Género: Horror
Realizador: Tom Shankland
Com: Eva Birthistle, Rachel Shelley, Stephen Campbell Moore e Hannah Tointon, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
A poucos dias da passagem de ano, duas famílias juntam-se para festejarem esta época festiva. Estas famílias são constituídas por duas irmãs e respectivos maridos, e pelos seus filhos, quatro crianças e uma adolescente. O período que se afigurava como um par de dias felizes e pacatos depressa se transfigura quando as crianças se começam a comportar de uma forma estranha e se tornam facilmente irritáveis, começando inclusivamente a agredir os próprios pais. Numa mudança para pior, aquilo que poderia ser apenas uma demonstração de falta de educação atinge níveis mais macabros quando um dos pais morre num acidente com um trenó, um evento que parece ter tido a intervenção das crianças.
"The Children" é um perturbador filme britânico que obteve um bom resultado junto da crítica. A sua premissa é simples, e já vista em vários filmes: um conjunto de crianças que, devido a um qualquer evento, se tornam pequenos assassinos e começam a matar todos os adultos em seu redor. Neste filme, a razão que despoleta este comportamento nas crianças não é completamente explicada, optando o realizador por revelar pequenos pormenores que apontam para algo relacionado com uma qualquer doença que contagia as crianças, e que aparentemente estará relacionada com um local no bosque perto da casa. Algumas pessoas não gostarão do facto de não lhes serem transmitidos todos os dados do enredo, mas outras concerteza aplaudirão este pormenor, que acaba por marcar a diferença pois força a audiência a pensar, tornando-a assim parte activa no próprio filme.
E de facto é neste aspecto que o filme sobressai, pois apesar de mostrar algumas cenas mais gráficas, prefere dar ênfase ao aspecto psicológico. Não deixa de ser um filme que não é fácil de ver, principalmente para aqueles que têm filhos, pois a simples ideia de ver pequenas crianças transformadas em frios assassinos chega para nos deixar com um pé atrás. Mas neste aspecto "The Children" diferencia-se dos filmes do género, pois as crianças continuam a ser crianças. Perturbadas e sem o controlo total das suas acções, mas sem se tornarem zombies. Este filme acaba por ser uma crítica àqueles pais super-protectores, que deixam os filhos fazer tudo o que quiserem, e que depois não os conseguem controlar. Em última instância, "The Children" parece tentar colocar uma questão à audiência: Seriam capazes de matar uma criança, ou até mesmo um filho vosso, para salvar a vossa vida ou a de outra pessoa?
O filme acaba por começar a mostrar carências logo no seu aspecto visual, que demonstra claramente um orçamento limitado. E quando se junta um orçamento limitado a um grupo de actores que ainda são crianças, o resultado final pode não ser o melhor... Falta ainda muito trabalho de polimento neste filme. Há muitas cenas que deviam ser revistas e filmadas novamente, e o próprio guião deveria ser melhor trabalhado. Até os actores mais velhos não parecem dar o melhor de si neste filme.
Assim, aquilo que temos é apenas um filme com uma certa aura indie, realizado com paixão, mas que sucumbe devido ao baixo orçamento. Podia ser muito melhor do que é, pois demonstra potencial, mas para mim não passa de um filme medíocre. Volto a referir que esta é apenas a minha opinião pois, tal como disse no início deste post, a crítica parece ter recebido bem "The Children".
O melhor: as crianças não são apenas personagens passivas, como na maioria dos filmes de horror.
O pior: um orçamento reduzido que afecta decisivamente a qualidade do filme.
Alternativas: The Omen (1976), Children of The Corn (1984), Village of the Damned (1995), The Orphan (2009)
Classificação IMDB: 6.4/10
Classificação RottenTomatoes: 6.3/10
Classificação MovieReviews.com: 3.1/5
A minha classificação:
domingo, 31 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
The Reader (2008)
Género: Drama/Romance
Realizador: Stephen Daldry
Com: Kate Winslet, David Kroos, Ralph Fiennes e Bruno Ganz, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Estamos em 1958, na Alemanha. Michael Berg é um adolescente de quinze anos que, num dado dia e em plena rua, sucumbe aos sintomas da escarlatina. O jovem é ajudado por Hanna Schmitz, uma cobradora de bilhetes do eléctrico, quando esta regressava a casa. Após um período de quarentena e convalescença, Michael dirige-se à casa de Hanna para lhe agradecer o seu gesto de bondade. Mas este encontro acabou por despertar sentimentos nos dois, que nem a diferença de idades - Hanna tem trinta e três anos - conseguiu evitar. É o início de uma secreta e tórrida paixão. Michael descobre então que Hanna adora que lhe leiam, e o amor entre ambos intensifica-se ao som dos parágrafos de livros como "A Odisseia" ou "A Dama do Cachorrinho". No final do Verão, Hanna deixa subitamente o emprego e a cidade, sem dizer nada a Michael. Mas os caminhos dos dois viriam a cruzar-se, anos depois, num julgamento em que Hanna Schmitz é acusada de ter trabalhado como guarda de um campo de concentração, durante o regime nazi.
"The Reader" é a adaptação para cinema do romance homónimo do escritor alemão Bernhard Schlink. É uma história profunda, que lida com os problemas sentidos numa Alemanha a viver a ressaca da IIª Guerra Mundial. É a história de um amor proibido, que ainda hoje tiraria o sono a muita gente. É o drama de um homem que viveu toda a sua vida com os fantasmas do passado. E é um filme que nos confronta com nossas emoções.
É um filme com um argumento sólido e coerente, e com uma originalidade que é raro ver no cinema actual. Mas grande parte do sucesso e do bom desempenho de "The Reader" está ligado às grandes performances dos actores. Kate Winslet tem neste filme a melhor performance da sua carreira até ao momento, na minha opinião. O Óscar com que a actriz foi agraciada por este papel atesta da qualidade do seu desempenho e é, por isso, merecido. Mas não posso deixar de mencionar que, para mim, o Óscar deste ano deveria ter sido entregue a Meryl Streep, pela sua performance em "Doubt". David Kross, um jovem praticamente desconhecido em início de carreira, não acusa a pressão e a exigência do seu papel e oferece-nos uma prestação ao mais alto nível. Por último saliento a participação de Ralph Fiennes, na pele de um Michael Berg já mais maduro, na casa dos cinquenta anos, e que consegue transmitir toda a angústia e melancolia de um homem que envelheceu mas que nunca esqueceu o passado.
"The Reader" é uma obra muito bem construída, com uma fotografia exemplar e um trabalho de câmara ao mesmo nível, e com um guarda-roupa de época adequado. Os diálogos são de altíssima qualidade, e a forma como o argumento está escrito faz com que todas as cenas transportem uma forte carga dramática que nunca parece forçada. O realizador também consegue a proeza de, apesar de abordar um tema sensível como o Holocausto, manter a dignidade deste acontecimento ao mesmo tempo que humaniza algumas das pessoas que nele participaram, do lado nazi. A única coisa que me deixou com o pé atrás foi o facto das personagens principais, num dado momento do filme, guardarem um segredo - que nem é nada de muito extraordinário - cuja divulgação poderia possibilitar a ambos um futuro provavelmente melhor.
Nenhum amante de cinema deve perder a oportunidade de assistir a esta obra. É um daqueles filmes que ficam na memória. "The Reader" não é perfeito mas é, sem dúvida, um dos melhores filmes de 2008, e como tal só posso recomendar a sua visualização.
O melhor: Kate Winslet.
O pior: a segunda parte do filme perde alguma coerência.
Alternativas: Malèna (2000), Der Untergang (2004), Notes on a Scandal (2006), Loving Annabelle (2006)
Classificação IMDB: 7.7/10
Classificação RottenTomatoes: 6.3/10
Classificação MovieReviews.com: 3.9/5
A minha classificação:
Realizador: Stephen Daldry
Com: Kate Winslet, David Kroos, Ralph Fiennes e Bruno Ganz, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Estamos em 1958, na Alemanha. Michael Berg é um adolescente de quinze anos que, num dado dia e em plena rua, sucumbe aos sintomas da escarlatina. O jovem é ajudado por Hanna Schmitz, uma cobradora de bilhetes do eléctrico, quando esta regressava a casa. Após um período de quarentena e convalescença, Michael dirige-se à casa de Hanna para lhe agradecer o seu gesto de bondade. Mas este encontro acabou por despertar sentimentos nos dois, que nem a diferença de idades - Hanna tem trinta e três anos - conseguiu evitar. É o início de uma secreta e tórrida paixão. Michael descobre então que Hanna adora que lhe leiam, e o amor entre ambos intensifica-se ao som dos parágrafos de livros como "A Odisseia" ou "A Dama do Cachorrinho". No final do Verão, Hanna deixa subitamente o emprego e a cidade, sem dizer nada a Michael. Mas os caminhos dos dois viriam a cruzar-se, anos depois, num julgamento em que Hanna Schmitz é acusada de ter trabalhado como guarda de um campo de concentração, durante o regime nazi.
"The Reader" é a adaptação para cinema do romance homónimo do escritor alemão Bernhard Schlink. É uma história profunda, que lida com os problemas sentidos numa Alemanha a viver a ressaca da IIª Guerra Mundial. É a história de um amor proibido, que ainda hoje tiraria o sono a muita gente. É o drama de um homem que viveu toda a sua vida com os fantasmas do passado. E é um filme que nos confronta com nossas emoções.
É um filme com um argumento sólido e coerente, e com uma originalidade que é raro ver no cinema actual. Mas grande parte do sucesso e do bom desempenho de "The Reader" está ligado às grandes performances dos actores. Kate Winslet tem neste filme a melhor performance da sua carreira até ao momento, na minha opinião. O Óscar com que a actriz foi agraciada por este papel atesta da qualidade do seu desempenho e é, por isso, merecido. Mas não posso deixar de mencionar que, para mim, o Óscar deste ano deveria ter sido entregue a Meryl Streep, pela sua performance em "Doubt". David Kross, um jovem praticamente desconhecido em início de carreira, não acusa a pressão e a exigência do seu papel e oferece-nos uma prestação ao mais alto nível. Por último saliento a participação de Ralph Fiennes, na pele de um Michael Berg já mais maduro, na casa dos cinquenta anos, e que consegue transmitir toda a angústia e melancolia de um homem que envelheceu mas que nunca esqueceu o passado.
"The Reader" é uma obra muito bem construída, com uma fotografia exemplar e um trabalho de câmara ao mesmo nível, e com um guarda-roupa de época adequado. Os diálogos são de altíssima qualidade, e a forma como o argumento está escrito faz com que todas as cenas transportem uma forte carga dramática que nunca parece forçada. O realizador também consegue a proeza de, apesar de abordar um tema sensível como o Holocausto, manter a dignidade deste acontecimento ao mesmo tempo que humaniza algumas das pessoas que nele participaram, do lado nazi. A única coisa que me deixou com o pé atrás foi o facto das personagens principais, num dado momento do filme, guardarem um segredo - que nem é nada de muito extraordinário - cuja divulgação poderia possibilitar a ambos um futuro provavelmente melhor.
Nenhum amante de cinema deve perder a oportunidade de assistir a esta obra. É um daqueles filmes que ficam na memória. "The Reader" não é perfeito mas é, sem dúvida, um dos melhores filmes de 2008, e como tal só posso recomendar a sua visualização.
O melhor: Kate Winslet.
O pior: a segunda parte do filme perde alguma coerência.
Alternativas: Malèna (2000), Der Untergang (2004), Notes on a Scandal (2006), Loving Annabelle (2006)
Classificação IMDB: 7.7/10
Classificação RottenTomatoes: 6.3/10
Classificação MovieReviews.com: 3.9/5
A minha classificação:
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
The Other End Of The Line (2008)
Género: Romance
Realizador: James Dodson
Com: Jesse Metcalfe, Shriya, Larry Miller e Austin Basis, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Priya Sethi é uma jovem indiana que vive em Mumbai. Priya trabalha num call-center do Citi One Bank Card, uma companhia de cartões de crédito norte-americana. Parte do seu trabalho passa por parecer americana, algo que ela faz facilmente com a ajuda do seu perfeito sotaque, e de uma forte vontade de aprender. Para os clientes do Citi One Bank Card, ela não é Priya Sethi, ela é Jennifer David. Num dia como qualquer outro, Priya entra em contacto com Granger Woodruff, um designer norte-americano, devido a problemas com o seu cartão bancário. Os dois sentem uma química imediata entre eles, mas são incapazes de o admitir. Até que Granger a convida para um encontro em San Francisco. Incapaz de resistir à curiosidade, Priya embarca no primeiro avião em direcção aos Estados Unidos, em busca do desconhecido.
"The Other End Of The Line" é mais um filme que tenta aproveitar o redescobrimento recente da Índia, cinematograficamente falando. "Slumdog Millionaire" é sem dúvida o primeiro título que vem à memória, mas é apenas um de entre as dezenas de filmes que surgiram recentemente e que aproveitam um ou outro aspecto da cultura indiana.
Neste filme, em particular, é retratada a actual tendência das grandes empresas multinacionais em efectuar outsourcing de alguns serviços, recorrendo a companhias indianas criadas especificamente com este propósito. Temos também uma visão das relações intra-familiares indianas, e a tradição dos casamentos "arranjados" pelos pais, muitas vezes sem qualquer tipo de amor entre o casal de noivos.
Estes elementos conseguem trazer alguma frescura ao filme, e dão-lhe aquele toque assumidamente indiano, que parece estar tanto na moda. Embora dependente dos gostos pessoais, tenho a certeza que estes elementos agradarão a praticamente toda a gente. O mesmo já não se pode dizer do resto. Se retirarmos os elementos já referidos, não há muitas diferenças entre "The Other End Of The Line" e a generalidade das comédias românticas. O sentimentalismo muitas vezes exagerado e até forçado, os momentos mais cómicos, os twists previsíveis... tudo isso está presente neste filme. E com tantos elementos já vistos e revistos noutros títulos, "The Other End Of The Line" torna-se rapidamente aborrecido, e parco em interesse.
E depois temos ainda alguns elementos que parecem despropositados, e que deixam no ar a sensação de que o resultado final poderia ser melhor sem eles. Um bom exemplo disto são as sequências que acompanham a viagem da família de Priya até à América, para a trazerem de volta. Outros elementos mereciam ter sido mais trabalhados, pois são centrais para o desenvolvimento da história e parecem um pouco forçados. Enquanto escrevo isto lembro-me imediatamente de me perguntar sobre o que levaria uma rapariga a decidir viajar até aos Estados Unidos, nas vésperas do seu casamento, em busca de algo que nem ela sabe bem o que é.
Os actores também não deslumbram na tela. Shirya Sharan é provavelmente a única excepção, não só pelo facto de ter mais tempo de cena e o filme girar em torno da sua personagem, mas também pela sua beleza e principalmente pela naturalidade com que encarna a pele de Priya. Jesse Metcalfe ("Desperate Housewives") foi uma decepção, em grande parte por parecer mais preocupado em aparecer bem na foto do que em trabalhar para uma boa performance. Mas a culpa não é só sua, pois a sua personagem não parece nada bem construída, nomeadamente em algumas cenas em que deveria mostrar a criatividade que qualquer designer que se preze deveria ter. Os restantes actores tem participações demasiado reduzidas ou irrelevantes, por isso não justificam uma análise mais pormenorizada.
