quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vinyan (2008)

Género: Drama/Thriller
Realizador: Fabrice Du Welz
Com: Emmanuelle Béart, Rufus Sewell, Petch Osathanugraph e Julie Dreyfus, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.

Jeanne e Paul Bellmer perderam o seu filho, Joshua, durante o tristemente célebre tsunami que assolou o sudoeste asiático. Seis meses depois do trágico incidente, ainda a viver na Tailândia, o casal desloca-se até Phuket para assistir à apresentação de uma actividade de angariação de fundos para ajudar crianças órfãs que vivem nas selvas de Myanmar. Durante a apresentação, Jeanne acredita ter visto Joshua num vídeo realizada para promover a campanha. O seu marido não consegue identificar o filho no vídeo, e começa a ficar preocupado com o estado mental de Jeanne, mas aceita partir em busca de Joshua. O casal embarca então numa viagem clandestina de barco para Myanmar, transportados por um grupo que se dedica ao tráfico de seres humanos, rumo ao desconhecido.

"Vinyan" é um filme que mistura vários géneros. A história de uma família que procura o seu filho perdido, provavelmente tomado por traficantes de crianças, associam-no imediatamente aos géneros mais óbvios, o drama e o thriller. Mas "Vinyan" tem também a sua pitada de horror e de suspense, à medida que vamos acompanhando o escurecer das mentes das personagens, e a sua descida ao mundo da loucura. É um filme negro, cru e, por vezes, perturbador.

Há algumas imagens de marca neste filme. A câmara, por exemplo, é um deles. O seu movimento constante pode provocar náuseas em alguns espectadores, mas é sem dúvida um elemento diferenciador e original. A câmara tenta simular o ponto de vista das personagens ou, em alternativa, como se víssemos os acontecimentos a partir de uma câmara de vídeo. Para aqueles que se podem estar a questionar, não, não é o mesmo efeito visto em filmes como "Cloverfield" ou "REC", ou até mesmo "The Blair Witch Project". É uma vista na terceira pessoa, mas com um trabalho de câmara diferente. Este efeito funciona melhor em algumas cenas do que outras, obviamente. É fantástica uma sequência nocturna em que os personagens atravessam uma movimentada e obscura rua tailandesa, onde circulam lado a lado comerciantes, prostitutas e mafiosos, com a câmara a mover-se constantemente, tentando captar tudo aquilo que parece interessante. Por outro lado, uma outra sequência em que as personagens se atiram em desespero para o mar revolto, e onde a câmara vai ficando ora submersa ora à tona da água, devido à ondulação, já não funciona tão bem.

Outro aspecto relevante é uma espécie de aura de surrealismo parece envolver "Vinyan". O filme contêm várias cenas que não conseguimos identificar se são realidade ou se são os personagens a delirar e/ou a sonhar. São, na sua maioria, cenas perturbadoras que complementam o filme e que dão o mote para os acontecimentos que se seguirão, numa simbiose perfeita entre imagem e som.

Os actores também estão muito bem. Emmanuelle Béart está absolutamente perfeita, e encarna perfeitamente a personagem de uma mulher que vai sendo lentamente consumida pela dor. É muito bem ladeada por Rufus Sewell, também ele com um desempenho muito bom.

Os defeitos de "Vinyan" fundem-se com as suas virtudes. Algumas situações parecem um pouco exageradas mas, no geral, são adequadas ao tom dramático do filme. Nota-se que há uma preocupação do realizador em manter ambíguas algumas situações, questionando a audiência. Haverá pessoas que criticarão o trabalho de câmara, as performances dos actores e, principalmente, todas aquelas cenas mais arrojadas associadas à alteração do estado mental das personagens. Tudo dependerá do gosto pessoal de cada um, uma vez que este filme não segue um esquema clássico e portanto, ao romper com o tradicional, há sempre o perigo de não agradar às massas. Até para mim, que aprecio o cinema mais alternativo, causou alguma estranheza, por isso não duvido que não agrade a muita gente.

Não tenho muito mais a dizer sobre "Vinyan". Se a temática e a descrição que apresentei lhe chamou à atenção, recomendo que dê uma oportunidade a este filme. Caso contrário nem se preocupe, "Vinyan" não é o filme para si. Veja o trailer, e decida por si se ainda não está totalmente convencido.

O melhor: um filme que acompanha as personagens na sua descida para a loucura, de uma forma que conseguimos sentir.
O pior: o final é demasiado estranho e difícil de digerir.
Alternativas: Lord of the Flies (1963), Apocalypse Now (1979), Lost Highway (1997), Gone Baby Gone (2007)

Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
Classificação MovieReviews.com: 2.3/5

Sem comentários: