Género: Drama
Realizador: Charlie Kaufman
Com: Philip Seymour Hoffman, Michelle Williams, Samantha Morton e Tom Noonan, entre outros.
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Caden Cotard é um encenador que prepara uma nova peça de teatro. Esta peça alcança um tremendo sucesso, mas Caden não consegue desfrutar deste acontecimento pois o seu ambiente familiar não está a atravessar os melhores dias. Adele, a sua esposa, é uma talentosa pintora que se sente sufocada com a vida que leva, e parte para Berlim com Olive, a filha de ambos, e Maria, uma amiga, para um suposto período de reflexão e liberdade artística. Mas findo o período acordado, Adele não regressa. Pior, Adele recusa-se a comunicar com Caden e não lhe possibilita o contacto com a sua filha. Num momento de profundo desgosto, Caden Cotard é surpreendido com a notícia que havia ganho o prestigiado prémio MacArthur, que lhe garante uma avultada quantia monetária para investir num projecto. Caden parte então para New York com uma nova peça em mente, uma peça com um realismo e uma honestidade ímpares, à qual se vai dedicar de corpo e alma.
"Synecdoche, New York" é uma autêntica viagem para os sentidos. São aproximadamente duas horas de surrealismo, paranóia, hipocondrismo, amor, humor e sofrimento. O argumento denota uma clara influência kafkaniana, e a espaços faz lembrar algumas das obras de Woody Allen. Tudo isto provêm da mente brilhante de Charlie Kaufman, criador do argumento de "Being John Malkovich", e que já havia tentado algo semelhante com o argumento de "Adaptation", também da sua autoria. De facto, tratando-se este filme da estreia como realizador deste autor, este quase pode ser considerado um "Adaptation" exponenciado.
A chave para a compreensão deste filme inicia-se logo com o seu título. "Synecdoche" (sinédoque, em português) é uma figura de estilo que consiste em exprimir a parte pelo todo ou o todo pela parte, como quando dizemos "os olhos da lei" referindo-nos à polícia, ou "os braços contratados" para referir os trabalhadores. E é precisamente isto que o filme tenta fazer, tentando representar toda a condição humana numa peça de teatro.
Admito, não é um filme fácil de ver, e várias vezes durante a sua visualização fui acometido de pensamentos como "Mas o que é isto?" ou "Isto não faz sentido nenhum!". Mas este aspecto é, na minha opinião, um dos objectivos do filme. Questionar todas as situações, procurar as mensagens subliminares e buscar uma interpretação para aquilo que se passa no ecrã, contrapondo-o com a condição humana.
O filme é, porém, um pouco pretensioso em demasia. Entra com coragem em terrenos difíceis, enquanto troça dos clichés e do intelectualismo bacoco que pulula no mundo da arte mas, paradoxalmente, ele próprio vive deste universo. A duração do filme é ela própria verdadeiramente avassaladora, e poderá desagradar a uma parte da audiência, mas convenhamos, relatar uma história de quarenta anos em apenas duas horas, com a atenção ao pormenor com que o faz, é obra.
A nível cénico, o filme está muito competente, com vários ambientes distintos bem conseguidos, embora limitado pelo espaço físico a que o argumento o restringe. E a caracterização dos actores também está muito boa, transmitindo perfeitamente a sensação de envelhecimento dos personagens, e contribuindo decisivamente para a qualidade final do filme. Mas o destaque recai forçosamente no realizador (e argumentista, simultaneamente) e nos actores. Philip Seymour Hoffman está brilhante no seu papel, e muito bem acompanhado por uma mão cheia de personagens secundárias, tornando-se no veículo transmissor ideal do génio de Charlie Kaufman.
Se a ideia de ver um filme que desafia todas as regras do cinema de Hollywood, enquanto fica atónito com a quantidade de informação que é debitada no ecrã de forma surreal, o agrada, então este é um filme para si. Aos olhos de duas pessoas diferentes, "Synecdoche, New York" pode ser simultaneamente uma obra-prima e um acto de auto-indulgência completamente disfuncional.
O melhor: Charlie Kaufman e Philip Seymour Hoffman.
O pior: confuso e muito longo.
Alternativas: American Beauty (1999), Adaptation (2002), Big Fish (2003)
Classificação IMDB: 7.5/10
Classificação RottenTomatoes: 6.6/10
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Incendiary (2008)
Género: Drama
Realizador: Sharon Maguire
Com: Michelle Williams, Ewan McGregor, Matthew MacFadyen e Sidney Johnston, entre outros.
Página oficial
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Na capital inglesa, encontramos a típica família londrina de classe média: um casal jovem, com um filho de quatro anos, que vive num modesto bloco de apartamentos, com a equipa de futebol do Arsenal como religião, e o "Top Gear" como programa favorito de televisão. A jovem mãe encarrega-se de cuidar da casa e do filho, enquanto o seu marido trabalha como polícia no departamento de desactivação de explosivos. Desiludida com a falta de atenção que o seu marido lhe proporciona, ela encontra num rico repórter que vive do outro lado da rua alguém que a satisfaz como mulher. No May Day (1 de Maio), um dia muito importante na tradição britânica, pai e filho dirigem-se até ao estádio para ver um grande jogo da sua equipa, enquanto ela convida o seu amante para a sua casa. Nos braços deste, é assolada pela terrível tragédia que a televisão noticia: um atentado terrorista em larga escala em pleno estádio do Arsenal.
Este é um filme sobre emoções. Sobre a dor de uma mulher que perde a família devido a um atentado terrorista, uma guerra travada por outras que entra na sua vida. Sobre a sentimento de culpa de uma mulher adúltera, que vê o seu marido morrer enquanto pratica sexo com outro homem. Sobre as dúvidas de uma mulher que, num momento de luto, se vê assediada por dois homens que procuram o seu amor. Sobre as dificuldades de colocar atrás das costas os acontecimentos do passado e começar de novo.
O título, "Incendiary", vai buscar inspiração a dois acontecimentos incontornáveis na história londrina: o Grande Incêndio de Londres, em 1666, e o bombardeamento nazi durante a IIª Guerra Mundial. Nestas situações a cidade ficou em ruínas mas voltou a levantar-se, mais pujante que nunca. E é esta a premissa do argumento, que traça um paralelismo com estes dois eventos: até que ponto uma mulher completamente destroçada consegue reunir forças para retomar a sua vida?
"Incendiary" é um daqueles filmes que nos deixam com as opiniões divididas. É um filme que denota um excelente trabalho de câmaras, com cenas muito bem montadas e, de uma forma geral, de uma beleza rara. É também um filme extremamente introspectivo, que nos faz questionar várias ideias pré-concebidas. No entanto o seu ritmo lento, as cenas repetitivas e o argumento confuso em alguns pontos prejudicam visivelmente o resultado final. É um daqueles filmes em que "menos seria mais", pois perde-se em histórias secundárias de menor importância, não tratando o cerne do filme com a atenção necessária.
Michelle Williams, no papel principal, brinda-nos com um desempenho exemplar na pele de uma mulher que vai perdendo o controlo da sua vida, e torna-se sem grande esforço na principal razão de interesse do filme. Não fosse a sua actuação soberba, que nos consegue fazer sentir a dor que a sua personagem atravessa, e este filme não teria grandes argumentos para nos convencer a dar-lhe uma oportunidade. A simpatia de Sidney Johnston também nos consegue cativar nos primeiros momentos do filme mas, com excepção de alguns momentos de Ewan McGregor, nada mais há de relevo neste aspecto.
Concluindo, trata-se de um filme que está a alguma distância de ser considerado um bom filme, e que certamente não terá opiniões unânimes quanto à sua qualidade. Tem tantas aspirações que o todo acaba por ser bem pior que a soma das partes. Só o posso recomendar a quem se sentir interessado pelo tema.
O melhor: Michelle Williams.
O pior: confuso e repetitivo.
Alternativas: The English Patient (1996), Munich (2005), Notes on a Scandal (2006)
Classificação IMDB: 6.0/10
Classificação RottenTomatoes: 3.8/10
Realizador: Sharon Maguire
Com: Michelle Williams, Ewan McGregor, Matthew MacFadyen e Sidney Johnston, entre outros.
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Na capital inglesa, encontramos a típica família londrina de classe média: um casal jovem, com um filho de quatro anos, que vive num modesto bloco de apartamentos, com a equipa de futebol do Arsenal como religião, e o "Top Gear" como programa favorito de televisão. A jovem mãe encarrega-se de cuidar da casa e do filho, enquanto o seu marido trabalha como polícia no departamento de desactivação de explosivos. Desiludida com a falta de atenção que o seu marido lhe proporciona, ela encontra num rico repórter que vive do outro lado da rua alguém que a satisfaz como mulher. No May Day (1 de Maio), um dia muito importante na tradição britânica, pai e filho dirigem-se até ao estádio para ver um grande jogo da sua equipa, enquanto ela convida o seu amante para a sua casa. Nos braços deste, é assolada pela terrível tragédia que a televisão noticia: um atentado terrorista em larga escala em pleno estádio do Arsenal.
Este é um filme sobre emoções. Sobre a dor de uma mulher que perde a família devido a um atentado terrorista, uma guerra travada por outras que entra na sua vida. Sobre a sentimento de culpa de uma mulher adúltera, que vê o seu marido morrer enquanto pratica sexo com outro homem. Sobre as dúvidas de uma mulher que, num momento de luto, se vê assediada por dois homens que procuram o seu amor. Sobre as dificuldades de colocar atrás das costas os acontecimentos do passado e começar de novo.
O título, "Incendiary", vai buscar inspiração a dois acontecimentos incontornáveis na história londrina: o Grande Incêndio de Londres, em 1666, e o bombardeamento nazi durante a IIª Guerra Mundial. Nestas situações a cidade ficou em ruínas mas voltou a levantar-se, mais pujante que nunca. E é esta a premissa do argumento, que traça um paralelismo com estes dois eventos: até que ponto uma mulher completamente destroçada consegue reunir forças para retomar a sua vida?
"Incendiary" é um daqueles filmes que nos deixam com as opiniões divididas. É um filme que denota um excelente trabalho de câmaras, com cenas muito bem montadas e, de uma forma geral, de uma beleza rara. É também um filme extremamente introspectivo, que nos faz questionar várias ideias pré-concebidas. No entanto o seu ritmo lento, as cenas repetitivas e o argumento confuso em alguns pontos prejudicam visivelmente o resultado final. É um daqueles filmes em que "menos seria mais", pois perde-se em histórias secundárias de menor importância, não tratando o cerne do filme com a atenção necessária.
Michelle Williams, no papel principal, brinda-nos com um desempenho exemplar na pele de uma mulher que vai perdendo o controlo da sua vida, e torna-se sem grande esforço na principal razão de interesse do filme. Não fosse a sua actuação soberba, que nos consegue fazer sentir a dor que a sua personagem atravessa, e este filme não teria grandes argumentos para nos convencer a dar-lhe uma oportunidade. A simpatia de Sidney Johnston também nos consegue cativar nos primeiros momentos do filme mas, com excepção de alguns momentos de Ewan McGregor, nada mais há de relevo neste aspecto.
Concluindo, trata-se de um filme que está a alguma distância de ser considerado um bom filme, e que certamente não terá opiniões unânimes quanto à sua qualidade. Tem tantas aspirações que o todo acaba por ser bem pior que a soma das partes. Só o posso recomendar a quem se sentir interessado pelo tema.
O melhor: Michelle Williams.
O pior: confuso e repetitivo.
Alternativas: The English Patient (1996), Munich (2005), Notes on a Scandal (2006)
Classificação IMDB: 6.0/10
Classificação RottenTomatoes: 3.8/10
sábado, 27 de junho de 2009
Milk (2008)
Género: Biografia/Drama
Realizador: Gus Van Sant
Com: Sean Penn, Emile Hirsh, Josh Brolin e James Franco, entre outros.
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Após celebrar o seu 40º aniversário, Harvey Milk, homossexual e funcionário de uma companhia de Wall Street, abandona o seu emprego e parte para San Francisco em 1972, acompanhando a corrente hippie que se vivia na altura. Acompanhado pelo seu companheiro, abrem uma loja de fotografia na Rua Castro, e inicia um movimento em prol dos direitos dos cidadãos homossexuais. Daqui até à entrada na política foi apenas um passo, tornando-se na primeira pessoa assumidamente homossexual a ser eleita para um cargo político nos Estados Unidos.
"Milk" apresenta-nos assim uma obra biográfica, desde o referido 40º aniversário até à sua morte. Os eventos são relatados em forma de flashbacks, revivendo os acontecimentos do passado.
Ao nível das personagens, estas estão muito bem retratadas, com o destaque óbvio para Sean Penn, vencedor do Óscar para Melhor Actor com este desempenho. Ainda não tive oportunidade de ver todos os nomeados para esta categoria, mas após esta performance o galardão parece-me bem entregue. Os restantes personagens estão também muito bem encarnados, nomeadamente Josh Brolin e Emile Hirsh, que nos apresentam personagens muito humanas e credíveis.
Este filme também apresenta um cuidado óbvio em retratar de forma fiel o estilo de vida durante a década de 1970 em San Francisco, algo que faz muito bem. Os cabelos compridos, os bigodes e as calças à boca-de-sino estão aqui presentes, bem como a música que pautava esta época, também esta um pormenor de destaque neste filme.
Como quase todos os filmes biográficos, "Milk" salta de evento em evento tentando manter um fio condutor na história, deixando alguns pormenores por explicar. Este estilo de narrativa também não privilegia a profundidade do argumento, apresentando-nos alguns personagens que parecem caídos do céu, principalmente para uma audiência que não esteja completamente a par da vida deste homem. O filme só teria a ganhar se nos mostrasse um pouco mais das vidas das pessoas que rodeiam a personagem principal, Harvey Milk.
Sem querer entrar no campo político, ressalvo um pormenor que me causou algumas dúvidas, e que se prende com a posição dos "conservadores", que apresentam um discurso e argumentos demasiado simples, ridículos até, para justificarem a sua posição. Não sei se isto de facto se passou desta forma ou se algo foi alterado para se adequar mais à premissa do filme.
"Milk" é, em suma, um filme que retrata a luta de um homem pelos direitos de uma minoria que foi e continua a ser marginalizada por grande parte da sociedade. É um filme muito competente e sem dúvida um dos filmes do ano, muito por força do brilhante desempenho de Sean Penn. Os pequenos defeitos de que sofre não são suficientes para ensombrar a qualidade deste filme.
O melhor: Sean Penn.
O pior: deixa várias questões por explicar.
Alternativas: Wilde (1997), Bent (1997), Save Me (2007)
Classificação IMDB: 8.0/10
Classificação RottenTomatoes: 8.0/10
Realizador: Gus Van Sant
Com: Sean Penn, Emile Hirsh, Josh Brolin e James Franco, entre outros.
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Após celebrar o seu 40º aniversário, Harvey Milk, homossexual e funcionário de uma companhia de Wall Street, abandona o seu emprego e parte para San Francisco em 1972, acompanhando a corrente hippie que se vivia na altura. Acompanhado pelo seu companheiro, abrem uma loja de fotografia na Rua Castro, e inicia um movimento em prol dos direitos dos cidadãos homossexuais. Daqui até à entrada na política foi apenas um passo, tornando-se na primeira pessoa assumidamente homossexual a ser eleita para um cargo político nos Estados Unidos.
"Milk" apresenta-nos assim uma obra biográfica, desde o referido 40º aniversário até à sua morte. Os eventos são relatados em forma de flashbacks, revivendo os acontecimentos do passado.
Ao nível das personagens, estas estão muito bem retratadas, com o destaque óbvio para Sean Penn, vencedor do Óscar para Melhor Actor com este desempenho. Ainda não tive oportunidade de ver todos os nomeados para esta categoria, mas após esta performance o galardão parece-me bem entregue. Os restantes personagens estão também muito bem encarnados, nomeadamente Josh Brolin e Emile Hirsh, que nos apresentam personagens muito humanas e credíveis.
Este filme também apresenta um cuidado óbvio em retratar de forma fiel o estilo de vida durante a década de 1970 em San Francisco, algo que faz muito bem. Os cabelos compridos, os bigodes e as calças à boca-de-sino estão aqui presentes, bem como a música que pautava esta época, também esta um pormenor de destaque neste filme.
Como quase todos os filmes biográficos, "Milk" salta de evento em evento tentando manter um fio condutor na história, deixando alguns pormenores por explicar. Este estilo de narrativa também não privilegia a profundidade do argumento, apresentando-nos alguns personagens que parecem caídos do céu, principalmente para uma audiência que não esteja completamente a par da vida deste homem. O filme só teria a ganhar se nos mostrasse um pouco mais das vidas das pessoas que rodeiam a personagem principal, Harvey Milk.
Sem querer entrar no campo político, ressalvo um pormenor que me causou algumas dúvidas, e que se prende com a posição dos "conservadores", que apresentam um discurso e argumentos demasiado simples, ridículos até, para justificarem a sua posição. Não sei se isto de facto se passou desta forma ou se algo foi alterado para se adequar mais à premissa do filme.
"Milk" é, em suma, um filme que retrata a luta de um homem pelos direitos de uma minoria que foi e continua a ser marginalizada por grande parte da sociedade. É um filme muito competente e sem dúvida um dos filmes do ano, muito por força do brilhante desempenho de Sean Penn. Os pequenos defeitos de que sofre não são suficientes para ensombrar a qualidade deste filme.
O melhor: Sean Penn.
O pior: deixa várias questões por explicar.
Alternativas: Wilde (1997), Bent (1997), Save Me (2007)
Classificação IMDB: 8.0/10
Classificação RottenTomatoes: 8.0/10
Revanche (2008)
Género: Drama
Realizador: Götz Spielmann
Com: Johannes Krisch, Irina Potapenko, Ursula Strauss e Johannes Thanheiser, entre outros.
Página oficial
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Alex é um dos empregados de um chefe de uma rede de prostituição em Viena, Áustria. É devido a este emprego que Alex conhece Tamara, uma prostituta de rua ucraniana, por quem se apaixona. A paixão cresce entre os dois, que sonham com o dia em que fugirão para o sul e viverão tranquilamente. Quando Tamara é recrutada para efectuar serviços de call-girl, ela sabe que há mais por detrás disso, e Alex põe em marcha um plano para conseguirem o dinheiro que os possibilitará fugir e viver longe daquele local, deixando para trás os tempos difíceis.
