Género: Drama
Realizador: Joshua Sinclair
Com: Ben Silverstone, Patrick Swayze, Heinz Hoenig e Anja Kruse, entre outros.
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Em 1928, os judeus Philippe Halsman e o seu pai, Morduch Halsman, decidem passar juntos o fim de semana nos Alpes Aústriacos. Ambos vêm nesta actividade uma hipótese para fortalecerem os seus laços familiares, que não são propriamente os melhores. Os dois partem em caminhada por um trilho de montanha, mas um acidente faz Morduch cair de uma ribanceira até junto de um pequeno riacho, onde viria a perder a vida. Em pânico, Philippe corre até uma pequena aldeia em busca de ajuda, mas a reacção não é a que ele esperava. Numa época em que o clima político começava a mudar, e a doutrina nazi se alastrava rapidamente, o jovem judeu vê-se subitamente acusado do assassinato do seu pai, numa das regiões mais xenófobas de toda a Europa.
"Jump!" é um filme baseado numa história real, focado numa época conturbada da vida de Philippe Halsman, considerado por muitos como um dos melhores fotógrafos de sempre. É um filme que, como muitos outros, se foca na intolerância e nas perseguições que os judeus sofreram durante grande parte da primeira metade do século passado. É também um interessante ensaio sobre as relações intra-familiares, e a forma como estas são percepcionadas por terceiros.
Produzido na Aústria, este filme rapidamente mostra sinais de um orçamento algo limitado. O filme aproveita muito bem as paisagens naturais do Tirol, oferecendo-nos algumas cenas que quase nos tiram a respiração. No entanto, a fotografia não é das melhores que já vi, e mostra-se um pouco desajustada e mal utilizada. Os efeitos visuais estão também a um nível muito baixo, com cenas absolutamente terríveis, nomeadamente uma em que Philippe arrasta o seu pai, já morto, e onde se vê claramente que é um boneco que ele realmente arrasta. É que nem sequer parece haver um cuidado em esconder estas graves falhas, uma vez que o realizador faz questão de nos oferecer logo a seguir um grande plano da cara do boneco. Outro problema tem a ver com o guarda-roupa que, apesar de utilizar indumentárias austríacas que claramente identificamos como sendo daquela época, o faz de uma forma demasiado artificial. Quase parece que estamos numa Oktoberfest ou numa feira temática, tal é a perfeição e a limpeza que as roupas aparentam.
Felizmente, nem tudo é mau em "Jump!". O argumento é ligeiro mas interessante, não obstante alguns erros e o facto de o filme deixar antever o final logo com a sua cena inicial. As performances dos actores, apesar de um tanto ou quanto rígidas, estão também num bom plano, com prestações francamente positivas de Ben Silverstone e Patrick Swayze, claramente entre os melhores do filme.
"Jump!" consegue também distanciar-se um pouco do estereótipo dos filmes sobre o Holocausto, focando-se num período prévio a este acontecimento e preferindo mostrar a forma gradual como o sentimento nazi se foi apoderando das populações.
No geral, "Jump!" é um filme que poderá agradar a uma pequena fatia da audiência, mas que tem demasiados problemas para satisfazer a exigência do grande público. Não posso dizer que me agradou, mas tãmbém não foi dos piores que já vi. Veja o trailer e decida por si se merece uma oportunidade.
O melhor: bom retrato do clima político vivido na Europa central, naquela época.
O pior: efeitos visuais terríveis.
Alternativas: Europa Europa (1990), Sunshine (1999), Max (2002)
Classificação IMDB: 5.8/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
The Watch (2008)
Género: Drama/Horror/Thriller
Realizador: Jim Donovan
Com: Clea DuVall, Elizabeth Whitmere, James A. Woods e Victoria Sanchez, entre outros.
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Cassie é uma jovem que, enquanto criança, foi raptada. A polícia conseguiu encontrá-la, mas o acontecimento foi tão traumático que ela nunca conseguiu recuperar totalmente. Dezanove anos depois, Cassie é uma estudante de psicologia próxima de terminar o seu curso, bastando-lhe concluir a sua tese para este efeito. A pouco mais de um mês da data de entrega da tese, Cassie decide voluntariar-se para um trabalho como vigilante, numa torre de vigia isolada no centro de uma reserva florestal. Serão três semanas onde ela estará completamente isolada do resto do mundo, onde ela espera conseguir exorcizar os seus demónios, e encontrar o sossego que lhe permitirá terminar a sua tese. Mas à medida que ela se vai sentindo cada vez mais só, estranhas coisas começam a acontecer. Ou serão apenas sintomas de paranóia?
Antes de mais, devo mencionar que "The Watch" foi produzido directamente para a televisão, e depois foi lançado para o mercado em formato DVD, sem nunca ter passado pelos cinemas. Dito isto, passemos à análise do filme.
À medida que a história de "The Watch" vai avançando, começamos a perceber que não estamos apenas perante um comum filme de horror/suspense. O ênfase do filme é nos aspectos psicológicos, e na forma como um evento traumático no passado nos pode fazer ver as coisas de uma forma completamente diferente. Porém, apesar de o tema do filme ser um pouco diferente dos cenários habituais que encontrámos nos títulos deste género, "The Watch" não consegue evitar o recurso a técnicas já vistas e revistas inúmeras vezes.
Mas não consigo deixar de valorizar o esforço feito pelo realizador. O filme começa algo lento, numa tentativa de nos contextualizar - esta parte provavelmente poderia ser melhorada um pouco, mas não me desagradou - e depois vai começando a acumular a tensão a pouco e pouco, a um ritmo muito adequado, até aos primeiros "sustos". E é nestes primeiros momentos que encontramos os melhores momentos do filme. De facto, estes estão tão bem construídos, e tudo aquilo que os procedeu foi tão bem conduzido, que quando eles surgiram eu senti realmente uma alteração no meu ritmo cardíaco, e um autêntico arrepio na espinha. Foram sem dúvida alguns dos melhores momentos com filmes deste género nos últimos tempos, e tiro o meu chapéu ao realizador por isso.
Porém, depois destes momentos o filme começa a entrar numa curva descendente de qualidade. A cerca de um terço do fim do filme, somos confrontados com um twist no argumento. Para mim, a maioria dos twists nos argumentos pode ser classificada numa de três alternativas: aqueles que, para além de nos deixarem intrigados e/ou interessados, não têm um verdadeiro impacto no filme; aqueles que são brilhantes, e que catapultam o filme para um patamar superior de qualidade; e os horríveis, que acabam completamente com o filme. O twist deste "The Watch" encaixa perfeitamente nesta última categoria. Depois deste o filme nunca mais se consegue encontrar, terminando com um dos finais mais desajustados que já vi em filmes deste género.
Quanto aos actores de "The Watch", Clea DuVall obtêm facilmente a distinção do melhor desempenho, não só pelo seu protagonismo ou pela sua interpretação per se, mas muito por culpa do fraco nível revelado pelo resto do elenco. Há, na minha opinião, alguns erros de casting, nomeadamente nas escolhas de James Woods, cuja personagem teria bastante a ganhar com a escolha de um actor mais maduro, e de Elizabeth Whitmere, que tem um tom de voz demasiado nasalado e que me perturbou a concentração.
Nos aspectos técnicos "The Watch" também não deslumbra. Alguns planos de câmara são desajustados e, no geral, o trabalho de câmara revela pouco profissionalismo. O filme tenta esconder algumas limitações no orçamento com recurso a planos muito fechados, um pouco distorcidos e baços, mas com um resultado final medíocre. O argumento, apesar de algumas incongruências e inconsistências, é razoável. Os outros elementos não merecem a minha atenção pois não influenciam negativa ou positivamente o desempenho do filme.
Concluindo, "The Watch" é um filme que promete bastante nos primeiros instantes, e que ganha créditos até aos momentos de maior tensão. Estes são o canto do cisne, e a partir daí não há nada de positivo que possa ressalvar. Se esta parte final fosse diferente, podíamos estar agora a falar de um dos melhores títulos no género do terror psicológico, dos últimos tempos. Não sendo assim, resta-me arrumar "The Watch" na prateleira dos filmes medíocres.
O melhor: os momentos de maior tensão.
O pior: o último terço do filme.
Alternativas: Ringu (1998), The Blair Witch Project (1999), Ju-On (2002), The Others (2001)
Classificação IMDB: 5.4/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Jim Donovan
Com: Clea DuVall, Elizabeth Whitmere, James A. Woods e Victoria Sanchez, entre outros.
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Cassie é uma jovem que, enquanto criança, foi raptada. A polícia conseguiu encontrá-la, mas o acontecimento foi tão traumático que ela nunca conseguiu recuperar totalmente. Dezanove anos depois, Cassie é uma estudante de psicologia próxima de terminar o seu curso, bastando-lhe concluir a sua tese para este efeito. A pouco mais de um mês da data de entrega da tese, Cassie decide voluntariar-se para um trabalho como vigilante, numa torre de vigia isolada no centro de uma reserva florestal. Serão três semanas onde ela estará completamente isolada do resto do mundo, onde ela espera conseguir exorcizar os seus demónios, e encontrar o sossego que lhe permitirá terminar a sua tese. Mas à medida que ela se vai sentindo cada vez mais só, estranhas coisas começam a acontecer. Ou serão apenas sintomas de paranóia?
Antes de mais, devo mencionar que "The Watch" foi produzido directamente para a televisão, e depois foi lançado para o mercado em formato DVD, sem nunca ter passado pelos cinemas. Dito isto, passemos à análise do filme.
À medida que a história de "The Watch" vai avançando, começamos a perceber que não estamos apenas perante um comum filme de horror/suspense. O ênfase do filme é nos aspectos psicológicos, e na forma como um evento traumático no passado nos pode fazer ver as coisas de uma forma completamente diferente. Porém, apesar de o tema do filme ser um pouco diferente dos cenários habituais que encontrámos nos títulos deste género, "The Watch" não consegue evitar o recurso a técnicas já vistas e revistas inúmeras vezes.
