ao seu bebé; e o Dr. Bruce Laraby perde a sua auto-estima e começa a realizar experiências com a mulher, sem esta saber.

"Winged Creatures" é um filme sobre a dificuldade em ultrapassar os fantasmas que se apoderam de nós depois de um evento traumático. Conta com um elenco de luxo, e o argumento parece de grande qualidade.

Este não é, no entanto, um filme para toda a gente. E isto acontece porque a narrativa não é linear, misturando as cenas das várias personagens durante toda a sua duração, como se fossem fragmentos de um qualquer objecto que foi quebrado e que estão a ser colocados no devido lugar. Isto também explica o título adoptado nos Estado Unidos, "Fragments". Este estilo narrativo faz com que a audiência tenha mais tempo para pensar e reflectir sobre as acções e atitudes das personagens. Porém, ao distribuir a sua atenção pelas várias personagens o filme perde muita da sua intensidade, dispersando o interesse da audiência e tornando-se, em algumas situações, aborrecido.

As personagens de "Winged Creatures" providenciam material suficiente para se poderem tornarem num verdadeiro caso de estudo. Destaco a excelente performance de Kate Beckinsale, que consegue provar neste filme que é mais que uma cara bonita, e que têm muito talento para mostrar. Dakota Fanning, mais uma vez, tem um desempenho que se ama ou odeia, em grande parte consequência directa do guião, pois a sua personagem é sem dúvida a mais dramática do filme. Forest Whitaker já não tem nada a provar a ninguém e oferece-nos uma grande performance. Todas as outras personagens, no geral, apresentam desempenhos igualmente muito bons.

"Winged Creatures" tinha todo o potencial para se poder tornar um drama profundo e provocante, mas falha neste objectivo ao não conseguir explorar convenientemente as suas personagens, prejudicando decisivamente o seu desfecho. Seria necessário realizar um filme mais longo, que mostrasse algumas situações omitidas e que ajudariam a compreender as atitudes das personagens, para que este pudesse atingir o grau de qualidade que o seu argumentista teria certamente em mente. Em alternativa, poder-se-ia optar por descartar algumas personagens, mas a qualidade final nunca seria a mesma.

Em suma, estamos perante um filme que poderia ser muito melhor do que aquilo que é, muito por culpa da fraca exposição das suas personagens. Tenta contar muita coisa em pouco tempo. Poderá merecer a sua atenção se não tiver outra alternativa, ou se o género lhe agradar, mas não merece a minha recomendação.

O melhor: Kate Beckinsale.
O pior: as personagens mereciam ser melhor exploradas.
Alternativas: Crash (2004), Babel (2006), The Air I Breathe (2007)

Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10

sábado, 1 de agosto de 2009

The Adventures of Food Boy (2008)

Género: Comédia/Fantasia
Realizador: Dane Cannon
Com: Lucas Grabeel, Brittany Curran, Joyce Cohen e Kunal Sharma, entre outros.
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Este filme traz-nos a história de Ezra, um adolescente como qualquer outro, que um dia se apercebe que possui o poder de fazer aparecer comida nas suas mãos. Surpreendido e ao mesmo tempo desconfortável com a situação, o jovem terá de aprender a lidar com esta estranha condição, enquanto se debate com os desafios típicos da adolescência, como a popularidade e o desempenho académico.

"The Adventures of Food Boy" é um filme independente baseado numa curta-metragem do seu realizador, dirigido às faixas etárias mais jovens, principalmente às crianças, apresentando um tipo de humor bastante semelhante ao estilo adoptado pelas produções da Nickelodeon. É um estilo de humor muito característico, que normalmente é apreciado apenas por uma pequena fatia da audiência. Se nos focassemos só neste aspecto, o potencial sucesso do filme estaria, à partida, condicionado pela aceitação deste público alvo.

Porém, o filme sofre de vários problemas. É um filme aborrecido, mesmo para aqueles que apreciam o género em causa, com um humor ridículo e de baixa qualidade, e com um ritmo muito lento, que não vai de encontro às exigências da audiência a que se destina. O argumento é, também ele, muito fraco, com opções discutíveis e algumas cenas despropositadas e dispensáveis, roçando o ridículo em alguns pontos.

O desempenho dos actores também não merece nenhuma menção especial, sendo globalmente fraco. As personagens são muito estereotipadas e parecem quase de cartão, tal é a preocupação que demonstram em actor mais para a câmara do que em parecerem realistas. Brittany Curran acaba por ser aquela que se destaca mais pela positiva, mas mais devido ao facto do resto do elenco ser bastante fraco do que pelas suas qualidades.

Não há muito mais a dizer sobre este filme. "The Adventures of Food Boy" é uma comédia muito fraca, que todos os que a visualizarem irão esquecer rapidamente. A evitar, portanto.

O melhor: nada.
O pior: praticamente tudo.
Alternativas: The Incredibles (2004), Sky High (2005)

Classificação IMDB: 4.4/10
Classificação RottenTomatoes: n/a