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, este filme austríaco traz-nos o melhor do cinema europeu, a sua autenticidade, mas com uma narrativa também muito boa, o que acaba por surpreender pois normalmente é o ponto fraco dos filmes europeus. "Revanche" é uma brilhante visão do submundo da prostituição no leste da Europa, um exercício sobre as diferenças entre a urbanidade e a ruralidade, e um interessante estudo sobre as personagens.
Mas o melhor do filme são sem dúvida as personagens. Incrivelmente bem construídas, com personalidades, emoções e defeitos com os quais nos conseguimos relacionar, captam o nosso interesse e criam laços com a audiência como dificilmente se vê.
É um filme com cenas de acção, com cenas de romance e até com alguns momentos de comédia, mas tudo isto se torna secundário quando nos deixamos absorver pela narrativa e nos apaixonamos pelas personagens.
Não é possível descrever a beleza e a qualidade deste filme, tem mesmo que o ver. Recomendo-o sem qualquer hesitação, é uma obra-prima.
O melhor: as personagens.
O pior: o ritmo lento não agradará aqueles mais habituados às produções de Hollywood.
Alternativas: Leave Her To Heaven (1945), Big Fish (2003), 12 (2007)
Classificação IMDB: 7.6/10
Classificação RottenTomatoes: 7.5/10
Realizador: Götz Spielmann
Com: Johannes Krisch, Irina Potapenko, Ursula Strauss e Johannes Thanheiser, entre outros.
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Alex é um dos empregados de um chefe de uma rede de prostituição em Viena, Áustria. É devido a este emprego que Alex conhece Tamara, uma prostituta de rua ucraniana, por quem se apaixona. A paixão cresce entre os dois, que sonham com o dia em que fugirão para o sul e viverão tranquilamente. Quando Tamara é recrutada para efectuar serviços de call-girl, ela sabe que há mais por detrás disso, e Alex põe em marcha um plano para conseguirem o dinheiro que os possibilitará fugir e viver longe daquele local, deixando para trás os tempos difíceis.
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, este filme austríaco traz-nos o melhor do cinema europeu, a sua autenticidade, mas com uma narrativa também muito boa, o que acaba por surpreender pois normalmente é o ponto fraco dos filmes europeus. "Revanche" é uma brilhante visão do submundo da prostituição no leste da Europa, um exercício sobre as diferenças entre a urbanidade e a ruralidade, e um interessante estudo sobre as personagens.
Mas o melhor do filme são sem dúvida as personagens. Incrivelmente bem construídas, com personalidades, emoções e defeitos com os quais nos conseguimos relacionar, captam o nosso interesse e criam laços com a audiência como dificilmente se vê.
É um filme com cenas de acção, com cenas de romance e até com alguns momentos de comédia, mas tudo isto se torna secundário quando nos deixamos absorver pela narrativa e nos apaixonamos pelas personagens.
Não é possível descrever a beleza e a qualidade deste filme, tem mesmo que o ver. Recomendo-o sem qualquer hesitação, é uma obra-prima.
O melhor: as personagens.
O pior: o ritmo lento não agradará aqueles mais habituados às produções de Hollywood.
Alternativas: Leave Her To Heaven (1945), Big Fish (2003), 12 (2007)
Classificação IMDB: 7.6/10
Classificação RottenTomatoes: 7.5/10
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Role Models (2008)
Género: Comédia
Realizador: David Wain
Com: Seann William Scott, Paul Rudd, Elizabeth Banks e Jane Lynch, entre outros.
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Danny e Wheeler são dois trintões que trabalham numa empresa que produz bebidas energéticas, e que percorrem as várias escolas da região para promover a bebida entre os mais jovens. Wheeler, um homem que não consegue conter-se quando vê um rabo de saias, até gosta daquilo que faz, mas Danny, sarcástico e soturno, odeia o seu trabalho. Após um incidente, os dois são condenados a passar o algum tempo na prisão ou cumprir 150 horas de serviço comunitário. Eles escolhem a segunda opção, sem hesitar. O que eles não sabiam era que o serviço comunitário seria efectuado na "Asas Robustas", uma associação de apoio a jovens, que consiste em emparelhar cada criança com um adulto. Danny fica encarregue de Augie, um jovem nerd que adora participar numa recriação de uma sociedade medieval fictícia; Wheeler, por seu lado, tem sob a sua alçada um problemático miúdo cheio de atitude e com um feitio impossível de aturar. Cabe-lhes agora cumprir a missão de se tornarem bons exemplos para as crianças, com a prisão como única alternativa.
Como praticamente todas as comédias (salvo raras excepções que vêm dar uma lufada de ar fresco ao género), o enredo desta é extremamente linear e previsível, portanto o filme tem que ir buscar forças a outros aspectos. E este filme tenta fazer isso principalmente da forma mais óbvia: o seu lado cómico. E de facto consegue fazer isso bastante bem, proporcionando à audiência uma grande sequência de situações cómicas, capazes de arrancar um sorriso até ao mais sisudo dos espectadores. Os temas abordados também conseguem ser algo diferentes dos usuais, como por exemplo o universo "Dungeons & Dragons", e muito bem explorados.
A nível dos actores destaco o bom entendimento entre Paul Rudd e Seann William Scott, os protagonistas, que apesar das suas personalidades tão díspares se complementam perfeitamente. O pequeno Bobb'e J. Thompson foi para mim uma agradável surpresa, com o seu estilo vivaço, sendo responsável por si só por alguns dos momentos mais hilariantes da película. No entanto a personagem que mais sobressai, na minha opinião, é a interpretada por Jane Lynch, a imprevisível fundadora da associação para crianças.
O filme baseia-se na já desgastada premissa "Faz aquilo que te faz feliz", mas consegue de facto parecer verdadeiro ao transmitir essa mensagem devido à forma como o faz.
Em suma, "Role Models" é um filme com vários momentos hilariantes e que pretende transmitir uma mensagem positiva. Possui alguns defeitos, é certo, mas pode ser uma boa companhia para um domingo à tarde, se gostar do género.
O melhor: bons momentos de humor.
O pior: não inova em nenhum aspecto; muito previsível.
Alternativas: Big Daddy (1999), The Kid (2000), Wedding Crashers (2005)
Classificação IMDB: 7.3/10
Classificação RottenTomatoes: 6.5/10
Realizador: David Wain
Com: Seann William Scott, Paul Rudd, Elizabeth Banks e Jane Lynch, entre outros.
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Danny e Wheeler são dois trintões que trabalham numa empresa que produz bebidas energéticas, e que percorrem as várias escolas da região para promover a bebida entre os mais jovens. Wheeler, um homem que não consegue conter-se quando vê um rabo de saias, até gosta daquilo que faz, mas Danny, sarcástico e soturno, odeia o seu trabalho. Após um incidente, os dois são condenados a passar o algum tempo na prisão ou cumprir 150 horas de serviço comunitário. Eles escolhem a segunda opção, sem hesitar. O que eles não sabiam era que o serviço comunitário seria efectuado na "Asas Robustas", uma associação de apoio a jovens, que consiste em emparelhar cada criança com um adulto. Danny fica encarregue de Augie, um jovem nerd que adora participar numa recriação de uma sociedade medieval fictícia; Wheeler, por seu lado, tem sob a sua alçada um problemático miúdo cheio de atitude e com um feitio impossível de aturar. Cabe-lhes agora cumprir a missão de se tornarem bons exemplos para as crianças, com a prisão como única alternativa.
Como praticamente todas as comédias (salvo raras excepções que vêm dar uma lufada de ar fresco ao género), o enredo desta é extremamente linear e previsível, portanto o filme tem que ir buscar forças a outros aspectos. E este filme tenta fazer isso principalmente da forma mais óbvia: o seu lado cómico. E de facto consegue fazer isso bastante bem, proporcionando à audiência uma grande sequência de situações cómicas, capazes de arrancar um sorriso até ao mais sisudo dos espectadores. Os temas abordados também conseguem ser algo diferentes dos usuais, como por exemplo o universo "Dungeons & Dragons", e muito bem explorados.
A nível dos actores destaco o bom entendimento entre Paul Rudd e Seann William Scott, os protagonistas, que apesar das suas personalidades tão díspares se complementam perfeitamente. O pequeno Bobb'e J. Thompson foi para mim uma agradável surpresa, com o seu estilo vivaço, sendo responsável por si só por alguns dos momentos mais hilariantes da película. No entanto a personagem que mais sobressai, na minha opinião, é a interpretada por Jane Lynch, a imprevisível fundadora da associação para crianças.
O filme baseia-se na já desgastada premissa "Faz aquilo que te faz feliz", mas consegue de facto parecer verdadeiro ao transmitir essa mensagem devido à forma como o faz.
Em suma, "Role Models" é um filme com vários momentos hilariantes e que pretende transmitir uma mensagem positiva. Possui alguns defeitos, é certo, mas pode ser uma boa companhia para um domingo à tarde, se gostar do género.