Mas não consigo deixar de valorizar o esforço feito pelo realizador. O filme começa algo lento, numa tentativa de nos contextualizar - esta parte provavelmente poderia ser melhorada um pouco, mas não me desagradou - e depois vai começando a acumular a tensão a pouco e pouco, a um ritmo muito adequado, até aos primeiros "sustos". E é nestes primeiros momentos que encontramos os melhores momentos do filme. De facto, estes estão tão bem construídos, e tudo aquilo que os procedeu foi tão bem conduzido, que quando eles surgiram eu senti realmente uma alteração no meu ritmo cardíaco, e um autêntico arrepio na espinha. Foram sem dúvida alguns dos melhores momentos com filmes deste género nos últimos tempos, e tiro o meu chapéu ao realizador por isso.
Porém, depois destes momentos o filme começa a entrar numa curva descendente de qualidade. A cerca de um terço do fim do filme, somos confrontados com um twist no argumento. Para mim, a maioria dos twists nos argumentos pode ser classificada numa de três alternativas: aqueles que, para além de nos deixarem intrigados e/ou interessados, não têm um verdadeiro impacto no filme; aqueles que são brilhantes, e que catapultam o filme para um patamar superior de qualidade; e os horríveis, que acabam completamente com o filme. O twist deste "The Watch" encaixa perfeitamente nesta última categoria. Depois deste o filme nunca mais se consegue encontrar, terminando com um dos finais mais desajustados que já vi em filmes deste género.
Quanto aos actores de "The Watch", Clea DuVall obtêm facilmente a distinção do melhor desempenho, não só pelo seu protagonismo ou pela sua interpretação per se, mas muito por culpa do fraco nível revelado pelo resto do elenco. Há, na minha opinião, alguns erros de casting, nomeadamente nas escolhas de James Woods, cuja personagem teria bastante a ganhar com a escolha de um actor mais maduro, e de Elizabeth Whitmere, que tem um tom de voz demasiado nasalado e que me perturbou a concentração.
Nos aspectos técnicos "The Watch" também não deslumbra. Alguns planos de câmara são desajustados e, no geral, o trabalho de câmara revela pouco profissionalismo. O filme tenta esconder algumas limitações no orçamento com recurso a planos muito fechados, um pouco distorcidos e baços, mas com um resultado final medíocre. O argumento, apesar de algumas incongruências e inconsistências, é razoável. Os outros elementos não merecem a minha atenção pois não influenciam negativa ou positivamente o desempenho do filme.
Concluindo, "The Watch" é um filme que promete bastante nos primeiros instantes, e que ganha créditos até aos momentos de maior tensão. Estes são o canto do cisne, e a partir daí não há nada de positivo que possa ressalvar. Se esta parte final fosse diferente, podíamos estar agora a falar de um dos melhores títulos no género do terror psicológico, dos últimos tempos. Não sendo assim, resta-me arrumar "The Watch" na prateleira dos filmes medíocres.
O melhor: os momentos de maior tensão.
O pior: o último terço do filme.
Alternativas: Ringu (1998), The Blair Witch Project (1999), Ju-On (2002), The Others (2001)
Classificação IMDB: 5.4/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
The Butterfly Effect 3: Revelations (2009)
Género: Drama/Ficção Científica/Thriller
Realizador: Seth Grossman
Com: Chris Carmack, Rachel Miner, Kevin Yon e Lynch R. Travis, entre outros.
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Sam Reide é um homem com o estranho poder de viajar no tempo, até eventos no passado. Ele trabalha em conjunto com o departamento da polícia na resolução de crimes cuja investigação não consegue avançar mais, através de viagens até ao passado, assistindo aos crimes e reportando a identidade dos perpetradores. Um dia, Sam recebe a visita de Rebecca Brown, irmã de uma antiga namorada de Sam, Elizabeth, brutalmente assassinada há alguns anos. Esta entrega-lhe o diário da irmã e conta-lhe que Lonnie Flennons, namorado de Elizabeth pela altura da sua morte, está inocente e será executado em breve, acusado do terrível crime. Relutantemente, Sam acede ao pedido e prepara-se para enfrentar os seus fantasmas, mas terá que ter cuidado pois qualquer acção que tenha no passado poderá ter sérias repercussões no presente.
"The Butterfly Effect 3: Revelations" é o terceiro filme de uma série que se iniciou em 2004, com "The Butterfly Effect". Apesar do título em comum, todos os filmes têm histórias completamente distintas, sendo que o único ponto que possuem em comum é a habilidade dos protagonistas em viajar no tempo e alterar o presente através de acções no passado.
O argumento de "The Butterfly Effect 3: Revelations" tem algumas falhas mas, no geral, é interessante. A forma como desafia a audiência a tentar descobrir o mistério que esconde é eficaz e permite-lhe que esta se mantenha cativada durante a duração do filme. Há algumas cenas mais dramáticas que estão muito bem construídas, o que só atesta a qualidade do guião. O filme aposta, fundamentalmente, nos paradoxos causados com as constantes viagens no tempo, e na forma como estas causam mudanças no presente. Porém, as variações constantes na linha temporal fazem com que o filme se torne mais complicado de acompanhar, e dá azo a algumas falhas no argumento que poderiam ser evitadas.
Os actores tem performances que se revelam adequadas, sem brilhantismo mas bastante competentes. O único actor com que não consegui encarar foi Richard Wilkinson, que me pareceu um pouco desajustado do seu papel.
Alguns aspectos onde o filme consegue de facto somar alguns pontos são a cinematografia, o som e os efeitos especiais. A única queixa que tenho é o sentimento de claustrofobia que o filme transmite em algumas situações, devido à utilização de cenários fechados e pouco iluminados. "The Butterfly Effect 3: Revelations" esconde uma história que gira em volta de uma figura que fica conhecido como o "Assassino de Pontiac", e como tal há várias cenas mais gráficas, mas que estão realizadas de uma forma muito profissional. Aproveito para alertar que este filme se destina a um público mais maduro, em grande parte devido à violência envolvida mas também devido a uma cena de sexo mais explícita.
Em suma, "The Butterly Effect 3: Revelations" vem trazer um novo fôlego à série, depois do fracasso que se revelou o segundo capítulo. Não chega ao patamar de sucesso do primeiro "The Butterfly Effect", como o comprova o lançamento directo para o mercado de DVDs, mas apresenta-se como uma sólida experiência de entretenimento. Se a premissa o atrai, então recomendo-lhe que lhe dê uma oportunidade. Mas não vá com as expectativas muito elevadas...
O melhor: a cinematografia.
O pior: não satisfaz completamente; alguns erros lógicos no argumento.
Alternativas: Back to the Future (1985), Timecop (1994), Twelve Monkeys (1995), The Butterfly Effect (2004)
Classificação IMDB: 5.9/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Seth Grossman
Com: Chris Carmack, Rachel Miner, Kevin Yon e Lynch R. Travis, entre outros.
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Sam Reide é um homem com o estranho poder de viajar no tempo, até eventos no passado. Ele trabalha em conjunto com o departamento da polícia na resolução de crimes cuja investigação não consegue avançar mais, através de viagens até ao passado, assistindo aos crimes e reportando a identidade dos perpetradores. Um dia, Sam recebe a visita de Rebecca Brown, irmã de uma antiga namorada de Sam, Elizabeth, brutalmente assassinada há alguns anos. Esta entrega-lhe o diário da irmã e conta-lhe que Lonnie Flennons, namorado de Elizabeth pela altura da sua morte, está inocente e será executado em breve, acusado do terrível crime. Relutantemente, Sam acede ao pedido e prepara-se para enfrentar os seus fantasmas, mas terá que ter cuidado pois qualquer acção que tenha no passado poderá ter sérias repercussões no presente.
"The Butterfly Effect 3: Revelations" é o terceiro filme de uma série que se iniciou em 2004, com "The Butterfly Effect". Apesar do título em comum, todos os filmes têm histórias completamente distintas, sendo que o único ponto que possuem em comum é a habilidade dos protagonistas em viajar no tempo e alterar o presente através de acções no passado.
O argumento de "The Butterfly Effect 3: Revelations" tem algumas falhas mas, no geral, é interessante. A forma como desafia a audiência a tentar descobrir o mistério que esconde é eficaz e permite-lhe que esta se mantenha cativada durante a duração do filme. Há algumas cenas mais dramáticas que estão muito bem construídas, o que só atesta a qualidade do guião. O filme aposta, fundamentalmente, nos paradoxos causados com as constantes viagens no tempo, e na forma como estas causam mudanças no presente. Porém, as variações constantes na linha temporal fazem com que o filme se torne mais complicado de acompanhar, e dá azo a algumas falhas no argumento que poderiam ser evitadas.
Os actores tem performances que se revelam adequadas, sem brilhantismo mas bastante competentes. O único actor com que não consegui encarar foi Richard Wilkinson, que me pareceu um pouco desajustado do seu papel.
Alguns aspectos onde o filme consegue de facto somar alguns pontos são a cinematografia, o som e os efeitos especiais. A única queixa que tenho é o sentimento de claustrofobia que o filme transmite em algumas situações, devido à utilização de cenários fechados e pouco iluminados. "The Butterfly Effect 3: Revelations" esconde uma história que gira em volta de uma figura que fica conhecido como o "Assassino de Pontiac", e como tal há várias cenas mais gráficas, mas que estão realizadas de uma forma muito profissional. Aproveito para alertar que este filme se destina a um público mais maduro, em grande parte devido à violência envolvida mas também devido a uma cena de sexo mais explícita.
Em suma, "The Butterly Effect 3: Revelations" vem trazer um novo fôlego à série, depois do fracasso que se revelou o segundo capítulo. Não chega ao patamar de sucesso do primeiro "The Butterfly Effect", como o comprova o lançamento directo para o mercado de DVDs, mas apresenta-se como uma sólida experiência de entretenimento. Se a premissa o atrai, então recomendo-lhe que lhe dê uma oportunidade. Mas não vá com as expectativas muito elevadas...
O melhor: a cinematografia.
O pior: não satisfaz completamente; alguns erros lógicos no argumento.
Alternativas: Back to the Future (1985), Timecop (1994), Twelve Monkeys (1995), The Butterfly Effect (2004)
Classificação IMDB: 5.9/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Perkins' 14 (2009)
Género: Horror
Realizador: Craig Singer
Com: Patrick O'Kane, Richard Brake, Shayla Beesley e Mihaela Mihut, entre outros.
Página oficial
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Stone Cove é uma pequena cidade no estado nortenho do Maine, nos Estados Unidos que, há dez anos atrás, foi abalada por uma terrível série de raptos que retirou catorze crianças aos respectivos pais. Dwayne Hopper é polícia, e pai de uma das crianças desaparecidas. Durante um turno nocturno na esquadra local, Hopper troca algumas palavras com um dos prisioneiros, Ronald Perkins, um farmacêutico que foi encarcerado durante o dia, e que afirma que foi detido por engano. Intrigado por este misterioso indivíduo, Hopper faz algumas pesquisas e começa a suspeitar que este homem é o responsável pelo rapto do seu filho e das outras treze crianças.
"Perkins' 14" revelou-se, para mim, uma agradável surpresa. Mas vamos por partes. O filme começa envolto numa aura de mistério, onde as personagens vão interagindo entre si, e onde a pouco e pouco as suas relações nos começam a ser reveladas. Algumas pessoas poderão sentir-se algo confusas durante esta parte, pois o argumento não é muito explícito e força as pessoas a assumir alguns factos para poderem entender aquilo que se desenrola na tela.
Mas esta fase mais confusa termina rapidamente, e o filme embala então para um bom desempenho, para o qual contribui decisivamente Richard Brake, na pele do misterioso e perturbador Ronald Perkins. É a esta personagem que pertence uma das cenas mais marcantes deste filme, num diálogo dentro da cela onde a qualidade da iluminação, do jogo entre luzes e sombras, apenas exponencia ainda mais o seu brilhantismo.
Podemos quase considerar este "Perkins' 14" como um filme dois-em-um. Na primeira parte, a história do psicopata; na segunda, a história das vítimas. Se a primeira parte é um bom exemplo de um filme de suspense, ou até de um thriller, já a segunda é um verdadeiro festim de carnificina, com muito sangue e muito gore à mistura. E quando digo gore, é mesmo isso que quero dizer. O realizador não é parco em trazer-nos cenas extremamente gráficas, com efeitos especiais e caracterizações muito bem elaboradas, capazes de causar o choque em alguns espectadores mais impressionáveis. Ok, algumas cenas são um bocado forçadas, mas no geral estão acima da média.
No argumento de "Perkins' 14" encontramos, simultaneamente, um dos seus aspectos mais positivos e um dos seus maiores defeitos. Pela positiva, realço a capacidade que o argumento tem de nos surpreender, com vários twists muito bem conseguidos. No entanto, este argumento acaba por se revelar pouco sólido, com os habituais ataques de estupidez que parecem destinados a assolar os filmes deste género. A sério, será que é assim tão complicado que os actores se comportem como qualquer ser humano se comportaria, na mesma situação? Quem é que, enquanto se encontra barricado numa sala para escapar da morte certa, decide ir à casa de banho? E este é só um exemplo.
Felizmente o filme tem outras qualidades que atenuam esta faceta mais medíocre, tais como as que já foram referidas.
Quanto às performances dos actores, Richard Brake é aquele que mais se destaca, como já afirmei. A conjugação entre o aspecto físico do actor, a sua caracterização e a mente perturbadora de Ronald Perkins está absolutamente perfeita e, apesar da prestação do actor se resumir aos primeiros trinta minutos do filme, é sem dúvida uma personagem que guardarei na memória durante algum tempo. Patrick O'Kane é aquele que tem mais tempo de cena, e apesar do seu desempenho ser satisfatório notam-se algumas deficiências, nomeadamente devido a uma fraca ligação de empatia entre este e a audiência, e a uma performance que, a espaços, parece demasiado mecânica. As restantes personagens não merecem propriamente uma menção, pois revelam-se pouco relevantes para o desenlace final da história.
No final, "Perkins' 14" é um filme que decerto agradará aos amantes dos filmes de John Carpenter ou de George Romero. Tem alguns defeitos, mas para aqueles que procuram um filme que não os obrigue a puxar muito pela cabeça, então aqui está uma excelente opção. Recomendo-o aos amantes do género.
O melhor: Richard Brake; a caracterização.
O pior: as personagens secundárias são todas estúpidas.
Alternativas: Dawn of the Dead (1978), 28 Days Later (2002), Planet Terror (2007)
Classificação IMDB: 5.2/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Craig Singer
Com: Patrick O'Kane, Richard Brake, Shayla Beesley e Mihaela Mihut, entre outros.
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Stone Cove é uma pequena cidade no estado nortenho do Maine, nos Estados Unidos que, há dez anos atrás, foi abalada por uma terrível série de raptos que retirou catorze crianças aos respectivos pais. Dwayne Hopper é polícia, e pai de uma das crianças desaparecidas. Durante um turno nocturno na esquadra local, Hopper troca algumas palavras com um dos prisioneiros, Ronald Perkins, um farmacêutico que foi encarcerado durante o dia, e que afirma que foi detido por engano. Intrigado por este misterioso indivíduo, Hopper faz algumas pesquisas e começa a suspeitar que este homem é o responsável pelo rapto do seu filho e das outras treze crianças.
"Perkins' 14" revelou-se, para mim, uma agradável surpresa. Mas vamos por partes. O filme começa envolto numa aura de mistério, onde as personagens vão interagindo entre si, e onde a pouco e pouco as suas relações nos começam a ser reveladas. Algumas pessoas poderão sentir-se algo confusas durante esta parte, pois o argumento não é muito explícito e força as pessoas a assumir alguns factos para poderem entender aquilo que se desenrola na tela.
Mas esta fase mais confusa termina rapidamente, e o filme embala então para um bom desempenho, para o qual contribui decisivamente Richard Brake, na pele do misterioso e perturbador Ronald Perkins. É a esta personagem que pertence uma das cenas mais marcantes deste filme, num diálogo dentro da cela onde a qualidade da iluminação, do jogo entre luzes e sombras, apenas exponencia ainda mais o seu brilhantismo.
Podemos quase considerar este "Perkins' 14" como um filme dois-em-um. Na primeira parte, a história do psicopata; na segunda, a história das vítimas. Se a primeira parte é um bom exemplo de um filme de suspense, ou até de um thriller, já a segunda é um verdadeiro festim de carnificina, com muito sangue e muito gore à mistura. E quando digo gore, é mesmo isso que quero dizer. O realizador não é parco em trazer-nos cenas extremamente gráficas, com efeitos especiais e caracterizações muito bem elaboradas, capazes de causar o choque em alguns espectadores mais impressionáveis. Ok, algumas cenas são um bocado forçadas, mas no geral estão acima da média.
No argumento de "Perkins' 14" encontramos, simultaneamente, um dos seus aspectos mais positivos e um dos seus maiores defeitos. Pela positiva, realço a capacidade que o argumento tem de nos surpreender, com vários twists muito bem conseguidos. No entanto, este argumento acaba por se revelar pouco sólido, com os habituais ataques de estupidez que parecem destinados a assolar os filmes deste género. A sério, será que é assim tão complicado que os actores se comportem como qualquer ser humano se comportaria, na mesma situação? Quem é que, enquanto se encontra barricado numa sala para escapar da morte certa, decide ir à casa de banho? E este é só um exemplo.
Felizmente o filme tem outras qualidades que atenuam esta faceta mais medíocre, tais como as que já foram referidas.
Quanto às performances dos actores, Richard Brake é aquele que mais se destaca, como já afirmei. A conjugação entre o aspecto físico do actor, a sua caracterização e a mente perturbadora de Ronald Perkins está absolutamente perfeita e, apesar da prestação do actor se resumir aos primeiros trinta minutos do filme, é sem dúvida uma personagem que guardarei na memória durante algum tempo. Patrick O'Kane é aquele que tem mais tempo de cena, e apesar do seu desempenho ser satisfatório notam-se algumas deficiências, nomeadamente devido a uma fraca ligação de empatia entre este e a audiência, e a uma performance que, a espaços, parece demasiado mecânica. As restantes personagens não merecem propriamente uma menção, pois revelam-se pouco relevantes para o desenlace final da história.
No final, "Perkins' 14" é um filme que decerto agradará aos amantes dos filmes de John Carpenter ou de George Romero. Tem alguns defeitos, mas para aqueles que procuram um filme que não os obrigue a puxar muito pela cabeça, então aqui está uma excelente opção. Recomendo-o aos amantes do género.
O melhor: Richard Brake; a caracterização.
O pior: as personagens secundárias são todas estúpidas.
Alternativas: Dawn of the Dead (1978), 28 Days Later (2002), Planet Terror (2007)
Classificação IMDB: 5.2/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Slaughter (2009)
Género: Horror
Realizador: Stewart Hopewell
Com: Lucy Holt, Amy Shiels, David Sterne e Maxim Knight, entre outros.
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Faith é uma jovem mulher que se muda para Atlanta para fugir do seu obsessivo ex-namorado. Ainda mal tinha desfeito as malas quando, numa noite na discoteca, trava conhecimento com Lola, uma jovem que vive numa quinta nos arredores da cidade. A amizade vai crescendo entre as duas com o passar dos dias, e eventualmente Faith decide ir viver com Lola, a troco de ajuda nos trabalhos da quinta. Faith imediatamente repara no comportamento misterioso dos familiares de Lola, com atitudes pouco amistosas perante todos os estranhos. Algo de estranho se passa nesta quinta...
"Slaughter" é um filme baseado em eventos reais, que encaixa perfeitamente no estereótipo dos "filmes de horror sobre o lado negro da América rural". De facto, sou quase capaz de apostar que, após lerem a sinopse do filme, são capazes de - em traços gerais - imaginar com um grau de certeza bastante grande aquilo que se irá passar no filme.
O filme até começa relativamente bem, com um ritmo lento e uma série de cenas muito bem enquadradas, cumprindo a sua missão de nos apresentar a personagem principal, Lola. No entanto, depois desta sequência introdutória, "Slaughter" demora a encontrar o ritmo adequado para este género de filmes, tornando-se aborrecido e pouco apelativo. De pouco servem um ou outro esporádico elemento de interesse, que se perde no meio do marasmo criativo do argumento.
Os actores deste "Slaughter" também não são nada de especial. Amy Shiels e Lucy Holt têm um desempenho decente, mas desprovido de qualquer momento mais cintilante. As restantes personagens são tão secundárias que praticamente não acrescentam nada à história, com excepção do pequeno Maxim Knight, que apesar do seu pequeno papel é um dos momentos altos do filme.