Finalizando, "The Other End Of The Line" é um filme que não traz nada de novo ao género, e que só deverá agradar aos amantes mais fervorosos deste tipo de filmes. A evitar, na minha opinião, principalmente porque há inúmeras opções melhores.
O melhor: o cheirinho a Índia.
O pior: aborrecido, previsível e com muitos buracos no argumento.
Alternativas: Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), Bride & Prejudice (2004), The Notebook (2004)
Classificação IMDB: 5.9/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
Classificação MovieReviews.com: 3.4/5
A minha classificação:
Realizador: James Dodson
Com: Jesse Metcalfe, Shriya, Larry Miller e Austin Basis, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Priya Sethi é uma jovem indiana que vive em Mumbai. Priya trabalha num call-center do Citi One Bank Card, uma companhia de cartões de crédito norte-americana. Parte do seu trabalho passa por parecer americana, algo que ela faz facilmente com a ajuda do seu perfeito sotaque, e de uma forte vontade de aprender. Para os clientes do Citi One Bank Card, ela não é Priya Sethi, ela é Jennifer David. Num dia como qualquer outro, Priya entra em contacto com Granger Woodruff, um designer norte-americano, devido a problemas com o seu cartão bancário. Os dois sentem uma química imediata entre eles, mas são incapazes de o admitir. Até que Granger a convida para um encontro em San Francisco. Incapaz de resistir à curiosidade, Priya embarca no primeiro avião em direcção aos Estados Unidos, em busca do desconhecido.
"The Other End Of The Line" é mais um filme que tenta aproveitar o redescobrimento recente da Índia, cinematograficamente falando. "Slumdog Millionaire" é sem dúvida o primeiro título que vem à memória, mas é apenas um de entre as dezenas de filmes que surgiram recentemente e que aproveitam um ou outro aspecto da cultura indiana.
Neste filme, em particular, é retratada a actual tendência das grandes empresas multinacionais em efectuar outsourcing de alguns serviços, recorrendo a companhias indianas criadas especificamente com este propósito. Temos também uma visão das relações intra-familiares indianas, e a tradição dos casamentos "arranjados" pelos pais, muitas vezes sem qualquer tipo de amor entre o casal de noivos.
Estes elementos conseguem trazer alguma frescura ao filme, e dão-lhe aquele toque assumidamente indiano, que parece estar tanto na moda. Embora dependente dos gostos pessoais, tenho a certeza que estes elementos agradarão a praticamente toda a gente. O mesmo já não se pode dizer do resto. Se retirarmos os elementos já referidos, não há muitas diferenças entre "The Other End Of The Line" e a generalidade das comédias românticas. O sentimentalismo muitas vezes exagerado e até forçado, os momentos mais cómicos, os twists previsíveis... tudo isso está presente neste filme. E com tantos elementos já vistos e revistos noutros títulos, "The Other End Of The Line" torna-se rapidamente aborrecido, e parco em interesse.
E depois temos ainda alguns elementos que parecem despropositados, e que deixam no ar a sensação de que o resultado final poderia ser melhor sem eles. Um bom exemplo disto são as sequências que acompanham a viagem da família de Priya até à América, para a trazerem de volta. Outros elementos mereciam ter sido mais trabalhados, pois são centrais para o desenvolvimento da história e parecem um pouco forçados. Enquanto escrevo isto lembro-me imediatamente de me perguntar sobre o que levaria uma rapariga a decidir viajar até aos Estados Unidos, nas vésperas do seu casamento, em busca de algo que nem ela sabe bem o que é.
Os actores também não deslumbram na tela. Shirya Sharan é provavelmente a única excepção, não só pelo facto de ter mais tempo de cena e o filme girar em torno da sua personagem, mas também pela sua beleza e principalmente pela naturalidade com que encarna a pele de Priya. Jesse Metcalfe ("Desperate Housewives") foi uma decepção, em grande parte por parecer mais preocupado em aparecer bem na foto do que em trabalhar para uma boa performance. Mas a culpa não é só sua, pois a sua personagem não parece nada bem construída, nomeadamente em algumas cenas em que deveria mostrar a criatividade que qualquer designer que se preze deveria ter. Os restantes actores tem participações demasiado reduzidas ou irrelevantes, por isso não justificam uma análise mais pormenorizada.
Finalizando, "The Other End Of The Line" é um filme que não traz nada de novo ao género, e que só deverá agradar aos amantes mais fervorosos deste tipo de filmes. A evitar, na minha opinião, principalmente porque há inúmeras opções melhores.
O melhor: o cheirinho a Índia.
O pior: aborrecido, previsível e com muitos buracos no argumento.
Alternativas: Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995), Bride & Prejudice (2004), The Notebook (2004)
Classificação IMDB: 5.9/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
Classificação MovieReviews.com: 3.4/5
A minha classificação:
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Vinyan (2008)
Género: Drama/Thriller
Realizador: Fabrice Du Welz
Com: Emmanuelle Béart, Rufus Sewell, Petch Osathanugraph e Julie Dreyfus, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Jeanne e Paul Bellmer perderam o seu filho, Joshua, durante o tristemente célebre tsunami que assolou o sudoeste asiático. Seis meses depois do trágico incidente, ainda a viver na Tailândia, o casal desloca-se até Phuket para assistir à apresentação de uma actividade de angariação de fundos para ajudar crianças órfãs que vivem nas selvas de Myanmar. Durante a apresentação, Jeanne acredita ter visto Joshua num vídeo realizada para promover a campanha. O seu marido não consegue identificar o filho no vídeo, e começa a ficar preocupado com o estado mental de Jeanne, mas aceita partir em busca de Joshua. O casal embarca então numa viagem clandestina de barco para Myanmar, transportados por um grupo que se dedica ao tráfico de seres humanos, rumo ao desconhecido.
"Vinyan" é um filme que mistura vários géneros. A história de uma família que procura o seu filho perdido, provavelmente tomado por traficantes de crianças, associam-no imediatamente aos géneros mais óbvios, o drama e o thriller. Mas "Vinyan" tem também a sua pitada de horror e de suspense, à medida que vamos acompanhando o escurecer das mentes das personagens, e a sua descida ao mundo da loucura. É um filme negro, cru e, por vezes, perturbador.
Há algumas imagens de marca neste filme. A câmara, por exemplo, é um deles. O seu movimento constante pode provocar náuseas em alguns espectadores, mas é sem dúvida um elemento diferenciador e original. A câmara tenta simular o ponto de vista das personagens ou, em alternativa, como se víssemos os acontecimentos a partir de uma câmara de vídeo. Para aqueles que se podem estar a questionar, não, não é o mesmo efeito visto em filmes como "Cloverfield" ou "REC", ou até mesmo "The Blair Witch Project". É uma vista na terceira pessoa, mas com um trabalho de câmara diferente. Este efeito funciona melhor em algumas cenas do que outras, obviamente. É fantástica uma sequência nocturna em que os personagens atravessam uma movimentada e obscura rua tailandesa, onde circulam lado a lado comerciantes, prostitutas e mafiosos, com a câmara a mover-se constantemente, tentando captar tudo aquilo que parece interessante. Por outro lado, uma outra sequência em que as personagens se atiram em desespero para o mar revolto, e onde a câmara vai ficando ora submersa ora à tona da água, devido à ondulação, já não funciona tão bem.
Outro aspecto relevante é uma espécie de aura de surrealismo parece envolver "Vinyan". O filme contêm várias cenas que não conseguimos identificar se são realidade ou se são os personagens a delirar e/ou a sonhar. São, na sua maioria, cenas perturbadoras que complementam o filme e que dão o mote para os acontecimentos que se seguirão, numa simbiose perfeita entre imagem e som.
Os actores também estão muito bem. Emmanuelle Béart está absolutamente perfeita, e encarna perfeitamente a personagem de uma mulher que vai sendo lentamente consumida pela dor. É muito bem ladeada por Rufus Sewell, também ele com um desempenho muito bom.