O melhor: bons momentos de humor.
O pior: não inova em nenhum aspecto; muito previsível.
Alternativas: Big Daddy (1999), The Kid (2000), Wedding Crashers (2005)
Classificação IMDB: 7.3/10
Classificação RottenTomatoes: 6.5/10
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Punisher: War Zone (2008)
Género: Acção
Realizador: Lexi Alexander
Com: Ray Stevenson, Dominic West, Doug Hutchison e Wayne Knight, entre outros.
Página oficial
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"Punisher: War Zone" é a adaptação para filme de uma das mais violentas bandas desenhadas da Marvel. Frank Castle, conhecido como The Punisher, é um anti-herói que persegue os criminosos que a polícia não condena ou não consegue capturar, fazendo justiça pelas próprias mãos. Após uma violenta incursão no território de uma família mafiosa local, Frank Castle mata um agente do FBI que trabalhava infiltrado, e agora terá de lidar com o facto de ter morto um homem inocente, um dos "bons". Para piorar a situação surgem em cena Jigsaw, um criminoso sem escrúpulos, e o seu irmão Loony Bin Jim, um psicopata lunático, que perseguem Punisher em busca de vingança.
Em primeiro lugar é necessário clarificar que esta nova incursão pelo universo da personagem Punisher nada tem a ver com os seus filmes homónimos de 1989 e de 2004, se bem que o podemos ver como uma sequela espiritual. Uma nova realizadora, um novo actor a encarnar o protagonista, uma abordagem diferente ao universo do anti-herói. Este filme tenta ser mais fiel ao espírito da banda desenhada do que os anteriores, o que significa muitos criminosos mortos, de formas tão espectaculares como violentas. E o filme não se cansa de nos mostrar esta violência, o que faz com que a sua visualização pelas faixas etárias mais baixas não seja recomendada.
Frank Castle é aqui interpretado por Ray Stevenson, o inesquecível Titus Pullo da série televisiva "Rome", dando uso à sua impressionante estampa física para nos trazer um Punisher mais ameaçador, quando comparado com a versão de 2004. No entanto ao nível do desempenho o actor acaba por deixar bastante a desejar, numa actuação sem chama e um tanto ou quanto forçada. Tal como praticamente todos os outros personagens, que não conseguem trazer realismo ao enredo, prejudicando assim o desempenho global do filme. Ainda a nível de enredo, notam-se algumas ligeiras diferenças entre as personagens secundárias da banda desenhada e as suas recriações neste filme, o que poderá afastar alguns dos seus fãs.
Mas os problemas não se ficam por aqui, pois a nível visual também se notam alguns defeitos, particularmente nos efeitos especiais e nas explosões, que só podem ser descritos como medíocres. Pelo menos proporcionam alguns momentos que nos conseguem fazer soltar uma gargalhada.
"The Punisher" é um filme de acção desmiolada pura e dura, com alguns momentos de humor negro, repleto de situações revisitadas e frases feitas, e que faz da violência exagerada o seu cavalo de batalha. Não agrada a toda a gente, mas há sempre aqueles que olham para os filmes não pela sua recriação sem mácula da realidade, mas sim pela capacidade que estes têm de nos entreter durante algumas horas e fazer esquecer tudo o que nos rodeia, e é a esses que este filme se destina.
O melhor: os momentos de acção espectacular.
O pior: os efeitos especiais.
Alternativas: Sin City (2005), Shoot 'Em Up (2007), The Dark Knight (2008)
Classificação IMDB: 6.2/10
Classificação RottenTomatoes: 4.3/10
Realizador: Lexi Alexander
Com: Ray Stevenson, Dominic West, Doug Hutchison e Wayne Knight, entre outros.
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"Punisher: War Zone" é a adaptação para filme de uma das mais violentas bandas desenhadas da Marvel. Frank Castle, conhecido como The Punisher, é um anti-herói que persegue os criminosos que a polícia não condena ou não consegue capturar, fazendo justiça pelas próprias mãos. Após uma violenta incursão no território de uma família mafiosa local, Frank Castle mata um agente do FBI que trabalhava infiltrado, e agora terá de lidar com o facto de ter morto um homem inocente, um dos "bons". Para piorar a situação surgem em cena Jigsaw, um criminoso sem escrúpulos, e o seu irmão Loony Bin Jim, um psicopata lunático, que perseguem Punisher em busca de vingança.
Em primeiro lugar é necessário clarificar que esta nova incursão pelo universo da personagem Punisher nada tem a ver com os seus filmes homónimos de 1989 e de 2004, se bem que o podemos ver como uma sequela espiritual. Uma nova realizadora, um novo actor a encarnar o protagonista, uma abordagem diferente ao universo do anti-herói. Este filme tenta ser mais fiel ao espírito da banda desenhada do que os anteriores, o que significa muitos criminosos mortos, de formas tão espectaculares como violentas. E o filme não se cansa de nos mostrar esta violência, o que faz com que a sua visualização pelas faixas etárias mais baixas não seja recomendada.
Frank Castle é aqui interpretado por Ray Stevenson, o inesquecível Titus Pullo da série televisiva "Rome", dando uso à sua impressionante estampa física para nos trazer um Punisher mais ameaçador, quando comparado com a versão de 2004. No entanto ao nível do desempenho o actor acaba por deixar bastante a desejar, numa actuação sem chama e um tanto ou quanto forçada. Tal como praticamente todos os outros personagens, que não conseguem trazer realismo ao enredo, prejudicando assim o desempenho global do filme. Ainda a nível de enredo, notam-se algumas ligeiras diferenças entre as personagens secundárias da banda desenhada e as suas recriações neste filme, o que poderá afastar alguns dos seus fãs.
Mas os problemas não se ficam por aqui, pois a nível visual também se notam alguns defeitos, particularmente nos efeitos especiais e nas explosões, que só podem ser descritos como medíocres. Pelo menos proporcionam alguns momentos que nos conseguem fazer soltar uma gargalhada.
"The Punisher" é um filme de acção desmiolada pura e dura, com alguns momentos de humor negro, repleto de situações revisitadas e frases feitas, e que faz da violência exagerada o seu cavalo de batalha. Não agrada a toda a gente, mas há sempre aqueles que olham para os filmes não pela sua recriação sem mácula da realidade, mas sim pela capacidade que estes têm de nos entreter durante algumas horas e fazer esquecer tudo o que nos rodeia, e é a esses que este filme se destina.
O melhor: os momentos de acção espectacular.
O pior: os efeitos especiais.
Alternativas: Sin City (2005), Shoot 'Em Up (2007), The Dark Knight (2008)
Classificação IMDB: 6.2/10
Classificação RottenTomatoes: 4.3/10
sexta-feira, 19 de junho de 2009
In The Electric Mist (2008)
Género: Drama/Thriller
Realizador: Bertrand Tavernier
Com: Tommy Lee Jones, John Goodman, Peter Sarsgaard e Justina Machado, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Dave Robicheaux é detective da polícia da pequena comunidade de New Iberia, nos arredores de New Orleans. Em mãos tem o caso de um brutal assassinato de uma prostituta local, que ele tenta ligar a Julie "Baby Feet" Balboni, um mafioso local. Enquanto isso, a gravação de um filme com grandes estrelas do cinema inicia-se na localidade, e a excentricidade de actores e produtores vem abalar a tranquilidade instalada na população. Simultaneamente, um esqueleto encontrado em circunstâncias estranhas vem levantar a poeira que estava assente sobre um terrível acontecimento esquecido no passado.
Tommy Lee Jones volta a encarnar uma figura da lei à moda antiga, o típico xerife dos tempos modernos, que parece ainda teimar viver nas regiões mais a sul dos Estados Unidos, como o Texas ou o Louisiana. E o seu desempenho também está ao nível a que nos habituou, um actor experiente como ele não engana. O resto do elenco, desde os actores mais reputados até aos desconhecidos, cumpre competentemente a sua missão, mas não esperem nenhuma performance de encher o olho.
Longe de ser um filme brilhante, "In The Electric Mist" vai ainda assim buscar alguma força com o seu estilo narrativo diferente, ao qual não é alheio o facto de ser realizado e produzido por um francês. Com uma série de histórias secundárias que dão profundidade ao enredo, temo aqui um drama emotivo, com um ritmo lento, que tenta captar a essência da população local e do espaço onde vivem, e onde o lado criminal, ao contrário do que se possa pensar à partida, é apenas acessório.
Um filme que só posso recomendar aos verdadeiros amantes do género, pois é sem dúvida um filme que não agradará a toda a gente.
O melhor: boa recriação do ambiente local.
O pior: algumas cenas são um bocado forçadas.
Alternativas: Mystic River (2003)
Classificação IMDB: 6.2/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
Realizador: Bertrand Tavernier
Com: Tommy Lee Jones, John Goodman, Peter Sarsgaard e Justina Machado, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Dave Robicheaux é detective da polícia da pequena comunidade de New Iberia, nos arredores de New Orleans. Em mãos tem o caso de um brutal assassinato de uma prostituta local, que ele tenta ligar a Julie "Baby Feet" Balboni, um mafioso local. Enquanto isso, a gravação de um filme com grandes estrelas do cinema inicia-se na localidade, e a excentricidade de actores e produtores vem abalar a tranquilidade instalada na população. Simultaneamente, um esqueleto encontrado em circunstâncias estranhas vem levantar a poeira que estava assente sobre um terrível acontecimento esquecido no passado.