Tecnicamente, o filme também não deslumbra. O trabalho de câmara, os cenários, a fotografia, o som ou a iluminação cumprem apenas os objectivos mínimos exigíveis pelos parâmetros actuais do cinema, deixando algo a desejar mas sem prejudicar decisivamente o desempenho do filme.
No final, "Slaughter" deixa-nos com um sentimento de decepção. O filme nunca consegue captar completamente a nossa atenção, e não se admirem se a meio deste começarem a olhar para o relógio para ver quanto tempo falta para terminar. As personagens sofrem de um mal crónico neste género de filmes: são estúpidas e fazem sempre péssimas escolhas. E o filme sofre sem dúvida com este aspecto, pois como é que é possível levar a sério um filme em que questionamos praticamente todas as acções das personagens? Pessoalmente, julgo que este "Slaughter" podia ser bem mais perturbador e violento do que é, pois o realizador prefere esconder as cenas mais gráficas e camuflá-las com efeitos sonoros mais intensos. Mas esta é apenas uma opinião pessoal. Para terminar, realço também o péssimo final, sem dúvida um dos piores de entre todos aqueles pelos quais o realizador poderia ter optado.
Em suma, um filme a evitar.
O melhor: muito pouco, mas vou optar por apontar a banda sonora.
O pior: aborrecido e inapelativo; noventa minutos de puro tédio.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), Wolf Creek (2004), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 4.6/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Stewart Hopewell
Com: Lucy Holt, Amy Shiels, David Sterne e Maxim Knight, entre outros.
Página oficial
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Faith é uma jovem mulher que se muda para Atlanta para fugir do seu obsessivo ex-namorado. Ainda mal tinha desfeito as malas quando, numa noite na discoteca, trava conhecimento com Lola, uma jovem que vive numa quinta nos arredores da cidade. A amizade vai crescendo entre as duas com o passar dos dias, e eventualmente Faith decide ir viver com Lola, a troco de ajuda nos trabalhos da quinta. Faith imediatamente repara no comportamento misterioso dos familiares de Lola, com atitudes pouco amistosas perante todos os estranhos. Algo de estranho se passa nesta quinta...
"Slaughter" é um filme baseado em eventos reais, que encaixa perfeitamente no estereótipo dos "filmes de horror sobre o lado negro da América rural". De facto, sou quase capaz de apostar que, após lerem a sinopse do filme, são capazes de - em traços gerais - imaginar com um grau de certeza bastante grande aquilo que se irá passar no filme.
O filme até começa relativamente bem, com um ritmo lento e uma série de cenas muito bem enquadradas, cumprindo a sua missão de nos apresentar a personagem principal, Lola. No entanto, depois desta sequência introdutória, "Slaughter" demora a encontrar o ritmo adequado para este género de filmes, tornando-se aborrecido e pouco apelativo. De pouco servem um ou outro esporádico elemento de interesse, que se perde no meio do marasmo criativo do argumento.
Os actores deste "Slaughter" também não são nada de especial. Amy Shiels e Lucy Holt têm um desempenho decente, mas desprovido de qualquer momento mais cintilante. As restantes personagens são tão secundárias que praticamente não acrescentam nada à história, com excepção do pequeno Maxim Knight, que apesar do seu pequeno papel é um dos momentos altos do filme.
Tecnicamente, o filme também não deslumbra. O trabalho de câmara, os cenários, a fotografia, o som ou a iluminação cumprem apenas os objectivos mínimos exigíveis pelos parâmetros actuais do cinema, deixando algo a desejar mas sem prejudicar decisivamente o desempenho do filme.
No final, "Slaughter" deixa-nos com um sentimento de decepção. O filme nunca consegue captar completamente a nossa atenção, e não se admirem se a meio deste começarem a olhar para o relógio para ver quanto tempo falta para terminar. As personagens sofrem de um mal crónico neste género de filmes: são estúpidas e fazem sempre péssimas escolhas. E o filme sofre sem dúvida com este aspecto, pois como é que é possível levar a sério um filme em que questionamos praticamente todas as acções das personagens? Pessoalmente, julgo que este "Slaughter" podia ser bem mais perturbador e violento do que é, pois o realizador prefere esconder as cenas mais gráficas e camuflá-las com efeitos sonoros mais intensos. Mas esta é apenas uma opinião pessoal. Para terminar, realço também o péssimo final, sem dúvida um dos piores de entre todos aqueles pelos quais o realizador poderia ter optado.
Em suma, um filme a evitar.
O melhor: muito pouco, mas vou optar por apontar a banda sonora.
O pior: aborrecido e inapelativo; noventa minutos de puro tédio.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), Wolf Creek (2004), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 4.6/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
The Cry of the Owl (2009)
Género: Drama/Thriller
Realizador: Jamie Thraves
Com: Paddy Considine, Julia Stiles, James Gilbert e Caroline Dhavernas, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Robert Forrester atravessa uma fase complicada da sua vida. Um período de depressão dá uma machadada definitiva num casamento que, de facto, nunca o foi. A braços com o processo de divórcio, Robert troca a vida agitada na "Big Apple" pela pacatez de uma pequena cidade mais a norte. Mas Robert não tem um comportamento normal. Todas as noites ele desloca-se até às imediações de uma casa, isolada no meio de um bosque, e da escuridão observa furtiva e atentamente Jenny Thierolf, uma jovem mulher. Uma noite esta apercebe-se que alguém a observa pela janela, mas em vez de chamar a polícia, esta sente uma estranha empatia por Robert e convida-o a entrar.
"The Cry of the Owl" é um ensaio muito interessante sobre as relações pessoais e amorosas entre as suas personagens. Temos personagens como Robert, um homem destroçado emocionalmente, que por vezes parece alheado da realidade à sua volta. Nickie é a sua ex-mulher, uma snob fria e sem escrúpulos, que aproveita a inocência de Robert para o fazer sofrer ainda mais. Temos Jenny, uma bela e expressiva jovem que desenvolve uma paixão obsessiva por Robert, ao ponto de estar disposta a abdicar de tudo o que conquistou ao longo da vida. E por último temos Greg, o ex-namorado de Jenny que, movido pelo ódio, pelo rancor e pelo sentimento de rejeição, promete destruir a vida de Robert.
Do ponto de vista técnico, não há nenhum aspecto de relevo. É um filme que, apesar dos seus cenários escuros e soturnos, consegue ter uma aura de beleza permanente. Pormenores como a fotografia, o trabalho de câmara ou o som apresentam-se de uma forma muito profissional, cumprindo a sua missão na íntegra, mas sem momentos especialmente ousados. A realização poderia ser um pouco melhor, pois há situações que poderiam ter sido melhor exploradas.
Os actores também apresentam performances muito bem conseguidas, mas sem deslumbrar. É o caso de Paddy Considine que, apesar de possuir um estilo que pessoalmente não aprecio, consegue encarnar perfeitamente a pele do perturbado Robert. Pela mesma razão, também nunca consegui ficar suficientemente confortável para avaliar o desempenho de Julia Stiles de uma forma imparcial. Não consigo identificar claramente a razão, mas há qualquer coisa nesta actriz que faz com que eu torça o nariz sempre que a vejo em cena. Bem, mas opiniões pessoais à parte, volto a referir que, no geral, o elenco deste "The Cry of the Owl" é bastante competente e não é por aqui que o filme sai a perder. Ainda como aspecto positivo destaco os vários twists do argumento, muito bem utilizados, e que permitem ao filme ganhar um novo fôlego.
Pela negativa saliento a falta de carisma das personagens, uma vez que estas nunca nos conseguem manter suficientemente interessados naquilo que lhes acontece, perdendo-se assim muita da sua carga dramática. Há também muitas coincidências no enredo de "The Cry of the Owl", e isto prejudica sem dúvida a forma como o encaramos.
"The Cry of the Owl" é um daqueles filmes em que as partes são maiores do que o todo ou, por outras palavras, um filme com mais aspectos positivos do que negativos mas que, no final, se revela apenas um filme razoável. Não o posso recomendar, mas se você aprecia este género de filmes, então talvez lhe possa dar uma oportunidade.
O melhor: o argumento.
O pior: nunca se consegue tornar suficientemente apelativo.
Alternativas: Dance with a Stranger (1985), Love the Hard Way (2001), À La Folie... Pas du Tout (2002)
Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Jamie Thraves
Com: Paddy Considine, Julia Stiles, James Gilbert e Caroline Dhavernas, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Robert Forrester atravessa uma fase complicada da sua vida. Um período de depressão dá uma machadada definitiva num casamento que, de facto, nunca o foi. A braços com o processo de divórcio, Robert troca a vida agitada na "Big Apple" pela pacatez de uma pequena cidade mais a norte. Mas Robert não tem um comportamento normal. Todas as noites ele desloca-se até às imediações de uma casa, isolada no meio de um bosque, e da escuridão observa furtiva e atentamente Jenny Thierolf, uma jovem mulher. Uma noite esta apercebe-se que alguém a observa pela janela, mas em vez de chamar a polícia, esta sente uma estranha empatia por Robert e convida-o a entrar.
"The Cry of the Owl" é um ensaio muito interessante sobre as relações pessoais e amorosas entre as suas personagens. Temos personagens como Robert, um homem destroçado emocionalmente, que por vezes parece alheado da realidade à sua volta. Nickie é a sua ex-mulher, uma snob fria e sem escrúpulos, que aproveita a inocência de Robert para o fazer sofrer ainda mais. Temos Jenny, uma bela e expressiva jovem que desenvolve uma paixão obsessiva por Robert, ao ponto de estar disposta a abdicar de tudo o que conquistou ao longo da vida. E por último temos Greg, o ex-namorado de Jenny que, movido pelo ódio, pelo rancor e pelo sentimento de rejeição, promete destruir a vida de Robert.
Do ponto de vista técnico, não há nenhum aspecto de relevo. É um filme que, apesar dos seus cenários escuros e soturnos, consegue ter uma aura de beleza permanente. Pormenores como a fotografia, o trabalho de câmara ou o som apresentam-se de uma forma muito profissional, cumprindo a sua missão na íntegra, mas sem momentos especialmente ousados. A realização poderia ser um pouco melhor, pois há situações que poderiam ter sido melhor exploradas.