Os defeitos de "Vinyan" fundem-se com as suas virtudes. Algumas situações parecem um pouco exageradas mas, no geral, são adequadas ao tom dramático do filme. Nota-se que há uma preocupação do realizador em manter ambíguas algumas situações, questionando a audiência. Haverá pessoas que criticarão o trabalho de câmara, as performances dos actores e, principalmente, todas aquelas cenas mais arrojadas associadas à alteração do estado mental das personagens. Tudo dependerá do gosto pessoal de cada um, uma vez que este filme não segue um esquema clássico e portanto, ao romper com o tradicional, há sempre o perigo de não agradar às massas. Até para mim, que aprecio o cinema mais alternativo, causou alguma estranheza, por isso não duvido que não agrade a muita gente.
Não tenho muito mais a dizer sobre "Vinyan". Se a temática e a descrição que apresentei lhe chamou à atenção, recomendo que dê uma oportunidade a este filme. Caso contrário nem se preocupe, "Vinyan" não é o filme para si. Veja o trailer, e decida por si se ainda não está totalmente convencido.
O melhor: um filme que acompanha as personagens na sua descida para a loucura, de uma forma que conseguimos sentir.
O pior: o final é demasiado estranho e difícil de digerir.
Alternativas: Lord of the Flies (1963), Apocalypse Now (1979), Lost Highway (1997), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
Classificação MovieReviews.com: 2.3/5
Realizador: Fabrice Du Welz
Com: Emmanuelle Béart, Rufus Sewell, Petch Osathanugraph e Julie Dreyfus, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Jeanne e Paul Bellmer perderam o seu filho, Joshua, durante o tristemente célebre tsunami que assolou o sudoeste asiático. Seis meses depois do trágico incidente, ainda a viver na Tailândia, o casal desloca-se até Phuket para assistir à apresentação de uma actividade de angariação de fundos para ajudar crianças órfãs que vivem nas selvas de Myanmar. Durante a apresentação, Jeanne acredita ter visto Joshua num vídeo realizada para promover a campanha. O seu marido não consegue identificar o filho no vídeo, e começa a ficar preocupado com o estado mental de Jeanne, mas aceita partir em busca de Joshua. O casal embarca então numa viagem clandestina de barco para Myanmar, transportados por um grupo que se dedica ao tráfico de seres humanos, rumo ao desconhecido.
"Vinyan" é um filme que mistura vários géneros. A história de uma família que procura o seu filho perdido, provavelmente tomado por traficantes de crianças, associam-no imediatamente aos géneros mais óbvios, o drama e o thriller. Mas "Vinyan" tem também a sua pitada de horror e de suspense, à medida que vamos acompanhando o escurecer das mentes das personagens, e a sua descida ao mundo da loucura. É um filme negro, cru e, por vezes, perturbador.
Há algumas imagens de marca neste filme. A câmara, por exemplo, é um deles. O seu movimento constante pode provocar náuseas em alguns espectadores, mas é sem dúvida um elemento diferenciador e original. A câmara tenta simular o ponto de vista das personagens ou, em alternativa, como se víssemos os acontecimentos a partir de uma câmara de vídeo. Para aqueles que se podem estar a questionar, não, não é o mesmo efeito visto em filmes como "Cloverfield" ou "REC", ou até mesmo "The Blair Witch Project". É uma vista na terceira pessoa, mas com um trabalho de câmara diferente. Este efeito funciona melhor em algumas cenas do que outras, obviamente. É fantástica uma sequência nocturna em que os personagens atravessam uma movimentada e obscura rua tailandesa, onde circulam lado a lado comerciantes, prostitutas e mafiosos, com a câmara a mover-se constantemente, tentando captar tudo aquilo que parece interessante. Por outro lado, uma outra sequência em que as personagens se atiram em desespero para o mar revolto, e onde a câmara vai ficando ora submersa ora à tona da água, devido à ondulação, já não funciona tão bem.
Outro aspecto relevante é uma espécie de aura de surrealismo parece envolver "Vinyan". O filme contêm várias cenas que não conseguimos identificar se são realidade ou se são os personagens a delirar e/ou a sonhar. São, na sua maioria, cenas perturbadoras que complementam o filme e que dão o mote para os acontecimentos que se seguirão, numa simbiose perfeita entre imagem e som.
Os actores também estão muito bem. Emmanuelle Béart está absolutamente perfeita, e encarna perfeitamente a personagem de uma mulher que vai sendo lentamente consumida pela dor. É muito bem ladeada por Rufus Sewell, também ele com um desempenho muito bom.
Os defeitos de "Vinyan" fundem-se com as suas virtudes. Algumas situações parecem um pouco exageradas mas, no geral, são adequadas ao tom dramático do filme. Nota-se que há uma preocupação do realizador em manter ambíguas algumas situações, questionando a audiência. Haverá pessoas que criticarão o trabalho de câmara, as performances dos actores e, principalmente, todas aquelas cenas mais arrojadas associadas à alteração do estado mental das personagens. Tudo dependerá do gosto pessoal de cada um, uma vez que este filme não segue um esquema clássico e portanto, ao romper com o tradicional, há sempre o perigo de não agradar às massas. Até para mim, que aprecio o cinema mais alternativo, causou alguma estranheza, por isso não duvido que não agrade a muita gente.
Não tenho muito mais a dizer sobre "Vinyan". Se a temática e a descrição que apresentei lhe chamou à atenção, recomendo que dê uma oportunidade a este filme. Caso contrário nem se preocupe, "Vinyan" não é o filme para si. Veja o trailer, e decida por si se ainda não está totalmente convencido.
O melhor: um filme que acompanha as personagens na sua descida para a loucura, de uma forma que conseguimos sentir.
O pior: o final é demasiado estranho e difícil de digerir.
Alternativas: Lord of the Flies (1963), Apocalypse Now (1979), Lost Highway (1997), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
Classificação MovieReviews.com: 2.3/5
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
The Grudge 3 (2009)
Género: Horror
Realizador: Toby Wilkins
Com: Johanna Braddy, Gil McKinney, Emi Ikehata e Jadie Hobson, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Max, Lisa e Rose são três irmãos que vivem em Chicago, num bloco de apartamentos que já viu melhores dias. A recente, brutal e inexplicável morte de praticamente toda uma família fez com que os restantes inquilinos, um a um, começassem a abandonar o edifício. O jovem Jake, único sobrevivente do massacre, está internado numa clínica psiquiátrica, e jura que a sua família foi morta por um tipo de espírito, uma mulher pálida, com longos cabelos negros que lhe cobrem o rosto e parte do corpo. Entretanto, em Tokyo, uma misteriosa mulher associa o horrendo crime com um caso ocorrido no Japão anos antes, e decide partir para os Estados Unidos.
"The Grudge 3" dá seguimento aos eventos de "The Grudge 2", ocorrendo numa janela temporal muito próxima deste último. Quem conhece a série sabe perfeitamente quais os acontecimentos que a trouxeram até este novo capítulo: um homem japonês, movido pela loucura, assassina brutalmente a sua mulher e o seu filho, suicidando-se em seguida. Os espíritos atormentados da família permaneceram na casa onde ocorreu o crime, mas foram despertados quando outras pessoas lá entraram. Esses espíritos acompanharam uma dessas pessoas quando ela voltou para os Estados Unidos, e aí continuaram a sua sede de vingança.
Um filme como estes não esconde muitas surpresas. A sua estrutura linear é sobejamente conhecida, as suas cenas tentam acumular tensão na audiência, depois temos os habituais sustos, uns twists mais para o final e pouco mais. De facto, todos os filmes da série "The Grudge" seguem este esquema, com novos personagens e locais, mas com um argumento que, na sua essência, não é assim tão diferente. E nesse sentido este "The Grudge 3" sai claramente a perder em relação aos seus antecessores, e por várias razões.