Tommy Lee Jones volta a encarnar uma figura da lei à moda antiga, o típico xerife dos tempos modernos, que parece ainda teimar viver nas regiões mais a sul dos Estados Unidos, como o Texas ou o Louisiana. E o seu desempenho também está ao nível a que nos habituou, um actor experiente como ele não engana. O resto do elenco, desde os actores mais reputados até aos desconhecidos, cumpre competentemente a sua missão, mas não esperem nenhuma performance de encher o olho.
Longe de ser um filme brilhante, "In The Electric Mist" vai ainda assim buscar alguma força com o seu estilo narrativo diferente, ao qual não é alheio o facto de ser realizado e produzido por um francês. Com uma série de histórias secundárias que dão profundidade ao enredo, temo aqui um drama emotivo, com um ritmo lento, que tenta captar a essência da população local e do espaço onde vivem, e onde o lado criminal, ao contrário do que se possa pensar à partida, é apenas acessório.
Um filme que só posso recomendar aos verdadeiros amantes do género, pois é sem dúvida um filme que não agradará a toda a gente.
O melhor: boa recriação do ambiente local.
O pior: algumas cenas são um bocado forçadas.
Alternativas: Mystic River (2003)
Classificação IMDB: 6.2/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Seven Pounds (2008)
Género: Drama
Realizador: Gabriele Muccino
Com: Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson e Michael Ealy, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Em "Seven Pounds" acompanhamos um período turbulento na vida de Thomas, um ex-engenheiro aeronáutico. Perseguido pelos fantasmas de um terrível acontecimento no passado, Thomas procura a redenção ajudando e transformando radicalmente a vida de sete pessoas.
Já me tinham sido transmitidas boas impressões acerca deste filme por parte de amigos, que tiveram o cuidado de não revelar qualquer pormenor da história, e portanto as minhas expectativas estavam, de certa forma, algo elevadas. Mas este é um filme com um ritmo lento, que conta a sua história calmamente, misturando situações díspares e tornando-se até confuso em algumas situações. E durante uma grande parte do filme a história permanece confusa e até desconexa, com muitas questões no ar e acções que parecem contraditórias, o que de certa forma causa um paradoxo na mente da audiência pois ao mesmo tempo que se torna cada vez mais frustrante a sua visualização, o desejo de descobrir o segredo por trás do protagonista também vai aumentando. E então, após a revelação deste, todas as peças encaixam perfeitamente e somos completamente assolados por uma torrente de emoções enquanto ainda tentamos digerir aquilo que presenciamos.
É um filme com uma história complexa e uma premissa muito forte, que mexe com os nossos sentimentos e que no final nos deixa emocionalmente destroçados. Mas é, ao mesmo tempo, um filme lindíssimo.
Will Smith, longe de ser um actor com a admiração generaliza do grande público, mostra neste filme porque é que é um dos actores mais versáteis da actualidade, na minha opinião. Depois dos fantásticos "Ali" e "The Pursuit of Happyness", e dos mais comerciais "Hancock" e "I Am Legend", Will Smith apresenta-nos neste filme uma personagem memorável, e tem um desempenho perfeito em todos os aspectos. No que diz respeito a personagens, destaco ainda Rosario Dawson, que nos traz uma personagem simpática, doce e também muito bem interpretada.
Por tudo isto, "Seven Pounds" é um filme que irá permanecer na minha memória durante bastante tempo, e como tal só o posso recomendar. Tal como disse, o ínicio pode ser confuso, mas vale bem a pena esperar pelo seu culminar.
O melhor: o final.
O pior: muito confuso durante grande parte da sua duração.
Alternativas: Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain (2001), The Pursuit Of Happyness (2006), Sunshine (2007)
Classificação IMDB: 7.6/10
Classificação RottenTomatoes: 4.6/10
Realizador: Gabriele Muccino
Com: Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson e Michael Ealy, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Em "Seven Pounds" acompanhamos um período turbulento na vida de Thomas, um ex-engenheiro aeronáutico. Perseguido pelos fantasmas de um terrível acontecimento no passado, Thomas procura a redenção ajudando e transformando radicalmente a vida de sete pessoas.
Já me tinham sido transmitidas boas impressões acerca deste filme por parte de amigos, que tiveram o cuidado de não revelar qualquer pormenor da história, e portanto as minhas expectativas estavam, de certa forma, algo elevadas. Mas este é um filme com um ritmo lento, que conta a sua história calmamente, misturando situações díspares e tornando-se até confuso em algumas situações. E durante uma grande parte do filme a história permanece confusa e até desconexa, com muitas questões no ar e acções que parecem contraditórias, o que de certa forma causa um paradoxo na mente da audiência pois ao mesmo tempo que se torna cada vez mais frustrante a sua visualização, o desejo de descobrir o segredo por trás do protagonista também vai aumentando. E então, após a revelação deste, todas as peças encaixam perfeitamente e somos completamente assolados por uma torrente de emoções enquanto ainda tentamos digerir aquilo que presenciamos.
É um filme com uma história complexa e uma premissa muito forte, que mexe com os nossos sentimentos e que no final nos deixa emocionalmente destroçados. Mas é, ao mesmo tempo, um filme lindíssimo.
Will Smith, longe de ser um actor com a admiração generaliza do grande público, mostra neste filme porque é que é um dos actores mais versáteis da actualidade, na minha opinião. Depois dos fantásticos "Ali" e "The Pursuit of Happyness", e dos mais comerciais "Hancock" e "I Am Legend", Will Smith apresenta-nos neste filme uma personagem memorável, e tem um desempenho perfeito em todos os aspectos. No que diz respeito a personagens, destaco ainda Rosario Dawson, que nos traz uma personagem simpática, doce e também muito bem interpretada.
Por tudo isto, "Seven Pounds" é um filme que irá permanecer na minha memória durante bastante tempo, e como tal só o posso recomendar. Tal como disse, o ínicio pode ser confuso, mas vale bem a pena esperar pelo seu culminar.
O melhor: o final.
O pior: muito confuso durante grande parte da sua duração.
Alternativas: Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain (2001), The Pursuit Of Happyness (2006), Sunshine (2007)
Classificação IMDB: 7.6/10
Classificação RottenTomatoes: 4.6/10
terça-feira, 16 de junho de 2009
Australia (2008)
Género: Aventura/Drama/Romance
Realizador: Baz Luhrmann
Com: Nicole Kidman, Hugh Jackman, Brandon Walters e David Wenham, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lady Sarah Ashley é uma aristocrata que vive luxuosamente na sua mansão em Inglaterra, enquanto Maitland Ashley, seu marido, gere um rancho que a família herdou na Austrália. Em 1939, após uma ausência prolongada do seu marido, Lady Ashley decide embarcar para a Austrália para forçar Maitland a concluir as suas actividades lá e juntos retornarem à pátria-mãe. Drover, um vaqueiro australiano, espera-a no porto de Darwin e transporta-a até ao rancho de Faraway Downs, no norte do país. Mas as coisas estão bem pior do que ela pensava: o seu marido foi assassinado e o melhor gado foi aparentemente roubado pelo administrador do rancho, Neil Fletcher, que trabalha paralelamente para King Carney, o maior produtor de vacas da Austrália. Lady Ashley só tem uma hipótese para salvar o rancho: recuperar o gado roubado e transportar os cerca de 1.500 animais até Darwin para serem vendidos ao Exército, tal como o seu falecido marido queria, utilizando o dinheiro ganho para manter o rancho em operação. Tudo isto enquanto a II Guerra Mundial se inicia e um ataque por parte do Japão se torna cada vez mais provável...
Este filme é uma aventura em tempo de guerra, com uma forte componente romântica e uma pitada de comédia. As fantásticas paisagens do interior australiano servem de cenário para uma história que vai buscar alguma inspiração ao cinema western. O modo de vida dos colonos e dos locais num ambiente hostil é retratado de uma forma que denota preocupação pela autenticidade. Há também um esforço do realizador e dos argumentistas no sentido de relatar as injustiças sofridas pelas chamadas "Gerações Roubadas", crianças mestiças nascidas de relações entre os colonos brancos e os aborígenes locais, que eram enviados para missões católicas a fim de combater o paganismo.
O filme começa de uma forma um tanto ou quanto lenta, numa tentativa de contextualizar a história, mas que mesmo assim nos consegue proporcionar alguns bons momentos. Após esta fase inicial o filme adopta um ritmo mais agradável, conseguindo manter atenta a audiência. Porém, o filme peca por romantizar em demasia o enredo, o que resulta numa previsibilidade de bradar aos céus, que nem uma série de twists consegue colmatar.
As personagens apresentam-nos também comportamentos que são, no mínimo, discutíveis. O pequeno Nullah, que capta a nossa simpatia desde a sua primeira cena, oscila entre acções com uma grande dose autenticidade e outras que são claramente artificiais, como exemplo saliento a voz quando ele canta (que claramente não é a dele!), que apesar do misticismo que traz ao filme está completamente desajustada. Saliento também uma certa falta de química entre Nicole Kidman e Hugh Jackman. Apesar do desempenho dos actores poder deixar, a espaços, algo a desejar, a origem dos problemas das personagens advêm principalmente do enredo previsível e com demasiados clichés.
Ao nível dos cenários há também algumas lacunas, principalmente nas cenas nocturnas com planos médios, onde um olhar mais atento revela claramente que a cena não está a ser gravada num cenário natural mas sim dentro de um estúdio ou similar. Algumas cenas que recorrem a CGI também se revelam muito artificiais.
Há duas formas de olhar para este filme. Se olharmos para ele como um retrato fiel e autêntico da vida na Austrália no início da década de 1940, então as suas mais-valias não são suficientes para vos convencer a darem-lhe uma oportunidade. Se, por outro lado, procuram um filme para toda a família, com uma história romântica e comovente, mas também com alguma dose de aventura, então não precisam de procurar mais pois encontram neste filme exactamente aquilo que procuram. Neste aspecto está ao nível dos filmes de animação da Disney como "Pocahontas" e "A Pequena Sereia".
O melhor: um bom filme para ver com toda a família.
O pior: extremamente previsível; demasiado romancizado para poder ser levado a sério.
Alternativas: The African Queen (1951), Pocahontas (1995), Pearl Harbor (2001), Cold Mountain (2003)
Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
Realizador: Baz Luhrmann
Com: Nicole Kidman, Hugh Jackman, Brandon Walters e David Wenham, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lady Sarah Ashley é uma aristocrata que vive luxuosamente na sua mansão em Inglaterra, enquanto Maitland Ashley, seu marido, gere um rancho que a família herdou na Austrália. Em 1939, após uma ausência prolongada do seu marido, Lady Ashley decide embarcar para a Austrália para forçar Maitland a concluir as suas actividades lá e juntos retornarem à pátria-mãe. Drover, um vaqueiro australiano, espera-a no porto de Darwin e transporta-a até ao rancho de Faraway Downs, no norte do país. Mas as coisas estão bem pior do que ela pensava: o seu marido foi assassinado e o melhor gado foi aparentemente roubado pelo administrador do rancho, Neil Fletcher, que trabalha paralelamente para King Carney, o maior produtor de vacas da Austrália. Lady Ashley só tem uma hipótese para salvar o rancho: recuperar o gado roubado e transportar os cerca de 1.500 animais até Darwin para serem vendidos ao Exército, tal como o seu falecido marido queria, utilizando o dinheiro ganho para manter o rancho em operação. Tudo isto enquanto a II Guerra Mundial se inicia e um ataque por parte do Japão se torna cada vez mais provável...
Este filme é uma aventura em tempo de guerra, com uma forte componente romântica e uma pitada de comédia. As fantásticas paisagens do interior australiano servem de cenário para uma história que vai buscar alguma inspiração ao cinema western. O modo de vida dos colonos e dos locais num ambiente hostil é retratado de uma forma que denota preocupação pela autenticidade. Há também um esforço do realizador e dos argumentistas no sentido de relatar as injustiças sofridas pelas chamadas "Gerações Roubadas", crianças mestiças nascidas de relações entre os colonos brancos e os aborígenes locais, que eram enviados para missões católicas a fim de combater o paganismo.
O filme começa de uma forma um tanto ou quanto lenta, numa tentativa de contextualizar a história, mas que mesmo assim nos consegue proporcionar alguns bons momentos. Após esta fase inicial o filme adopta um ritmo mais agradável, conseguindo manter atenta a audiência. Porém, o filme peca por romantizar em demasia o enredo, o que resulta numa previsibilidade de bradar aos céus, que nem uma série de twists consegue colmatar.
As personagens apresentam-nos também comportamentos que são, no mínimo, discutíveis. O pequeno Nullah, que capta a nossa simpatia desde a sua primeira cena, oscila entre acções com uma grande dose autenticidade e outras que são claramente artificiais, como exemplo saliento a voz quando ele canta (que claramente não é a dele!), que apesar do misticismo que traz ao filme está completamente desajustada. Saliento também uma certa falta de química entre Nicole Kidman e Hugh Jackman. Apesar do desempenho dos actores poder deixar, a espaços, algo a desejar, a origem dos problemas das personagens advêm principalmente do enredo previsível e com demasiados clichés.
Ao nível dos cenários há também algumas lacunas, principalmente nas cenas nocturnas com planos médios, onde um olhar mais atento revela claramente que a cena não está a ser gravada num cenário natural mas sim dentro de um estúdio ou similar. Algumas cenas que recorrem a CGI também se revelam muito artificiais.
Há duas formas de olhar para este filme. Se olharmos para ele como um retrato fiel e autêntico da vida na Austrália no início da década de 1940, então as suas mais-valias não são suficientes para vos convencer a darem-lhe uma oportunidade. Se, por outro lado, procuram um filme para toda a família, com uma história romântica e comovente, mas também com alguma dose de aventura, então não precisam de procurar mais pois encontram neste filme exactamente aquilo que procuram. Neste aspecto está ao nível dos filmes de animação da Disney como "Pocahontas" e "A Pequena Sereia".
O melhor: um bom filme para ver com toda a família.
O pior: extremamente previsível; demasiado romancizado para poder ser levado a sério.
Alternativas: The African Queen (1951), Pocahontas (1995), Pearl Harbor (2001), Cold Mountain (2003)
Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
Cadillac Records (2008)
Género: Drama/Biografia/Música
Realizador: Darnell Martin
Com: Adrien Brody, Jeffrey Wright, Cedric the Entertainer e Beyoncé Knowles, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Este filme baseia-se numa história real, relatando os eventos que tornaram um pequeno estúdio de gravação numa das maiores editoras discográficas dos Estados Unidos, a mítica Chess Records. É a história do sonho americano de Leonard e Phil Chess, polacos nascidos nos Estados Unidos, responsáveis por colocar em disco o talento de figuras incontornáveis na história da música como Muddy Waters e Chuck Berry. O nome "Cadillac Records" é o nome pelo qual a empresa ficou conhecida devido ao hábito dos seus donos oferecerem carros da reputada marca americana aos artistas como recompensa pelo seu sucesso.
O filme tem alguns aspectos muito positivos, mas também tem algumas falhas. Vamos começar pelas falhas. A primeira tem a ver com o argumento, que tenta condensar ao máximo as várias personagens, acabando por se tornar algo confuso tal a rapidez com que os capítulos da história são contados. A título de exemplo, só no terço final do filme é que percebi que aquele que me parecia um simples técnico de gravação era apenas e só Phil Chess... Isto faz também com que alguns dos arcos dramáticos das personagens não sejam completamente explorados e, por conseguinte, não nos consiga cativar completamente. Outro aspecto negativo tem a ver com a caracterização, pois os personagens parecem não envelhecer com o passar dos anos, salvo a excepção de alguns cabelos grisalhos em Adrien Brody.
Mas as qualidades acabam por, aparentemente, superar os defeitos. Musicalmente, o filme está perfeito, com as cenas das actuações e das gravações dos artistas muito bem conseguidas, e que nos conseguem pôr a dançar na cadeira. A nível histórico, a película consegue traçar também um retrato muito fiel daquela que era a sociedade à época, bem como um relato muito elucidativo da importância da Chess Records no mundo da música, e ainda ao apresentar uma série de artistas cujos nomes são ainda hoje referências no panorama musical mundial.
No que diz respeito a desempenhos dos actores, Adrien Brody está ao nível a que nos habituou, embora não atinja o esplendor alcançado com "The Pianist". Há ainda boas performances por parte de Jeffey Wright, Columbus Short, Eamonn Walker, Gabrielle Union e Mos Def, sem no entanto nenhum se salientar. Beyoncé dá aqui mais uma perninha no mundo do cinema, no papel de uma cantora negra (novamente!), conseguindo um desempenho muito satisfatório, notando-se ainda alguma falta de experiência em certos momentos, em que não consegue agir de forma natural. Cumpre os requisitos, no entanto. No geral, estamos sem dúvida na presença de um bom elenco.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que estamos perante um filme bastante interessante, mas que não está isento de falhas. Se gosta de boa música, encontra aqui sem dúvida alguns dos melhores momentos que Hollywood nos proporciona, e garanto-lhe que terá uma experiência muito agradável.
O melhor: a música.
O pior: o argumento podia ser melhor construído.
Alternativas: A Hard Day's Night (1964), Ray (2004), Walk The Line (2005)
Classificação IMDB: 6.7/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
Realizador: Darnell Martin
Com: Adrien Brody, Jeffrey Wright, Cedric the Entertainer e Beyoncé Knowles, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Este filme baseia-se numa história real, relatando os eventos que tornaram um pequeno estúdio de gravação numa das maiores editoras discográficas dos Estados Unidos, a mítica Chess Records. É a história do sonho americano de Leonard e Phil Chess, polacos nascidos nos Estados Unidos, responsáveis por colocar em disco o talento de figuras incontornáveis na história da música como Muddy Waters e Chuck Berry. O nome "Cadillac Records" é o nome pelo qual a empresa ficou conhecida devido ao hábito dos seus donos oferecerem carros da reputada marca americana aos artistas como recompensa pelo seu sucesso.
O filme tem alguns aspectos muito positivos, mas também tem algumas falhas. Vamos começar pelas falhas. A primeira tem a ver com o argumento, que tenta condensar ao máximo as várias personagens, acabando por se tornar algo confuso tal a rapidez com que os capítulos da história são contados. A título de exemplo, só no terço final do filme é que percebi que aquele que me parecia um simples técnico de gravação era apenas e só Phil Chess... Isto faz também com que alguns dos arcos dramáticos das personagens não sejam completamente explorados e, por conseguinte, não nos consiga cativar completamente. Outro aspecto negativo tem a ver com a caracterização, pois os personagens parecem não envelhecer com o passar dos anos, salvo a excepção de alguns cabelos grisalhos em Adrien Brody.
Mas as qualidades acabam por, aparentemente, superar os defeitos. Musicalmente, o filme está perfeito, com as cenas das actuações e das gravações dos artistas muito bem conseguidas, e que nos conseguem pôr a dançar na cadeira. A nível histórico, a película consegue traçar também um retrato muito fiel daquela que era a sociedade à época, bem como um relato muito elucidativo da importância da Chess Records no mundo da música, e ainda ao apresentar uma série de artistas cujos nomes são ainda hoje referências no panorama musical mundial.
No que diz respeito a desempenhos dos actores, Adrien Brody está ao nível a que nos habituou, embora não atinja o esplendor alcançado com "The Pianist". Há ainda boas performances por parte de Jeffey Wright, Columbus Short, Eamonn Walker, Gabrielle Union e Mos Def, sem no entanto nenhum se salientar. Beyoncé dá aqui mais uma perninha no mundo do cinema, no papel de uma cantora negra (novamente!), conseguindo um desempenho muito satisfatório, notando-se ainda alguma falta de experiência em certos momentos, em que não consegue agir de forma natural. Cumpre os requisitos, no entanto. No geral, estamos sem dúvida na presença de um bom elenco.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que estamos perante um filme bastante interessante, mas que não está isento de falhas. Se gosta de boa música, encontra aqui sem dúvida alguns dos melhores momentos que Hollywood nos proporciona, e garanto-lhe que terá uma experiência muito agradável.
O melhor: a música.
O pior: o argumento podia ser melhor construído.
Alternativas: A Hard Day's Night (1964), Ray (2004), Walk The Line (2005)
Classificação IMDB: 6.7/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
sábado, 13 de junho de 2009
Cztery Noce Z Anna (Four Nights With Anna) (2008)
Género: Drama
Realizador: Jerzy Skolimowski
Com: Artur Steranko, Kinga Preis, Jerzy Fedorowicz e Redbad Klynstra, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"Cztery Noce Z Anna" é um filme polaco, e portanto mais alternativo e porventura menos capaz de captar a atenção do público em geral. Localizado numa pequena, escura e suja vila industrial no norte da Polónia, acompanha a vida de Leon, um homem de meia idade, que trabalha no crematório de um hospital, e que vive com a sua doente mãe nos arredores deste. Um terreno baldio separa a sua casa dos aposentos das enfermeiras, onde Anna vive. Leon desenvolve uma obsessão por esta, e congemina um plano para se infiltrar na casa desta durante a noite. Mas o seu objectivo não é óbvio, ao contrário do que possa imaginar...
Este é um filme depressivo, um drama pesado e sombrio, em torno de um homem solitário, tímido e com um aparentemente ligeiro problema mental. É um filme que recorre mais à imagem do que à palavra para contar a sua história, havendo poucos diálogos durante a sua duração. Nota-se, a espaços, algumas cenas que trazem à memória o cinema suspense de Hitchcock, no entanto "Cztery Noce Z Anna" apresenta, no geral, uma trama demasiado previsível para nos surpreender.
As limitações do orçamento são visíveis, o que resulta em algumas situações no mínimo rídiculas, como uma cena logo no início onde se vê uma vaca morta a flutuar rio abaixo, ao sabor da corrente, mas onde se nota claramente que a vaca não é nada mais do que um simples bloco de esferovite ou similar, esculpido na forma do animal. Felizmente que isto não é suficiente para estragar o resto da experiência, que tira especial partido dos cenários, do ambiente e da decadência dos edifícios da vila, inspirados nas pequenas cidades da antiga união soviética. É um filme curto mas muito bem realizado, com um objectivo bem definido e que cumpre bem a sua missão, mas que também não tenta mais do que isso. Uma última nota para Artur Steranko, com um grande desempenho no papel de protagonista.
O melhor: Artur Steranko e a sua personagem.
O pior: demasiado simplista.
Alternativas: L'Histoire D'Adèle H. (1975), Átame! (1975)
Classificação IMDB: 7.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Jerzy Skolimowski
Com: Artur Steranko, Kinga Preis, Jerzy Fedorowicz e Redbad Klynstra, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"Cztery Noce Z Anna" é um filme polaco, e portanto mais alternativo e porventura menos capaz de captar a atenção do público em geral. Localizado numa pequena, escura e suja vila industrial no norte da Polónia, acompanha a vida de Leon, um homem de meia idade, que trabalha no crematório de um hospital, e que vive com a sua doente mãe nos arredores deste. Um terreno baldio separa a sua casa dos aposentos das enfermeiras, onde Anna vive. Leon desenvolve uma obsessão por esta, e congemina um plano para se infiltrar na casa desta durante a noite. Mas o seu objectivo não é óbvio, ao contrário do que possa imaginar...
Este é um filme depressivo, um drama pesado e sombrio, em torno de um homem solitário, tímido e com um aparentemente ligeiro problema mental. É um filme que recorre mais à imagem do que à palavra para contar a sua história, havendo poucos diálogos durante a sua duração. Nota-se, a espaços, algumas cenas que trazem à memória o cinema suspense de Hitchcock, no entanto "Cztery Noce Z Anna" apresenta, no geral, uma trama demasiado previsível para nos surpreender.
As limitações do orçamento são visíveis, o que resulta em algumas situações no mínimo rídiculas, como uma cena logo no início onde se vê uma vaca morta a flutuar rio abaixo, ao sabor da corrente, mas onde se nota claramente que a vaca não é nada mais do que um simples bloco de esferovite ou similar, esculpido na forma do animal. Felizmente que isto não é suficiente para estragar o resto da experiência, que tira especial partido dos cenários, do ambiente e da decadência dos edifícios da vila, inspirados nas pequenas cidades da antiga união soviética. É um filme curto mas muito bem realizado, com um objectivo bem definido e que cumpre bem a sua missão, mas que também não tenta mais do que isso. Uma última nota para Artur Steranko, com um grande desempenho no papel de protagonista.
O melhor: Artur Steranko e a sua personagem.
O pior: demasiado simplista.
Alternativas: L'Histoire D'Adèle H. (1975), Átame! (1975)
Classificação IMDB: 7.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
segunda-feira, 8 de junho de 2009
The Hurt Locker (2009)
Género: Guerra/Drama
Realizador: Kathryn Bigelow
Com: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty e Ralph Fiennes, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"The Hurt Locker" é uma visão sobre um grupo de soldados especializados em desarmamento de explosivos. Um grupo de homens que trabalham diariamente para protegerem os restantes soldados e as populações locais dos engenhos explosivos armados por extremistas muçulmanos. Quando um novo sargento, James, é destacado para liderar a Companhia Bravo, uma equipa altamente treinada a cerca de um mês do final da sua comissão, este surpreende os seus dois subordinados ao recusar utilizar as técnicas de desactivação mais seguras, preferindo proceder ao desarmadilhamento dos engenhos de forma manual, colocando a sua vida em risco. Aos olhos de todos os que o rodeiam, James comporta-se como se a morte lhe fosse indiferente.
O filme abre com uma citação de um livro de Chris Hedges ("War Is a Force That Gives Us Meaning") que traça o mote para aquilo que vamos presenciar: "O calor da batalha é um vício potente e letal, porque a guerra é uma droga". E o comportamento do Sargento James parece justificar esta afirmação. Mas será ele apenas um cowboy, viciado em adrenalina, que põe em perigo a sua vida e a dos membros da sua equipa? Ou serão a sua experiência e talento - ele afirma ter desarmado 873 engenhos na sua carreira - capazes de estimar com maior precisão um nível de risco aceitável? E, afinal de contas, o que é um nível de risco aceitável, quando as estatísticas mostram que, mesmo cumprindo todos os protocolos de segurança, têm uma probabilidade de morte ou ferimento cinco vezes superior a qualquer outro soldado?
E é com estas questões em mente que acompanhamos a actividade desta equipa no caos da guerra no Iraque, onde qualquer um é um inimigo em potencial e qualquer objecto pode ser uma bomba fatal. Aqui tenho que realçar o excelente trabalho de câmara, que nos faz sentir, tal como os personagens, sobre uma ameaça que parece vir de todos os lados.
O ritmo também se mostra surpreendentemente adequado, com sequências rápidas que nos fazem subir a adrenalina, intercaladas com os momentos de grande tensão nas cenas com os explosivos.