Os actores também apresentam performances muito bem conseguidas, mas sem deslumbrar. É o caso de Paddy Considine que, apesar de possuir um estilo que pessoalmente não aprecio, consegue encarnar perfeitamente a pele do perturbado Robert. Pela mesma razão, também nunca consegui ficar suficientemente confortável para avaliar o desempenho de Julia Stiles de uma forma imparcial. Não consigo identificar claramente a razão, mas há qualquer coisa nesta actriz que faz com que eu torça o nariz sempre que a vejo em cena. Bem, mas opiniões pessoais à parte, volto a referir que, no geral, o elenco deste "The Cry of the Owl" é bastante competente e não é por aqui que o filme sai a perder. Ainda como aspecto positivo destaco os vários twists do argumento, muito bem utilizados, e que permitem ao filme ganhar um novo fôlego.
Pela negativa saliento a falta de carisma das personagens, uma vez que estas nunca nos conseguem manter suficientemente interessados naquilo que lhes acontece, perdendo-se assim muita da sua carga dramática. Há também muitas coincidências no enredo de "The Cry of the Owl", e isto prejudica sem dúvida a forma como o encaramos.
"The Cry of the Owl" é um daqueles filmes em que as partes são maiores do que o todo ou, por outras palavras, um filme com mais aspectos positivos do que negativos mas que, no final, se revela apenas um filme razoável. Não o posso recomendar, mas se você aprecia este género de filmes, então talvez lhe possa dar uma oportunidade.
O melhor: o argumento.
O pior: nunca se consegue tornar suficientemente apelativo.
Alternativas: Dance with a Stranger (1985), Love the Hard Way (2001), À La Folie... Pas du Tout (2002)
Classificação IMDB: 6.3/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Direct Contact (2009)
Género: Acção
Realizador: Danny Lerner
Com: Dolph Lundgren, Gina May, Michael Paré e Bashar Rahal, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Mike Riggins é um ex-militar das forças especiais dos Estados Unidos da América, que participou em várias missões no Leste Europeu. Após a sua saída do exército, Riggins dedicou-se ao contrabando de armamento na Rússia, mas esta actividade levou-o à detenção num dos piores estabelecimentos deste país. Um ano depois, um agente americano propõe-lhe dinheiro e liberdade se ele cumprir uma última missão: resgatar Ana Gale, uma cidadã americana raptada por Vlado, um senhor da guerra sem escrúpulos.
Vamos começar pelos aspectos positivos. "Direct Contact" é um filme de acção, direccionado exclusivamente para os amantes deste género de filmes. E de facto há bastante acção durante a sua duração: as perseguições ao volante de carros, motos, e camiões, a fugir de Hummers, helicópteros e até tanques, são uma constante; há explosões gigantescas no ecrã e balas a voar frequentemente; há cenas de luta corpo-a-corpo e tudo o mais que possam esperar num deste filmes um-homem-contra-um-exército. Há cenas mais violentas que quase se tornam hilariantes. Há ainda uma história por trás que, apesar de simples e linear, tem alguma validade. E depois temos Dolph Lundgren, num papel que já o vimos encarnar dezenas de vezes, com o desempenho habitual. "Direct Contact" é um filme de acção da velha guarda, não há qualquer dúvida. Mas os aspectos positivos acabam por aqui.
Para a audiência mais exigente, "Direct Contact" é igual a centenas de filmes, com a agravante de ser realizado com um orçamento reduzido, o que tem um impacto significativo no aspecto global do filme. Mike Riggins é o típico ex-militar, numa fase negativa da sua vida, que é abordado por alguém que pretende utilizar as suas capacidades para um determinado objectivo. Não falta a habitual figura feminina, que inicialmente se mostra brava e corajosa, mas que depois acaba sempre por sucumbir aos encantos do nosso herói. Clichés, clichés e clichés. Este filme está cheio deles.
Em suma: algumas boas cenas de acção, mas um argumento genérico, uma realização medíocre, uma produção muito fraca e performances sofríveis por parte dos actores (com a excepção de Dolph Lundgren, que está uns pontos acima do resto do elenco), prejudicam decisivamente o desempenho final deste filme. "Direct Contact" só poderá agradar aos fãs de Dolph Lundgren e aos amantes do género, e mesmo alguns destes últimos poderão ficar decepcionados.
O melhor: algumas cenas conseguem surpreender.
O pior: quase tudo, com especial relevo para a realização.
Alternativas: Mad Max 2 (1981), Die Hard (1988), Lat Sau San Taam (1992)
Classificação IMDB: 4.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Danny Lerner
Com: Dolph Lundgren, Gina May, Michael Paré e Bashar Rahal, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Mike Riggins é um ex-militar das forças especiais dos Estados Unidos da América, que participou em várias missões no Leste Europeu. Após a sua saída do exército, Riggins dedicou-se ao contrabando de armamento na Rússia, mas esta actividade levou-o à detenção num dos piores estabelecimentos deste país. Um ano depois, um agente americano propõe-lhe dinheiro e liberdade se ele cumprir uma última missão: resgatar Ana Gale, uma cidadã americana raptada por Vlado, um senhor da guerra sem escrúpulos.
Vamos começar pelos aspectos positivos. "Direct Contact" é um filme de acção, direccionado exclusivamente para os amantes deste género de filmes. E de facto há bastante acção durante a sua duração: as perseguições ao volante de carros, motos, e camiões, a fugir de Hummers, helicópteros e até tanques, são uma constante; há explosões gigantescas no ecrã e balas a voar frequentemente; há cenas de luta corpo-a-corpo e tudo o mais que possam esperar num deste filmes um-homem-contra-um-exército. Há cenas mais violentas que quase se tornam hilariantes. Há ainda uma história por trás que, apesar de simples e linear, tem alguma validade. E depois temos Dolph Lundgren, num papel que já o vimos encarnar dezenas de vezes, com o desempenho habitual. "Direct Contact" é um filme de acção da velha guarda, não há qualquer dúvida. Mas os aspectos positivos acabam por aqui.
Para a audiência mais exigente, "Direct Contact" é igual a centenas de filmes, com a agravante de ser realizado com um orçamento reduzido, o que tem um impacto significativo no aspecto global do filme. Mike Riggins é o típico ex-militar, numa fase negativa da sua vida, que é abordado por alguém que pretende utilizar as suas capacidades para um determinado objectivo. Não falta a habitual figura feminina, que inicialmente se mostra brava e corajosa, mas que depois acaba sempre por sucumbir aos encantos do nosso herói. Clichés, clichés e clichés. Este filme está cheio deles.
Em suma: algumas boas cenas de acção, mas um argumento genérico, uma realização medíocre, uma produção muito fraca e performances sofríveis por parte dos actores (com a excepção de Dolph Lundgren, que está uns pontos acima do resto do elenco), prejudicam decisivamente o desempenho final deste filme. "Direct Contact" só poderá agradar aos fãs de Dolph Lundgren e aos amantes do género, e mesmo alguns destes últimos poderão ficar decepcionados.
O melhor: algumas cenas conseguem surpreender.
O pior: quase tudo, com especial relevo para a realização.
Alternativas: Mad Max 2 (1981), Die Hard (1988), Lat Sau San Taam (1992)
Classificação IMDB: 4.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
domingo, 15 de novembro de 2009
Gardens of the Night (2008)
Género: Drama
Realizador: Damian Harris
Com: Gillian Jacobs, Evan Ross, Ryan Simpkins e John Malkovich, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Quando tinha apenas oito anos de idade, Leslie é raptada e lentamente convencida de que a sua família já não a quer. Aos poucos, os seus raptores começam a introduzi-la no circuito da pedofilia e da pornografia infantil, naquele que seria o início de um longo período de abusos e horrores. Leslie encontra o seu único apoio em Donnie, um rapaz também raptado em tenra idade. Quando se tornam demasiado velhas para o mercado, as duas crianças são abandonadas pelos seus captores mas, sem ninguém a quem possam recorrer, vêm-se obrigados a viver na rua. Agora, com dezassete anos, os dois jovens continuam a viver como sem-abrigos, recorrendo à prostituição e a pequenos furtos para conseguirem sobreviver.
Damian Harris é simultaneamente o argumentista e o realizador deste "Gardens of the Night". O autor dedicou dois anos da sua vida a pesquisar e a entrevistar crianças, assistentes de segurança social, polícias e proxenetas, para tornar este filme o mais fiel possível à realidade. É uma viagem negra, crua e perturbadora em que a audiência embarca, num momento em que a pedofilia e o rapto de crianças se afiguram como um medo cada vez mais aterrador para todos os pais, devido aos relatos que parecem assolar mais frequentemente a nossa sociedade. "Gardens of the Night" é um filme que, pela sua temática, não deixará ninguém indiferente.
Felizmente o realizador consegue ter o bom gosto e a sensibilidade para evitar cenas potencialmente mais gráficas, que poderiam arrasar o filme se este optasse por este rumo mais cru. Uma nota positiva também para a cinematografia, com uma boa escolha de câmaras e de fotografia, que com o seu ligeiro granulado aproximam ainda mais o filme da audiência, ampliando o sentimento de autenticidade.
Mas este filme tem alguns problemas, a começar pelo argumento. Há muitos aspectos confusos e, algumas situações a carecer de uma maior explicação. A forma como as duas crianças saem das mãos dos seus captores, por exemplo, não é apresentada na película; esta informação é-nos transmitida apenas no texto presente na capa do DVD. Este exemplo não é caso isolado, havendo várias ocasiões que causam estranheza na audiência devido a situações similares.
Os actores apresentam desempenhos bastante bons, com um destaque para os mais jovens, que representam as personagens principais enquanto crianças, e que o fazem com uma qualidade tal que em alguns instantes quase nos questionamos se aquilo que estamos a ver aconteceu mesmo ou se se trata apenas de um filme. Neste departamento destaco como aspecto negativo a escolha de Tom Arnold para o papel do raptor de crianças, não tanto pelo seu desempenho mas pela sensação de estranheza que me causou, uma vez que se trata de um actor que eu associo imediatamente a comédias, género em que se notabilizou.
"Gardens of the Night" é um filme que me surpreendeu. Tem muitos defeitos, e certamente existem melhores alternativas dentro desta temática, mas a atenção ao detalhe e o cuidado revelado na construção das personagens pode, para alguns, compensar os aspectos menos conseguidos. Por tudo isto, e especialmente se ficou curioso, recomendo que pelo menos dê uma oportunidade a este filme.
O melhor: um filme belo e cativante, apesar do tema que aborda.
O pior: alguns buracos no argumento.
Alternativas: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (1981), Mystic River (2003), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 6.8/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
Realizador: Damian Harris
Com: Gillian Jacobs, Evan Ross, Ryan Simpkins e John Malkovich, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Quando tinha apenas oito anos de idade, Leslie é raptada e lentamente convencida de que a sua família já não a quer. Aos poucos, os seus raptores começam a introduzi-la no circuito da pedofilia e da pornografia infantil, naquele que seria o início de um longo período de abusos e horrores. Leslie encontra o seu único apoio em Donnie, um rapaz também raptado em tenra idade. Quando se tornam demasiado velhas para o mercado, as duas crianças são abandonadas pelos seus captores mas, sem ninguém a quem possam recorrer, vêm-se obrigados a viver na rua. Agora, com dezassete anos, os dois jovens continuam a viver como sem-abrigos, recorrendo à prostituição e a pequenos furtos para conseguirem sobreviver.
Damian Harris é simultaneamente o argumentista e o realizador deste "Gardens of the Night". O autor dedicou dois anos da sua vida a pesquisar e a entrevistar crianças, assistentes de segurança social, polícias e proxenetas, para tornar este filme o mais fiel possível à realidade. É uma viagem negra, crua e perturbadora em que a audiência embarca, num momento em que a pedofilia e o rapto de crianças se afiguram como um medo cada vez mais aterrador para todos os pais, devido aos relatos que parecem assolar mais frequentemente a nossa sociedade. "Gardens of the Night" é um filme que, pela sua temática, não deixará ninguém indiferente.
Felizmente o realizador consegue ter o bom gosto e a sensibilidade para evitar cenas potencialmente mais gráficas, que poderiam arrasar o filme se este optasse por este rumo mais cru. Uma nota positiva também para a cinematografia, com uma boa escolha de câmaras e de fotografia, que com o seu ligeiro granulado aproximam ainda mais o filme da audiência, ampliando o sentimento de autenticidade.
Mas este filme tem alguns problemas, a começar pelo argumento. Há muitos aspectos confusos e, algumas situações a carecer de uma maior explicação. A forma como as duas crianças saem das mãos dos seus captores, por exemplo, não é apresentada na película; esta informação é-nos transmitida apenas no texto presente na capa do DVD. Este exemplo não é caso isolado, havendo várias ocasiões que causam estranheza na audiência devido a situações similares.
Os actores apresentam desempenhos bastante bons, com um destaque para os mais jovens, que representam as personagens principais enquanto crianças, e que o fazem com uma qualidade tal que em alguns instantes quase nos questionamos se aquilo que estamos a ver aconteceu mesmo ou se se trata apenas de um filme. Neste departamento destaco como aspecto negativo a escolha de Tom Arnold para o papel do raptor de crianças, não tanto pelo seu desempenho mas pela sensação de estranheza que me causou, uma vez que se trata de um actor que eu associo imediatamente a comédias, género em que se notabilizou.
"Gardens of the Night" é um filme que me surpreendeu. Tem muitos defeitos, e certamente existem melhores alternativas dentro desta temática, mas a atenção ao detalhe e o cuidado revelado na construção das personagens pode, para alguns, compensar os aspectos menos conseguidos. Por tudo isto, e especialmente se ficou curioso, recomendo que pelo menos dê uma oportunidade a este filme.
O melhor: um filme belo e cativante, apesar do tema que aborda.
O pior: alguns buracos no argumento.
Alternativas: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (1981), Mystic River (2003), Gone Baby Gone (2007)
Classificação IMDB: 6.8/10
Classificação RottenTomatoes: 5.9/10
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Dying Breed (2008)
Género: Horror/Thriller
Realizador: Jody Dwyer
Com: Mirrah Foulkes, Leigh Whannell, Nathan Philips e Melanie Vallejo, entre outros.
Página oficial
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Poster encontrado aqui.
Katie era uma zoologista que investigava a possível existência de Tigres da Tasmânia, uma espécie considerada extinta pela comunidade científica, quando foi encontrada morta nesta ilha a sul da Austrália. Oito anos depois a sua irmã, Nina, também zoologista, está determinada a provar a teoria da irmã e, junto com o seu marido, partem para a ilha da Tasmânia em busca de mais evidências. Quando desembarcam encontram-se com Jack e com Rebecca, que os acompanharão na aventura, e os quatro partem para Sarah, uma pequena aldeia mesmo no centro da reserva natural. Esta aldeia tem uma estranha relação com a lenda de Alexander "The Pieman" Pearce, que em 1824 se tornou no único condenado a alguma vez conseguir fugir daquela que era considerada a pior prisão do Império Britânico, precisamente instalada naquela ilha, e que se tornou conhecido pelo seu canibalismo, tendo inclusivamente sido encontrado com carne humana nos seus bolsos quando mais tarde foi recapturado.
"Dying Breed" é um filme australiano que, como referido, utiliza duas lendas locais como base para o seu argumento: a hipotética existência de Tigres da Tasmânia, e a lenda de Alexander Pearce. É filmado no próprio local, a Ilha da Tasmânia, o que proporciona cenários naturais onde a beleza e a fria austeridade da natureza se apresentam numa simbiose perfeita. No geral, estas localizações contribuíram positivamente para a atmosfera do filme, transmitindo bem o tom negro e perturbador deste.
Mas o argumento não é nada de extraordinário, antes pelo contrário. Trata-se de um tema já revisitado extensivamente por outros filmes, onde os pormenores já referidos acabam por ser a principal diferença deste "Dying Breed" em relação a títulos como "Wrong Turn" ou até "The Texas Chainsaw Massacre", só para citar alguns exemplos. O argumento poderia talvez explorar melhor a sua referência à figura histórica com que se relaciona, pois esta ligação é demasiado ténue para que possa tornar este filme único.
Depois, temos os já habituais clichés destes filmes: dois casais de namorados, um ambiente hostil, um evento inesperado, e uma luta pela sobrevivência, à medida que as personagens vão tombando uma a uma. Não faltam também os sempre presentes momentos que eu gosto de denominar como os momentos "esta-gente-é-mesmo-estúpida", com as já clássicas linhas do tipo "Não saias daqui, eu volto já!" que soltam sempre um sorriso na audiência que se ri destas decisões idiotas. Já quase desisti de considerar isto um defeito deste género de filmes, uma vez que cerca de 90% utilizam esta fórmula. Prefiro destacar aqueles que não optam por esta via mais fácil.
Felizmente nem tudo é mau neste filme. Destaco os desempenhos dos actores, que são competentes o suficiente para transmitir alguma credibilidade à película. "Dying Breed" também explora bastante bem os seus elementos de construção de tensão, conseguindo apanhar a audiência desprevenida e proporcionando alguns bons sustos. por último há uma boa e adequada dose de gore neste filme, que consegue o feito de nunca se tornar demasiado gráfico apesar de, a partir de um determinado momento, o sangue ser um elemento que figura quase permanentemente no ecrã. Apesar de ser um tanto ou quanto previsível, "Dying Breed" traz-nos alguns twists que conseguem surpreender-nos e que nos faz manter a atenção, e isso é sempre positivo.
Gostava ainda de deixar uma última menção em relação a alguns aspectos mais técnicos do filme, nomeadamente a fotografia e a sonoplastia. A música é praticamente inexistente aqui em "Dying Breed", tendo a equipa de produção optado por salientar os restantes efeitos sonoros, num jogo com os momentos de silêncio, tornando o filme mais "cru" e que contribuindo assim para intensificar a tensão que lhe é inerente. O trabalho de câmara não despertará certamente sentimentos unânimes na audiência, pois as rápidas transições entre cenas, bem como a conjugação de grandes planos com movimentos constantes da câmara nas cenas mais gráficas, poderão causar algum desconforto e até uma ligeira sensação de claustrofobia.
Em suma, "Dying Breed" é um filme em que os aspectos negativos e os positivos praticamente se anulam, o que resulta num mau filme com alguns bons elementos, ou num bom filme com alguns maus elementos, dependendo do ponto de vista. Não me sentindo totalmente satisfeito ao ponto de o poder recomendar sem ficar com um peso na consciência, tenho que dizer no entanto que poderá ser um filme interessante para os amantes do género.
O melhor: bons momentos de tensão.
O pior: o fio condutor do argumento já está gasto de tanto ser usado...
Alternativas: Cannibal Holocaust (1980), Ravenous (1999), Wolf Creek (2005), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 5.5/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
Realizador: Jody Dwyer
Com: Mirrah Foulkes, Leigh Whannell, Nathan Philips e Melanie Vallejo, entre outros.
Página oficial
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Katie era uma zoologista que investigava a possível existência de Tigres da Tasmânia, uma espécie considerada extinta pela comunidade científica, quando foi encontrada morta nesta ilha a sul da Austrália. Oito anos depois a sua irmã, Nina, também zoologista, está determinada a provar a teoria da irmã e, junto com o seu marido, partem para a ilha da Tasmânia em busca de mais evidências. Quando desembarcam encontram-se com Jack e com Rebecca, que os acompanharão na aventura, e os quatro partem para Sarah, uma pequena aldeia mesmo no centro da reserva natural. Esta aldeia tem uma estranha relação com a lenda de Alexander "The Pieman" Pearce, que em 1824 se tornou no único condenado a alguma vez conseguir fugir daquela que era considerada a pior prisão do Império Britânico, precisamente instalada naquela ilha, e que se tornou conhecido pelo seu canibalismo, tendo inclusivamente sido encontrado com carne humana nos seus bolsos quando mais tarde foi recapturado.
"Dying Breed" é um filme australiano que, como referido, utiliza duas lendas locais como base para o seu argumento: a hipotética existência de Tigres da Tasmânia, e a lenda de Alexander Pearce. É filmado no próprio local, a Ilha da Tasmânia, o que proporciona cenários naturais onde a beleza e a fria austeridade da natureza se apresentam numa simbiose perfeita. No geral, estas localizações contribuíram positivamente para a atmosfera do filme, transmitindo bem o tom negro e perturbador deste.
Mas o argumento não é nada de extraordinário, antes pelo contrário. Trata-se de um tema já revisitado extensivamente por outros filmes, onde os pormenores já referidos acabam por ser a principal diferença deste "Dying Breed" em relação a títulos como "Wrong Turn" ou até "The Texas Chainsaw Massacre", só para citar alguns exemplos. O argumento poderia talvez explorar melhor a sua referência à figura histórica com que se relaciona, pois esta ligação é demasiado ténue para que possa tornar este filme único.
Depois, temos os já habituais clichés destes filmes: dois casais de namorados, um ambiente hostil, um evento inesperado, e uma luta pela sobrevivência, à medida que as personagens vão tombando uma a uma. Não faltam também os sempre presentes momentos que eu gosto de denominar como os momentos "esta-gente-é-mesmo-estúpida", com as já clássicas linhas do tipo "Não saias daqui, eu volto já!" que soltam sempre um sorriso na audiência que se ri destas decisões idiotas. Já quase desisti de considerar isto um defeito deste género de filmes, uma vez que cerca de 90% utilizam esta fórmula. Prefiro destacar aqueles que não optam por esta via mais fácil.
Felizmente nem tudo é mau neste filme. Destaco os desempenhos dos actores, que são competentes o suficiente para transmitir alguma credibilidade à película. "Dying Breed" também explora bastante bem os seus elementos de construção de tensão, conseguindo apanhar a audiência desprevenida e proporcionando alguns bons sustos. por último há uma boa e adequada dose de gore neste filme, que consegue o feito de nunca se tornar demasiado gráfico apesar de, a partir de um determinado momento, o sangue ser um elemento que figura quase permanentemente no ecrã. Apesar de ser um tanto ou quanto previsível, "Dying Breed" traz-nos alguns twists que conseguem surpreender-nos e que nos faz manter a atenção, e isso é sempre positivo.
Gostava ainda de deixar uma última menção em relação a alguns aspectos mais técnicos do filme, nomeadamente a fotografia e a sonoplastia. A música é praticamente inexistente aqui em "Dying Breed", tendo a equipa de produção optado por salientar os restantes efeitos sonoros, num jogo com os momentos de silêncio, tornando o filme mais "cru" e que contribuindo assim para intensificar a tensão que lhe é inerente. O trabalho de câmara não despertará certamente sentimentos unânimes na audiência, pois as rápidas transições entre cenas, bem como a conjugação de grandes planos com movimentos constantes da câmara nas cenas mais gráficas, poderão causar algum desconforto e até uma ligeira sensação de claustrofobia.
Em suma, "Dying Breed" é um filme em que os aspectos negativos e os positivos praticamente se anulam, o que resulta num mau filme com alguns bons elementos, ou num bom filme com alguns maus elementos, dependendo do ponto de vista. Não me sentindo totalmente satisfeito ao ponto de o poder recomendar sem ficar com um peso na consciência, tenho que dizer no entanto que poderá ser um filme interessante para os amantes do género.
O melhor: bons momentos de tensão.
O pior: o fio condutor do argumento já está gasto de tanto ser usado...
Alternativas: Cannibal Holocaust (1980), Ravenous (1999), Wolf Creek (2005), The Hills Have Eyes (2006)
Classificação IMDB: 5.5/10
Classificação RottenTomatoes: 4.8/10
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Autopsy (2008)
Género: Horror
Realizador: Adam Gierasch
Com: Jessica Lowndes, Robert Patrick, Jenette Goldstein e Robert LaSardo, entre outros.
Trailer
Poster encontrado aqui.
Um grupo de jovens, após uma noite de diversão, viaja de carro em direcção a casa. Mas na viagem o carro descontrola-se e acaba por embater contra uma árvore. Nenhum dos jovens sofreu qualquer dano grave, apenas alguns arranhões e hematomas, mas pouco tempo depois uma ambulância chega ao local do acidente e transporta-os até ao Mercy Hospital, o hospital local, para realizarem uma série de exames por precaução. E aqui é que as coisas se começam a complicar, pois este é na realidade um hospital abandonado, dirigido pelo Dr. Benway, um psicopata que com a ajuda de um staff mínimo conduz uma série de experiências inumanas sobre os seus pacientes.
"Autopsy" é um filme estranho. Mesmo muito estranho. E é estranho porque se trata de um típico filme B, realizado em 2008, que conta com algumas caras conhecidas (Robert Patrick - "Terminator 2: Judgement Day", "The X-Files", "The Fix"; Robert LaSardo - "Death Race", e inúmeras séries televisivas; Jenette Goldstein - "Aliens") mas que nunca se parece levar a sério, ao misturar comédia com horror, com o seu expoente em cenas de humor negro extremo ou em cenas mais gráficas mas com efeitos especiais sofríveis. De facto este último aspecto é particularmente relevante, pois apesar de algumas cenas contarem com uma violência gráfica excessiva mas até certo ponto credível, outras perdem todo o seu impacto devido a um péssimo trabalho de caracterização e de efeitos especiais.
Quanto ao argumento, esperem encontrar aqui todos os clichés habituais deste género de filmes: um médico que gosta de fazer experiências, um enorme edifício abandonado no meio do nada, "fantasmas" que vagueiam pelos corredores e que deixam avisos de uma forma críptica, um grupo de jovens tão estúpidos que nem nos importamos quando o Dr. Maluco os começa a cortar às postas... Apesar de tudo isto o filme consegue ainda assim criar uma identidade muito própria, recorrendo à já referida dualidade horror/comédia. Mas não tenham qualquer dúvida: apesar dos elementos de comédia, "Autopsy" é um filme de horror com muito gore.
O argumento deste filme tem vários erros, que vão desde os relacionados com a história em si (algumas decisões vão completamente contra o que o senso comum ditaria), até outros mais particulares (em algumas cenas os actores sussurram quando estão escondidos, mas depois desatam aos berros um com o outro mal um dos perseguidores sai da sala onde eles se encontram, sem que este os oiça!). O enredo é bastante linear, apesar de a partir de uma determinada altura os protagonistas se encontrarem separados, em situações diversas.
Quanto às performances dos actores... nem sei por onde começar. Tenho a certeza que muitos filmes amadores contam com melhores interpretações do que este "Autopsy". Com a excepção de Robert Patrick, que apresenta um desempenho aceitável, todos os outros actores se aparentam mais com uma série de marionetas do que com pessoas reais. Demasiado maus. Mas a posteriori desconfio que este aspecto foi mais uma opção do realizador, atendendo ao ambiente global do filme.
Nada mais a dizer. Um filme a evitar, um dos piores que vi nos últimos tempos. Só os amantes do género "tão mau que é quase bom" poderão ponderar em dar uma oportunidade a filme. A autópsia é clara, este filme devia estar morto e enterrado.
O melhor: alguns momentos conseguem de facto ser cómicos ou perturbadores.
O pior: praticamente tudo o que está entre a sequência de introdução do filme e os créditos.
Alternativas: Friday the 13th (1980), House on Haunted Hill (1999), Saigo No Bansan (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Adam Gierasch
Com: Jessica Lowndes, Robert Patrick, Jenette Goldstein e Robert LaSardo, entre outros.
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Poster encontrado aqui.
Um grupo de jovens, após uma noite de diversão, viaja de carro em direcção a casa. Mas na viagem o carro descontrola-se e acaba por embater contra uma árvore. Nenhum dos jovens sofreu qualquer dano grave, apenas alguns arranhões e hematomas, mas pouco tempo depois uma ambulância chega ao local do acidente e transporta-os até ao Mercy Hospital, o hospital local, para realizarem uma série de exames por precaução. E aqui é que as coisas se começam a complicar, pois este é na realidade um hospital abandonado, dirigido pelo Dr. Benway, um psicopata que com a ajuda de um staff mínimo conduz uma série de experiências inumanas sobre os seus pacientes.
"Autopsy" é um filme estranho. Mesmo muito estranho. E é estranho porque se trata de um típico filme B, realizado em 2008, que conta com algumas caras conhecidas (Robert Patrick - "Terminator 2: Judgement Day", "The X-Files", "The Fix"; Robert LaSardo - "Death Race", e inúmeras séries televisivas; Jenette Goldstein - "Aliens") mas que nunca se parece levar a sério, ao misturar comédia com horror, com o seu expoente em cenas de humor negro extremo ou em cenas mais gráficas mas com efeitos especiais sofríveis. De facto este último aspecto é particularmente relevante, pois apesar de algumas cenas contarem com uma violência gráfica excessiva mas até certo ponto credível, outras perdem todo o seu impacto devido a um péssimo trabalho de caracterização e de efeitos especiais.
Quanto ao argumento, esperem encontrar aqui todos os clichés habituais deste género de filmes: um médico que gosta de fazer experiências, um enorme edifício abandonado no meio do nada, "fantasmas" que vagueiam pelos corredores e que deixam avisos de uma forma críptica, um grupo de jovens tão estúpidos que nem nos importamos quando o Dr. Maluco os começa a cortar às postas... Apesar de tudo isto o filme consegue ainda assim criar uma identidade muito própria, recorrendo à já referida dualidade horror/comédia. Mas não tenham qualquer dúvida: apesar dos elementos de comédia, "Autopsy" é um filme de horror com muito gore.
O argumento deste filme tem vários erros, que vão desde os relacionados com a história em si (algumas decisões vão completamente contra o que o senso comum ditaria), até outros mais particulares (em algumas cenas os actores sussurram quando estão escondidos, mas depois desatam aos berros um com o outro mal um dos perseguidores sai da sala onde eles se encontram, sem que este os oiça!). O enredo é bastante linear, apesar de a partir de uma determinada altura os protagonistas se encontrarem separados, em situações diversas.
Quanto às performances dos actores... nem sei por onde começar. Tenho a certeza que muitos filmes amadores contam com melhores interpretações do que este "Autopsy". Com a excepção de Robert Patrick, que apresenta um desempenho aceitável, todos os outros actores se aparentam mais com uma série de marionetas do que com pessoas reais. Demasiado maus. Mas a posteriori desconfio que este aspecto foi mais uma opção do realizador, atendendo ao ambiente global do filme.
Nada mais a dizer. Um filme a evitar, um dos piores que vi nos últimos tempos. Só os amantes do género "tão mau que é quase bom" poderão ponderar em dar uma oportunidade a filme. A autópsia é clara, este filme devia estar morto e enterrado.
O melhor: alguns momentos conseguem de facto ser cómicos ou perturbadores.