A começar precisamente pelo argumento, que é sem dúvida o pior da série. A história é aborrecida, o efeito dramático é reduzido e nem as cenas mais tensas o são realmente. É certo que o efeito surpresa já se perdeu, mas ainda assim julgo que o imaginário "Ju-On" poderia ser melhor aproveitado.
Outro aspecto negativo tem a ver com a caracterização. Nos filmes anteriores, especialmente no primeiro e no original japonês, os espíritos de Toshio e de Kayako eram bem mais convincentes e assustadores, com feições humanas mas bastante pálidas. Neste episódio estas personagens parecem saídas de um banho em pó de talco, e parecem muito mais artificiais. Os cenários também deixam muito a desejar pois, com excepção de um par de cenas, toda a acção se passa dentro do mesmo edifício. E este edifício nem é nada de extraordinário, tratando-se de um comum condomínio com todos os andares idênticos.
As performances dos actores não são nada de extraordinário, e só sobressaem devido à mediocridade do resto.
Não há muito mais a dizer sobre "The Grudge 3". É um produto fraco, claramente realizado com um orçamento limitado, e com um resultado final que deixa muito a desejar. Estamos face a um título datado, e que já não parece ter muitas ideias novas. A evitar.
O melhor: à falta de melhor, o desempenho da pequena Jadie Hobson.
O pior: um argumento muito fraco.
Alternativas: The Amityville Horror (1979), The Blair Witch Project (1999), Ju-On (2002)
Classificação IMDB: 4.6/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Classificação MovieReviews.com: 3.0/5
Realizador: Toby Wilkins
Com: Johanna Braddy, Gil McKinney, Emi Ikehata e Jadie Hobson, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Max, Lisa e Rose são três irmãos que vivem em Chicago, num bloco de apartamentos que já viu melhores dias. A recente, brutal e inexplicável morte de praticamente toda uma família fez com que os restantes inquilinos, um a um, começassem a abandonar o edifício. O jovem Jake, único sobrevivente do massacre, está internado numa clínica psiquiátrica, e jura que a sua família foi morta por um tipo de espírito, uma mulher pálida, com longos cabelos negros que lhe cobrem o rosto e parte do corpo. Entretanto, em Tokyo, uma misteriosa mulher associa o horrendo crime com um caso ocorrido no Japão anos antes, e decide partir para os Estados Unidos.
"The Grudge 3" dá seguimento aos eventos de "The Grudge 2", ocorrendo numa janela temporal muito próxima deste último. Quem conhece a série sabe perfeitamente quais os acontecimentos que a trouxeram até este novo capítulo: um homem japonês, movido pela loucura, assassina brutalmente a sua mulher e o seu filho, suicidando-se em seguida. Os espíritos atormentados da família permaneceram na casa onde ocorreu o crime, mas foram despertados quando outras pessoas lá entraram. Esses espíritos acompanharam uma dessas pessoas quando ela voltou para os Estados Unidos, e aí continuaram a sua sede de vingança.
Um filme como estes não esconde muitas surpresas. A sua estrutura linear é sobejamente conhecida, as suas cenas tentam acumular tensão na audiência, depois temos os habituais sustos, uns twists mais para o final e pouco mais. De facto, todos os filmes da série "The Grudge" seguem este esquema, com novos personagens e locais, mas com um argumento que, na sua essência, não é assim tão diferente. E nesse sentido este "The Grudge 3" sai claramente a perder em relação aos seus antecessores, e por várias razões.
A começar precisamente pelo argumento, que é sem dúvida o pior da série. A história é aborrecida, o efeito dramático é reduzido e nem as cenas mais tensas o são realmente. É certo que o efeito surpresa já se perdeu, mas ainda assim julgo que o imaginário "Ju-On" poderia ser melhor aproveitado.
Outro aspecto negativo tem a ver com a caracterização. Nos filmes anteriores, especialmente no primeiro e no original japonês, os espíritos de Toshio e de Kayako eram bem mais convincentes e assustadores, com feições humanas mas bastante pálidas. Neste episódio estas personagens parecem saídas de um banho em pó de talco, e parecem muito mais artificiais. Os cenários também deixam muito a desejar pois, com excepção de um par de cenas, toda a acção se passa dentro do mesmo edifício. E este edifício nem é nada de extraordinário, tratando-se de um comum condomínio com todos os andares idênticos.
As performances dos actores não são nada de extraordinário, e só sobressaem devido à mediocridade do resto.
Não há muito mais a dizer sobre "The Grudge 3". É um produto fraco, claramente realizado com um orçamento limitado, e com um resultado final que deixa muito a desejar. Estamos face a um título datado, e que já não parece ter muitas ideias novas. A evitar.
O melhor: à falta de melhor, o desempenho da pequena Jadie Hobson.
O pior: um argumento muito fraco.
Alternativas: The Amityville Horror (1979), The Blair Witch Project (1999), Ju-On (2002)
Classificação IMDB: 4.6/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Classificação MovieReviews.com: 3.0/5
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
The Cake Eaters (2007)
Género: Drama/Romance
Realizador: Mary Stuart Masterson
Com: Kristen Stewart, Aaron Stanford, Bruce Dern e Elizabeth Ashley, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Numa pequena comunidade rural americana, encontramos a família Kimbrough. Easy, o patriarca, é um homem já com uma certa idade que vive na ressaca do recente falecimento da sua mulher. Dwight, mais conhecido como "Beagle", é o filho mais novo; é um jovem com vinte e poucos anos, honesto e trabalhador, que cuidou da mãe até esta morrer e que divide o seu tempo entre o emprego na cantina da escola e a ajuda ao seu pai, no talho que lhes pertence. Os dois viviam pacatamente, até que Guy, o filho mais velho, regressa a casa após três anos de ausência. Easy vive radiante por ter o seu filho de volta, mas "Beagle" não lhe consegue perdoar por ele ter deixado a família quando esta mais precisava dele. "Beagle" vive no centro de um turbilhão de emoções, exponenciado após ter conhecido e se apaixonado por Georgia, uma rapariga de 15 anos com Ataxia de Friedreich, uma doença hereditária que causa a degeneração progressiva do sistema nervoso.
"The Cake Eaters" é um filme que me surpreendeu. Sem qualquer expectativas, sentei-me em frente ao ecrã à espera do que poderia sair do DVD. E do DVD saiu um filme sem qualquer influência de Hollywood, emotivo e muito bem realizado.
Trata-se de um filme com um ritmo lento, que durante a primeira hora vai contando as histórias sem pressas, apresentando-nos as suas personagens e deixando-nos compreender aquilo que as move. A primeira cena é um bom retrato daquilo que nos espera: pai e filho, sentados à mesa, frente a frente, a tomar o pequeno almoço. O pai, tranquilamente, fala sobre mudar os cereais do pequeno almoço, enquanto o filho responde com monossílabos. Um quadro perfeito da vida daquela família, uma família tranquila e despreocupada, mas amorfa e sem vida. "The Cake Eaters" é isso mesmo, um quadro do dia a dia de uma família numa pequena comunidade, fortemente ligada ao rural, onde as personagens parecem incrivelmente reais e onde estas desafiam os moralismos da sociedade.
Nota-se também um claro cuidado do realizador em não ceder aos clichés de Hollywood. A inclusão de temas como uma doença degenerativa em fase terminal é uma espada de dois gumes, que pode tornar-se desconfortável ou demasiado estereotipada se não for bem executada. Na mesma linha encontram-se as relações amorosas, que por vezes parecem forçadas e artificiais, mas que neste "The Cake Eaters" são muito bem utilizadas, com moderação mas sempre presentes.