"The Hurt Locker" utiliza uma técnica narrativa diferente daquela a que Hollywood nos habituou. Cada missão da equipa tem o seu próprio arco dramático, e a última não é mais intensa do que a primeira. A tensão é cumulativa, não está ancorada ao enredo. Também não há desenvolvimento das personagens, estas são, no final, as mesmas que o iniciaram. O desenvolvimento ocorre em nós: ao acumularmos conhecimento sobre as personagens e a sua situação, são as nossas atitudes e sentimentos que mudam.
Um argumento sólido e coerente, e um profissionalismo exemplar (o filme foi gravado na Jordânia, a apenas 10km da fronteira com o Iraque, com temperaturas de 49ºC que causaram problemas em vários membros da produção) são os pilares de um filme que, aliados a uma realização sem mácula e performances convincentes dos actores, nos oferece uma das melhores e mais originais experiências de guerra dos últimos tempos.
O melhor: imersão do espectador; ausência de qualquer ideologia política.
O pior: não é um filme para agradar às massas.
Alternativas: Apocalypse Now (1979), Full Metal Jacket (1987), Black Hawk Down (2001)
Classificação IMDB: 7.5/10
Classificação RottenTomatoes: 6.9/10
Realizador: Kathryn Bigelow
Com: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty e Ralph Fiennes, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"The Hurt Locker" é uma visão sobre um grupo de soldados especializados em desarmamento de explosivos. Um grupo de homens que trabalham diariamente para protegerem os restantes soldados e as populações locais dos engenhos explosivos armados por extremistas muçulmanos. Quando um novo sargento, James, é destacado para liderar a Companhia Bravo, uma equipa altamente treinada a cerca de um mês do final da sua comissão, este surpreende os seus dois subordinados ao recusar utilizar as técnicas de desactivação mais seguras, preferindo proceder ao desarmadilhamento dos engenhos de forma manual, colocando a sua vida em risco. Aos olhos de todos os que o rodeiam, James comporta-se como se a morte lhe fosse indiferente.
O filme abre com uma citação de um livro de Chris Hedges ("War Is a Force That Gives Us Meaning") que traça o mote para aquilo que vamos presenciar: "O calor da batalha é um vício potente e letal, porque a guerra é uma droga". E o comportamento do Sargento James parece justificar esta afirmação. Mas será ele apenas um cowboy, viciado em adrenalina, que põe em perigo a sua vida e a dos membros da sua equipa? Ou serão a sua experiência e talento - ele afirma ter desarmado 873 engenhos na sua carreira - capazes de estimar com maior precisão um nível de risco aceitável? E, afinal de contas, o que é um nível de risco aceitável, quando as estatísticas mostram que, mesmo cumprindo todos os protocolos de segurança, têm uma probabilidade de morte ou ferimento cinco vezes superior a qualquer outro soldado?
E é com estas questões em mente que acompanhamos a actividade desta equipa no caos da guerra no Iraque, onde qualquer um é um inimigo em potencial e qualquer objecto pode ser uma bomba fatal. Aqui tenho que realçar o excelente trabalho de câmara, que nos faz sentir, tal como os personagens, sobre uma ameaça que parece vir de todos os lados.
O ritmo também se mostra surpreendentemente adequado, com sequências rápidas que nos fazem subir a adrenalina, intercaladas com os momentos de grande tensão nas cenas com os explosivos.
"The Hurt Locker" utiliza uma técnica narrativa diferente daquela a que Hollywood nos habituou. Cada missão da equipa tem o seu próprio arco dramático, e a última não é mais intensa do que a primeira. A tensão é cumulativa, não está ancorada ao enredo. Também não há desenvolvimento das personagens, estas são, no final, as mesmas que o iniciaram. O desenvolvimento ocorre em nós: ao acumularmos conhecimento sobre as personagens e a sua situação, são as nossas atitudes e sentimentos que mudam.
Um argumento sólido e coerente, e um profissionalismo exemplar (o filme foi gravado na Jordânia, a apenas 10km da fronteira com o Iraque, com temperaturas de 49ºC que causaram problemas em vários membros da produção) são os pilares de um filme que, aliados a uma realização sem mácula e performances convincentes dos actores, nos oferece uma das melhores e mais originais experiências de guerra dos últimos tempos.
O melhor: imersão do espectador; ausência de qualquer ideologia política.
O pior: não é um filme para agradar às massas.
Alternativas: Apocalypse Now (1979), Full Metal Jacket (1987), Black Hawk Down (2001)
Classificação IMDB: 7.5/10
Classificação RottenTomatoes: 6.9/10
terça-feira, 2 de junho de 2009
Thick as Thieves (2009)
Género: Acção/Crime
Realizador: Mimi Leder
Com: Morgan Freeman, Antonio Banderas, Radha Mitchell e Robert Forster, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Keith Ripley é um veterano especialista em roubos de peças de elevado valor, que se aproxima de Gabriel Martin após este efectuar um corajoso roubo no metro de Nova Iorque. Ripley tem em mente um plano ambicioso: o roubo de dois ovos Fabergé no valor de 40 milhões de dólares.
Este filme segue a premissa de qualquer argumento que gire em torno de um assalto. Este tipo de filmes tem vários elementos comuns: um trabalho que é considerado praticamente impossível de realizar, ferramentas e gadgets espectaculares, e um planeamento meticuloso. Também comum a todos estes filmes é um twist final, para nos surpreender e nos obrigar a repensar o nosso raciocínio. E de facto tudo isso está presente em "Thick as Thieves".
Ou não estará? É que de facto durante a execução o tal "trabalho impossível" até nem se revela muito complicado... Mas esse aspecto até passa despercebido, porque quando chegamos a essa fase do filme já baixamos as nossas expectativas. Há algumas boas cenas, é certo, mas provavelmente contam-se pelos dedos de uma mão.
Morgan Freeman, que nos habituou a grandes performances, não está exactamente no seu melhor mas nem por isso deixa de ter um bom desempenho, no papel de um homem sábio e experiente. Quanto a Banderas, um actor que "ou se ama ou se odeia", tem uma primeira metade do filme um bastante fraca, melhorando a sua performance na metade final, onde é um pouco mais competente. No entanto nunca se verifica qualquer réstia de química entre os dois protagonistas, o que prejudica claramente a trama. Surpreendentemente (ou não), a personagem que parece mais real e convincente é desempenhada por Radha Mitchell que, apesar do papel secundário parece ter dedicado mais de si a este filme do que qualquer outro actor.
Em jeito de resumo, este é um filme de assaltos medíocre, com desempenhos globalmente razoáveis, mas prejudicado por um argumento fraco e um ritmo desajustado. A evitar, caso contrário arrisca-se a chegar ao fim com a sensação de que foi você quem de facto foi roubado.
O melhor: Radha Mitchell, por exclusão de hipóteses.
O pior: quase tudo.
Alternativas: Du Rififi Chez Les Hommes (1955), Heat (1995), Mission: Impossible (1996), Ocean's Eleven (2002)
Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Mimi Leder
Com: Morgan Freeman, Antonio Banderas, Radha Mitchell e Robert Forster, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Keith Ripley é um veterano especialista em roubos de peças de elevado valor, que se aproxima de Gabriel Martin após este efectuar um corajoso roubo no metro de Nova Iorque. Ripley tem em mente um plano ambicioso: o roubo de dois ovos Fabergé no valor de 40 milhões de dólares.
Este filme segue a premissa de qualquer argumento que gire em torno de um assalto. Este tipo de filmes tem vários elementos comuns: um trabalho que é considerado praticamente impossível de realizar, ferramentas e gadgets espectaculares, e um planeamento meticuloso. Também comum a todos estes filmes é um twist final, para nos surpreender e nos obrigar a repensar o nosso raciocínio. E de facto tudo isso está presente em "Thick as Thieves".
Ou não estará? É que de facto durante a execução o tal "trabalho impossível" até nem se revela muito complicado... Mas esse aspecto até passa despercebido, porque quando chegamos a essa fase do filme já baixamos as nossas expectativas. Há algumas boas cenas, é certo, mas provavelmente contam-se pelos dedos de uma mão.
Morgan Freeman, que nos habituou a grandes performances, não está exactamente no seu melhor mas nem por isso deixa de ter um bom desempenho, no papel de um homem sábio e experiente. Quanto a Banderas, um actor que "ou se ama ou se odeia", tem uma primeira metade do filme um bastante fraca, melhorando a sua performance na metade final, onde é um pouco mais competente. No entanto nunca se verifica qualquer réstia de química entre os dois protagonistas, o que prejudica claramente a trama. Surpreendentemente (ou não), a personagem que parece mais real e convincente é desempenhada por Radha Mitchell que, apesar do papel secundário parece ter dedicado mais de si a este filme do que qualquer outro actor.
Em jeito de resumo, este é um filme de assaltos medíocre, com desempenhos globalmente razoáveis, mas prejudicado por um argumento fraco e um ritmo desajustado. A evitar, caso contrário arrisca-se a chegar ao fim com a sensação de que foi você quem de facto foi roubado.
O melhor: Radha Mitchell, por exclusão de hipóteses.
O pior: quase tudo.
Alternativas: Du Rififi Chez Les Hommes (1955), Heat (1995), Mission: Impossible (1996), Ocean's Eleven (2002)
Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
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