Mas os desempenhos dos actores são, sem dúvida, um dos factores mais importantes para a boa performance de "The Cake Eaters". Kristen Stewart tem aqui um papel mais exigente do que aqueles que nos ofereceu mais recentemente em "Twilight" ou "The Messengers", e passa no teste com distinção, com um desempenho consistente, genuíno e credível. Aaron Stanford foi também ele uma agradável surpresa pois, tratando-se de um desconhecido para mim, traz nos ombros o peso de ser a personagem central do filme, e fá-lo com uma qualidade que muitos actores mais experientes não conseguiriam. Destaco ainda a performance de Bruce Dern, um veterano com quase cinquenta anos de carreira e que, pela vitalidade que demonstra em cena, parece que ainda está cá para durar, e ainda bem pois o cinema agradece.
Mas como nem tudo poderia ser perfeito, "The Cake Eaters" também tem a sua quota parte de problemas. O primeiro tem a ver com a falta de um verdadeiro clímax no argumento. Há momentos emocionalmente fortes, mas não há 'aquele' momento que nos faz dizer "Wow!". Não destoa assim tanto se virmos o filme como um todo, mas causa uma sensação de estranheza porque o filme vai em crescendo e depois não concretiza as expectativas criadas. O que nos leva a outro problema: um final demasiado abrupto. Depois de um momento emocionalmente forte, o filme apresenta-nos mais um par de cenas e termina, com algumas questões a não serem explicadas. Por último, alguns aspectos mais técnicos também deixam algo a desejar, nomeadamente as transições entre cenas.
"The Cake Eaters" é um filme maduro, com uma realização brilhante, e apoiada num elenco que oferece uma performance sem mácula. Tem os seus defeitos, é certo, mas o resto do filme compensa-os claramente. Não tenho qualquer problema em recomendá-lo.
O melhor: a realização, e o desempenho dos actores.
O pior: final abrupto.
Alternativas: Terms of Endearment (1983), Magnolia (1999), Sweet November (2001), The Kite Runner (2007)
Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
Classificação Fandango: 3.7/5
Realizador: Mary Stuart Masterson
Com: Kristen Stewart, Aaron Stanford, Bruce Dern e Elizabeth Ashley, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Numa pequena comunidade rural americana, encontramos a família Kimbrough. Easy, o patriarca, é um homem já com uma certa idade que vive na ressaca do recente falecimento da sua mulher. Dwight, mais conhecido como "Beagle", é o filho mais novo; é um jovem com vinte e poucos anos, honesto e trabalhador, que cuidou da mãe até esta morrer e que divide o seu tempo entre o emprego na cantina da escola e a ajuda ao seu pai, no talho que lhes pertence. Os dois viviam pacatamente, até que Guy, o filho mais velho, regressa a casa após três anos de ausência. Easy vive radiante por ter o seu filho de volta, mas "Beagle" não lhe consegue perdoar por ele ter deixado a família quando esta mais precisava dele. "Beagle" vive no centro de um turbilhão de emoções, exponenciado após ter conhecido e se apaixonado por Georgia, uma rapariga de 15 anos com Ataxia de Friedreich, uma doença hereditária que causa a degeneração progressiva do sistema nervoso.
"The Cake Eaters" é um filme que me surpreendeu. Sem qualquer expectativas, sentei-me em frente ao ecrã à espera do que poderia sair do DVD. E do DVD saiu um filme sem qualquer influência de Hollywood, emotivo e muito bem realizado.
Trata-se de um filme com um ritmo lento, que durante a primeira hora vai contando as histórias sem pressas, apresentando-nos as suas personagens e deixando-nos compreender aquilo que as move. A primeira cena é um bom retrato daquilo que nos espera: pai e filho, sentados à mesa, frente a frente, a tomar o pequeno almoço. O pai, tranquilamente, fala sobre mudar os cereais do pequeno almoço, enquanto o filho responde com monossílabos. Um quadro perfeito da vida daquela família, uma família tranquila e despreocupada, mas amorfa e sem vida. "The Cake Eaters" é isso mesmo, um quadro do dia a dia de uma família numa pequena comunidade, fortemente ligada ao rural, onde as personagens parecem incrivelmente reais e onde estas desafiam os moralismos da sociedade.
Nota-se também um claro cuidado do realizador em não ceder aos clichés de Hollywood. A inclusão de temas como uma doença degenerativa em fase terminal é uma espada de dois gumes, que pode tornar-se desconfortável ou demasiado estereotipada se não for bem executada. Na mesma linha encontram-se as relações amorosas, que por vezes parecem forçadas e artificiais, mas que neste "The Cake Eaters" são muito bem utilizadas, com moderação mas sempre presentes.
Mas os desempenhos dos actores são, sem dúvida, um dos factores mais importantes para a boa performance de "The Cake Eaters". Kristen Stewart tem aqui um papel mais exigente do que aqueles que nos ofereceu mais recentemente em "Twilight" ou "The Messengers", e passa no teste com distinção, com um desempenho consistente, genuíno e credível. Aaron Stanford foi também ele uma agradável surpresa pois, tratando-se de um desconhecido para mim, traz nos ombros o peso de ser a personagem central do filme, e fá-lo com uma qualidade que muitos actores mais experientes não conseguiriam. Destaco ainda a performance de Bruce Dern, um veterano com quase cinquenta anos de carreira e que, pela vitalidade que demonstra em cena, parece que ainda está cá para durar, e ainda bem pois o cinema agradece.
Mas como nem tudo poderia ser perfeito, "The Cake Eaters" também tem a sua quota parte de problemas. O primeiro tem a ver com a falta de um verdadeiro clímax no argumento. Há momentos emocionalmente fortes, mas não há 'aquele' momento que nos faz dizer "Wow!". Não destoa assim tanto se virmos o filme como um todo, mas causa uma sensação de estranheza porque o filme vai em crescendo e depois não concretiza as expectativas criadas. O que nos leva a outro problema: um final demasiado abrupto. Depois de um momento emocionalmente forte, o filme apresenta-nos mais um par de cenas e termina, com algumas questões a não serem explicadas. Por último, alguns aspectos mais técnicos também deixam algo a desejar, nomeadamente as transições entre cenas.
"The Cake Eaters" é um filme maduro, com uma realização brilhante, e apoiada num elenco que oferece uma performance sem mácula. Tem os seus defeitos, é certo, mas o resto do filme compensa-os claramente. Não tenho qualquer problema em recomendá-lo.
O melhor: a realização, e o desempenho dos actores.
O pior: final abrupto.
Alternativas: Terms of Endearment (1983), Magnolia (1999), Sweet November (2001), The Kite Runner (2007)
Classificação IMDB: 6.9/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
Classificação Fandango: 3.7/5
domingo, 10 de janeiro de 2010
Not Easily Broken (2009)
Género: Drama/Romance
Realizador: Bill Duke
Com: Morris Chestnut, Taraji P. Henson, Jenifer Lewis e Maeve Quinlan, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Dave e Clarice são um casal jovem, recém-casado e cheio de sonhos. Ele é uma promessa do basebol, prestes a engressar numa equipa profissional, ela é uma ambiciosa agente imobiliária. Mas nem tudo correu como esperavam. Clarice consegue ser bem sucedida na sua carreira, mas Dave sofre uma grave lesão no seu primeiro ano como profissional e, forçado a abandonar o desporto, acaba por criar uma pequena empresa onde trabalha como empreiteiro. Amorosamente, o casamento também não atravessa propriamente uma boa fase e, para piorar as coisas, um violento acidente rodoviário vai colocá-lo à prova.
"Not Easily Broken" é um filme sobre as dificuldades de manter um casamento, quando nem tudo corre bem. Numa época em que os casamentos já são, para muitos, uma mera formalidade em que duas pessoas assinam um contrato que, à mínima dificuldade, terminam, é sempre bom ver um filme que nos lembra que à algo mais para além disso. Que num casamento nem tudo é um mar de rosas mas que, se ambos realmente se amarem, as dificuldades custam menos a passar.
Mas falemos mais detalhadamente do filme.
O filme é baseado num romance de T.D. Jakes e, como tal, traz consigo uma forte carga dramática. De facto, este filme consegue com que reflictamos naquilo que se passa no ecrã, e façamos o paralelo com as nossas vidas, especialmente se formos casados. É uma história forte e, no geral, bem construída. Mas não está isenta de erros.
Para começar, "Not Easily Broken" apresenta-nos uma realidade demasiado estereotipada. Temos a típica mulher negra de feitio difícil, a mãe que se mete no meio do casamento, a vulnerável mãe divorciada, o grupo inseparável de amigos, e até uma rivalidade que dura desde a adolescência. Todos estes factores prejudicam o desempenho do filme, devido à ligeira sensação de dejá-vu que provocam. Também sai um pouco prejudicado, na minha opinião, pelas diferenças excessivas entre os membros do casal, retratando Dave como o marido perfeito e Clarice como a parte responsável por todos os problemas. Há também algumas situações que se tornam um pouco desconfortáveis e que parecem demasiado artificiais e forçadas, e que deveriam ter merecido uma maior atenção por parte do realizador.
Felizmente as prestações dos actores conseguem minorar estes efeitos, uma vez que se revelam bastante boas. Morris Chestnut é aquele sobre quem o resto do elenco se apoia, devido à sua preponderância na história, e este oferece-nos uma performance bastante sólida, sóbria e emocionante. E o que dizer da prestação de Taraji P. Henson, na pele de Clarice, uma mulher que nos desperta simultaneamente emoções tão contrárias? Seguramente um dos pontos altos deste "Not Easily Broken". O resto do elenco mostra-se também muito competente, embora num patamar ligeiramente inferior de qualidade, onde destaco as performances de Jenifer Lewis e de Albert Hall.
Uma última nota para o aspecto sonoro do filme que, apesar de parecer um tanto ou quanto limitado, marca o tom emotivo e reforça a sua carga dramática.
Resumindo, "Not Easily Broken" apresenta-se como um bom filme para toda a família, especialmente para os casais apaixonados. Não é perfeito e tem alguns problemas, mas ainda assim consegue cumprir o seu propósito. Não alcançando aquele que eu considero o patamar de qualidade que exijo de um filme para o poder recomendar, ainda assim não o descarto completamente. Veja-o se ficou interessado.
O melhor: a mensagem que transmite, de que nem tudo é perfeito num casamento mas que ainda assim merece que lutemos por ele se houver amor.
O pior: demasiados estereótipos.
Alternativas: The Story of Us (1999), Shall We Dance (2004), Closer (2004), You, Me and Dupree (2006)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: 4.7/10
Classificação Fandango: 4.0/5
Realizador: Bill Duke
Com: Morris Chestnut, Taraji P. Henson, Jenifer Lewis e Maeve Quinlan, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Dave e Clarice são um casal jovem, recém-casado e cheio de sonhos. Ele é uma promessa do basebol, prestes a engressar numa equipa profissional, ela é uma ambiciosa agente imobiliária. Mas nem tudo correu como esperavam. Clarice consegue ser bem sucedida na sua carreira, mas Dave sofre uma grave lesão no seu primeiro ano como profissional e, forçado a abandonar o desporto, acaba por criar uma pequena empresa onde trabalha como empreiteiro. Amorosamente, o casamento também não atravessa propriamente uma boa fase e, para piorar as coisas, um violento acidente rodoviário vai colocá-lo à prova.
"Not Easily Broken" é um filme sobre as dificuldades de manter um casamento, quando nem tudo corre bem. Numa época em que os casamentos já são, para muitos, uma mera formalidade em que duas pessoas assinam um contrato que, à mínima dificuldade, terminam, é sempre bom ver um filme que nos lembra que à algo mais para além disso. Que num casamento nem tudo é um mar de rosas mas que, se ambos realmente se amarem, as dificuldades custam menos a passar.
Mas falemos mais detalhadamente do filme.
O filme é baseado num romance de T.D. Jakes e, como tal, traz consigo uma forte carga dramática. De facto, este filme consegue com que reflictamos naquilo que se passa no ecrã, e façamos o paralelo com as nossas vidas, especialmente se formos casados. É uma história forte e, no geral, bem construída. Mas não está isenta de erros.
Para começar, "Not Easily Broken" apresenta-nos uma realidade demasiado estereotipada. Temos a típica mulher negra de feitio difícil, a mãe que se mete no meio do casamento, a vulnerável mãe divorciada, o grupo inseparável de amigos, e até uma rivalidade que dura desde a adolescência. Todos estes factores prejudicam o desempenho do filme, devido à ligeira sensação de dejá-vu que provocam. Também sai um pouco prejudicado, na minha opinião, pelas diferenças excessivas entre os membros do casal, retratando Dave como o marido perfeito e Clarice como a parte responsável por todos os problemas. Há também algumas situações que se tornam um pouco desconfortáveis e que parecem demasiado artificiais e forçadas, e que deveriam ter merecido uma maior atenção por parte do realizador.
Felizmente as prestações dos actores conseguem minorar estes efeitos, uma vez que se revelam bastante boas. Morris Chestnut é aquele sobre quem o resto do elenco se apoia, devido à sua preponderância na história, e este oferece-nos uma performance bastante sólida, sóbria e emocionante. E o que dizer da prestação de Taraji P. Henson, na pele de Clarice, uma mulher que nos desperta simultaneamente emoções tão contrárias? Seguramente um dos pontos altos deste "Not Easily Broken". O resto do elenco mostra-se também muito competente, embora num patamar ligeiramente inferior de qualidade, onde destaco as performances de Jenifer Lewis e de Albert Hall.
Uma última nota para o aspecto sonoro do filme que, apesar de parecer um tanto ou quanto limitado, marca o tom emotivo e reforça a sua carga dramática.
Resumindo, "Not Easily Broken" apresenta-se como um bom filme para toda a família, especialmente para os casais apaixonados. Não é perfeito e tem alguns problemas, mas ainda assim consegue cumprir o seu propósito. Não alcançando aquele que eu considero o patamar de qualidade que exijo de um filme para o poder recomendar, ainda assim não o descarto completamente. Veja-o se ficou interessado.
O melhor: a mensagem que transmite, de que nem tudo é perfeito num casamento mas que ainda assim merece que lutemos por ele se houver amor.
O pior: demasiados estereótipos.
Alternativas: The Story of Us (1999), Shall We Dance (2004), Closer (2004), You, Me and Dupree (2006)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: 4.7/10
Classificação Fandango: 4.0/5
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Yes Man (2008)
Género: Comédia/Romance
Realizador: Peyton Reed
Com: Jim Carrey, Zooey Deschanel, Bradley Cooper e John Michael Higgins, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Carl Allen é um homem que não atravessa propriamente um bom momento na sua vida. Com a sua auto-estima em baixo devido a um divórcio com uma mulher que ainda ama, Carl passa os dias numa aborrecida rotina como bancário, e as noites em frente ao televisor a ver filmes em DVD. Carl evita todos os que rodeiam, rejeitando convites para festas ou simplesmente para uma bebida num bar, inventando mil e uma desculpas para não ter que conviver com outras pessoas. Mas um dia ele encontra Nick, um antigo colega de escola, que o convence a participar num programa de auto-ajuda. A premissa do programa é simples - dizer "sim" a novas situações, e deixar de lado o negativismo - mas Carl leva o desafio demasiado à letra, e começa a dizer "sim" a tudo e todos os que o rodeiam.
"Yes Man" utiliza uma fórmula de comédia já vista e revista em inúmeros filmes deste género: a personagem principal tem um problema, arranja uma solução original, o problema fica resolvido e a personagem vive feliz; depois, verifica-se que a solução utilizada causou outros problemas, e a personagem vê-se numa situação tão má ou pior do que a inicial; como que por magia, a personagem descobre uma forma de resolver os novos problemas, e toda a gente vive feliz para sempre. A repetição exaustiva desta fórmula nos últimos anos faz com que, frequentemente, os novos filmes que a utilizem se tornem aborrecidos e, como consequência, caiam na mediocridade.
Apesar disto, "Yes Man" consegue contornar esse handicap, e tornar-se uma agradável surpresa. Principalmente porque consegue cativar a audiência, embalando-a num enredo com que esta se identifica. Quem é que nunca rejeitou um convite para um determinado evento, alegando que tinha outros compromissos para essa data, quando na realidade estes não existiam e a única razão para não aceitar o convite era não estar com vontade? Eu já o fiz, e por isso identifiquei-me logo com Carl, apesar de esta personagem ser uma óbvia hiperbolização deste tipo de comportamento.
Só por isso, "Yes Man" já merecia pelo menos uma menção, pois transmite-nos uma importante mensagem, ainda que de uma forma leviana. De facto, nunca na história da humanidade tivemos tantas oportunidades para viver a vida a 100% (sim, eu sei que é um cliché utilizar esta frase), e no entanto continuamos a gastar tanto do nosso tempo em frente às televisões, ao computador ou com iPods e telemóveis.
Mas os aspectos positivos deste filme não terminam por aqui, felizmente. Jim Carrey, um actor que nos últimos anos dividiu a carreira entre comédias com qualidade duvidosa e dramas geralmente bem acolhidos pelo público e pela crítica, volta a tentar a sua sorte no género que o viu nascer para o grande ecrã. Era óbvio que Jim Carrey precisava de um sucesso num filme cómico, um género cada vez mais saturado com jovens que vieram ocupar o seu espaço, e desta vez o actor não desapontou.
A performance de Jim Carrey está ao nível do melhor a que nos habituou, e é exponenciada pelos actores que o rodeiam. A personagem de Zooey Deschanel brilha como nenhuma outra neste filme, em parte devido à sua beleza, mas principalmente pela forma como esta se entrega ao papel, criando uma personagem alegremente estranha e cativante, com um sorriso impossível de resistir. Terrence Stamp, por sua vez, encarna na perfeição o papel de um guru da auto-ajuda.
"Yes Man" não está isento de problemas, mas estes assumem um plano secundário, muito devido à falta de bons filmes neste género. Os únicos pormenores que considero relevantes são o final um pouco apressado e a sua curta duração (apenas 82 minutos). Estes dois factos estarão certamente relacionados, indicando provavelmente cenas que foram retiradas e que poderiam aumentar o efeito dramático do filme.
Resumidamente, "Yes Man" é um filme que representa o regresso de Jim Carrey aos grandes papéis de comédia. É um filme com que a audiência se consegue identificar e que proporcionará sem dúvida bons momentos de entretenimento a quem lhe der uma oportunidade. Um grande SIM, na minha opinião e que, por isso, recomendo.
O melhor: Zooey Deschanel e Jim Carrey.
O pior: extremamente previsível.
Alternativas: Dumb & Dumber (1994), The Big Lebowsky (1998), Little Miss Sunshine (2006)
Classificação IMDB: 7.0/10
Classificação RottenTomatoes: 5.2/10
Classificação Fandango: 3.9/5
Realizador: Peyton Reed
Com: Jim Carrey, Zooey Deschanel, Bradley Cooper e John Michael Higgins, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Carl Allen é um homem que não atravessa propriamente um bom momento na sua vida. Com a sua auto-estima em baixo devido a um divórcio com uma mulher que ainda ama, Carl passa os dias numa aborrecida rotina como bancário, e as noites em frente ao televisor a ver filmes em DVD. Carl evita todos os que rodeiam, rejeitando convites para festas ou simplesmente para uma bebida num bar, inventando mil e uma desculpas para não ter que conviver com outras pessoas. Mas um dia ele encontra Nick, um antigo colega de escola, que o convence a participar num programa de auto-ajuda. A premissa do programa é simples - dizer "sim" a novas situações, e deixar de lado o negativismo - mas Carl leva o desafio demasiado à letra, e começa a dizer "sim" a tudo e todos os que o rodeiam.
"Yes Man" utiliza uma fórmula de comédia já vista e revista em inúmeros filmes deste género: a personagem principal tem um problema, arranja uma solução original, o problema fica resolvido e a personagem vive feliz; depois, verifica-se que a solução utilizada causou outros problemas, e a personagem vê-se numa situação tão má ou pior do que a inicial; como que por magia, a personagem descobre uma forma de resolver os novos problemas, e toda a gente vive feliz para sempre. A repetição exaustiva desta fórmula nos últimos anos faz com que, frequentemente, os novos filmes que a utilizem se tornem aborrecidos e, como consequência, caiam na mediocridade.
Apesar disto, "Yes Man" consegue contornar esse handicap, e tornar-se uma agradável surpresa. Principalmente porque consegue cativar a audiência, embalando-a num enredo com que esta se identifica. Quem é que nunca rejeitou um convite para um determinado evento, alegando que tinha outros compromissos para essa data, quando na realidade estes não existiam e a única razão para não aceitar o convite era não estar com vontade? Eu já o fiz, e por isso identifiquei-me logo com Carl, apesar de esta personagem ser uma óbvia hiperbolização deste tipo de comportamento.
Só por isso, "Yes Man" já merecia pelo menos uma menção, pois transmite-nos uma importante mensagem, ainda que de uma forma leviana. De facto, nunca na história da humanidade tivemos tantas oportunidades para viver a vida a 100% (sim, eu sei que é um cliché utilizar esta frase), e no entanto continuamos a gastar tanto do nosso tempo em frente às televisões, ao computador ou com iPods e telemóveis.
Mas os aspectos positivos deste filme não terminam por aqui, felizmente. Jim Carrey, um actor que nos últimos anos dividiu a carreira entre comédias com qualidade duvidosa e dramas geralmente bem acolhidos pelo público e pela crítica, volta a tentar a sua sorte no género que o viu nascer para o grande ecrã. Era óbvio que Jim Carrey precisava de um sucesso num filme cómico, um género cada vez mais saturado com jovens que vieram ocupar o seu espaço, e desta vez o actor não desapontou.
A performance de Jim Carrey está ao nível do melhor a que nos habituou, e é exponenciada pelos actores que o rodeiam. A personagem de Zooey Deschanel brilha como nenhuma outra neste filme, em parte devido à sua beleza, mas principalmente pela forma como esta se entrega ao papel, criando uma personagem alegremente estranha e cativante, com um sorriso impossível de resistir. Terrence Stamp, por sua vez, encarna na perfeição o papel de um guru da auto-ajuda.
"Yes Man" não está isento de problemas, mas estes assumem um plano secundário, muito devido à falta de bons filmes neste género. Os únicos pormenores que considero relevantes são o final um pouco apressado e a sua curta duração (apenas 82 minutos). Estes dois factos estarão certamente relacionados, indicando provavelmente cenas que foram retiradas e que poderiam aumentar o efeito dramático do filme.
Resumidamente, "Yes Man" é um filme que representa o regresso de Jim Carrey aos grandes papéis de comédia. É um filme com que a audiência se consegue identificar e que proporcionará sem dúvida bons momentos de entretenimento a quem lhe der uma oportunidade. Um grande SIM, na minha opinião e que, por isso, recomendo.
O melhor: Zooey Deschanel e Jim Carrey.
O pior: extremamente previsível.
Alternativas: Dumb & Dumber (1994), The Big Lebowsky (1998), Little Miss Sunshine (2006)
Classificação IMDB: 7.0/10
Classificação RottenTomatoes: 5.2/10
Classificação Fandango: 3.9/5
Subscrever:
Mensagens (Atom)