O pior: praticamente tudo o que está entre a sequência de introdução do filme e os créditos.
Alternativas: Friday the 13th (1980), House on Haunted Hill (1999), Saigo No Bansan (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 5.1/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
The Broken (2008)
Género: Horror/Suspense/Thriller
Realizador: Sean Ellis
Com: Lena Headey, Melvil Poupaud, Richard Jenkins e Asier Newman, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Gina McVey é uma radiologista londrina bem sucedida, com uma vida perfeitamente normal. Um dia, Gina vê a passar na rua um carro exactamente igual ao seu, conduzido por uma mulher misteriosamente parecida consigo. Instigada pela curiosidade, ela segue a misteriosa mulher até ao seu apartamento, onde encontra uma foto de si própria com o seu pai. A partir deste momento, nada mais voltaria a ser o mesmo. Perturbadíssima, Gina volta para o seu carro e, durante a viagem de regresso, sofre um violento acidente que a faz perder parcialmente a memória. Enquanto tenta decifrar os fragmentos das suas recordações, Gina começa a questionar tudo o que a rodeia, inclusive a identidade do seu marido. E a única pista que ela tem para decifrar esta escura realidade é um simples espelho partido.
"The Broken" é uma produção anglo-francesa, um filme catalogado como um filme de horror, mas mais maduro, fruto da influência do cinema europeu. Não esperem por isso ver litradas de sangue a jorrar para satisfazer a audiência. "The Broken" está, ao invés disso, mais próximo do género de suspense, mas não é por isso que é menos perturbador.
Este filme junta um elenco muito competente, composto por algumas caras mais ou menos conhecidas do grande público. Lena Headey (a Sarah Connor de "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") é a protagonista, bem ladeada por Melvil Poupaud ("Le Temps Qui Reste") e Richard Jenkins ("Six Feet Under", "The Visitor"). As grandes qualidades deste elenco são, acima de tudo, a sua solidez e a forma discreta como cumprem os seus objectivos. Não esperem performances de encher o olho, no entanto tenho que destacar o enorme realismo que todas as personagens transparecem, e isso é um feito assinalável.
Muito deste filme é-nos transmitido de uma forma implícita, não directa, durante o decorrer da sua duração. Vamos conhecendo as personagens e os seus relacionamentos com o avançar do filme, numa tentativa de prender a audiência e forçá-la a manter a atenção para não perder qualquer pormenor da história. Os diálogos não são uma constante neste "The Broken" e também não contribuem decisivamente para o deslindar da história, e por isso podem contar com várias sequências de largos minutos sem qualquer diálogo. O próprio final não esclarece totalmente todas as questões, principalmente as mais pertinentes, preferindo deixar isso para a imaginação do espectador. O trabalho de câmara está absolutamente fantástico, dotando este filme do charme típico do cinema europeu, com várias cenas de uma beleza rara, apesar da temática depressiva do filme. Algumas pessoas adorarão todos estes aspectos, mas os mais impacientes poderão ficar rapidamente aborrecidos.
"The Broken" está longe de ser um grande filme, e portanto tem os seus inevitáveis problemas. A começar pela sua premissa, frequentemente visitada nos filmes deste género e que limita desde logo o interesse da plateia. Valha-lhe o facto de vir de uma escola de cinema mais afastada do público mais mainstream, o que lhe consegue conferir pelo menos a atenção dos amantes deste cinema mais alternativo. Outro problema reside na fraca exploração das personagens secundárias para o adensar do argumento. De facto fica a sensação que algumas cenas poderiam ter um impacto emocional superior se o realizador nos tivesse envolvido mais com algumas destas personagens. Pessoalmente, não gostei do trabalho de edição que foi realizado, principalmente ao nível das transições entre cenas, com cortes muito bruscos e um pouco fora de tempo, causando algum desconforto. Por último, algumas cenas poderiam ser retiradas pois, para além de serem estranhas e mal realizadas, não trazem nada de novo para a história.
Se este género lhe agradar, e se você for uma daquelas pessoas que se sente orgulhosa por ver bons filmes que muita gente desconhece, há uma forte probabilidade de este ser um filme à sua medida. Se, pelo contrário, prefere os filmes de horror e suspense à la Hollywood, então não há motivos suficientes para o convencer a dar uma oportunidade a este "The Broken".
O melhor: o cuidado estético.
O pior: por ser pouco elucidativo, o seu argumento pode confundir e aborrecer uma grande fatia da audiência.
Alternativas: Candyman (1992), Gin Gwai (2002), Mirrors (2008)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.2/10
Realizador: Sean Ellis
Com: Lena Headey, Melvil Poupaud, Richard Jenkins e Asier Newman, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Gina McVey é uma radiologista londrina bem sucedida, com uma vida perfeitamente normal. Um dia, Gina vê a passar na rua um carro exactamente igual ao seu, conduzido por uma mulher misteriosamente parecida consigo. Instigada pela curiosidade, ela segue a misteriosa mulher até ao seu apartamento, onde encontra uma foto de si própria com o seu pai. A partir deste momento, nada mais voltaria a ser o mesmo. Perturbadíssima, Gina volta para o seu carro e, durante a viagem de regresso, sofre um violento acidente que a faz perder parcialmente a memória. Enquanto tenta decifrar os fragmentos das suas recordações, Gina começa a questionar tudo o que a rodeia, inclusive a identidade do seu marido. E a única pista que ela tem para decifrar esta escura realidade é um simples espelho partido.
"The Broken" é uma produção anglo-francesa, um filme catalogado como um filme de horror, mas mais maduro, fruto da influência do cinema europeu. Não esperem por isso ver litradas de sangue a jorrar para satisfazer a audiência. "The Broken" está, ao invés disso, mais próximo do género de suspense, mas não é por isso que é menos perturbador.
Este filme junta um elenco muito competente, composto por algumas caras mais ou menos conhecidas do grande público. Lena Headey (a Sarah Connor de "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") é a protagonista, bem ladeada por Melvil Poupaud ("Le Temps Qui Reste") e Richard Jenkins ("Six Feet Under", "The Visitor"). As grandes qualidades deste elenco são, acima de tudo, a sua solidez e a forma discreta como cumprem os seus objectivos. Não esperem performances de encher o olho, no entanto tenho que destacar o enorme realismo que todas as personagens transparecem, e isso é um feito assinalável.
Muito deste filme é-nos transmitido de uma forma implícita, não directa, durante o decorrer da sua duração. Vamos conhecendo as personagens e os seus relacionamentos com o avançar do filme, numa tentativa de prender a audiência e forçá-la a manter a atenção para não perder qualquer pormenor da história. Os diálogos não são uma constante neste "The Broken" e também não contribuem decisivamente para o deslindar da história, e por isso podem contar com várias sequências de largos minutos sem qualquer diálogo. O próprio final não esclarece totalmente todas as questões, principalmente as mais pertinentes, preferindo deixar isso para a imaginação do espectador. O trabalho de câmara está absolutamente fantástico, dotando este filme do charme típico do cinema europeu, com várias cenas de uma beleza rara, apesar da temática depressiva do filme. Algumas pessoas adorarão todos estes aspectos, mas os mais impacientes poderão ficar rapidamente aborrecidos.
"The Broken" está longe de ser um grande filme, e portanto tem os seus inevitáveis problemas. A começar pela sua premissa, frequentemente visitada nos filmes deste género e que limita desde logo o interesse da plateia. Valha-lhe o facto de vir de uma escola de cinema mais afastada do público mais mainstream, o que lhe consegue conferir pelo menos a atenção dos amantes deste cinema mais alternativo. Outro problema reside na fraca exploração das personagens secundárias para o adensar do argumento. De facto fica a sensação que algumas cenas poderiam ter um impacto emocional superior se o realizador nos tivesse envolvido mais com algumas destas personagens. Pessoalmente, não gostei do trabalho de edição que foi realizado, principalmente ao nível das transições entre cenas, com cortes muito bruscos e um pouco fora de tempo, causando algum desconforto. Por último, algumas cenas poderiam ser retiradas pois, para além de serem estranhas e mal realizadas, não trazem nada de novo para a história.
Se este género lhe agradar, e se você for uma daquelas pessoas que se sente orgulhosa por ver bons filmes que muita gente desconhece, há uma forte probabilidade de este ser um filme à sua medida. Se, pelo contrário, prefere os filmes de horror e suspense à la Hollywood, então não há motivos suficientes para o convencer a dar uma oportunidade a este "The Broken".
O melhor: o cuidado estético.
O pior: por ser pouco elucidativo, o seu argumento pode confundir e aborrecer uma grande fatia da audiência.
Alternativas: Candyman (1992), Gin Gwai (2002), Mirrors (2008)
Classificação IMDB: 5.6/10
Classificação RottenTomatoes: 6.2/10
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
From Within (2008)
Género: Horror/Suspense/Thriller
Realizador: Phedon Papamichael
Com: Elizabeth Rice, Thomas Dekker, Kelly Blatz e Adam Goldberg, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Numa pequena cidade no estado de Maryland, um incidente vem perturbar a calma vivida pela comunidade. O suicídio de um jovem adolescente parece ter despoletado uma série de violentos suicídios em cadeia. Este adolescente é filho de uma mulher falecida naquela mesma cidade há alguns anos atrás, de uma forma violenta e misteriosa, que era acusada de praticar bruxaria e de idolatrar os demónios. Quando rumores de uma suposta maldição começam a circular pela cidade, Aidan, irmão do adolescente que se suicidou, começa a ser perseguido e a ser vítima de agressões devido ao passado da sua família. Os habitantes locais são fervorosos crentes cristãos e, inspirados pelo fanático pastor da igreja local, formam um grupo de vigilantes capazes de fazer tudo para trazer de novo a paz a esta comunidade temente a Deus.
"From Within" é um filme cujo argumento segue as linhas básicas dos filmes de horror psicológico clássicos. Assim sendo, não contem com violência gráfica excessiva, como podemos assistir em filmes como "Saw" ou "Hostel", limitando-se ao essencial para transmitir a sua mensagem.
O argumento deste filme é relativamente interessante, e com um grande potencial para se tornar apelativo e assustador. No entanto, à medida que o tempo vai passando o filme vai-se tornando repetitivo e até previsível, retirando uma grande parte da tensão que poderia alcançar. Consegue no entanto surpreender com o seu final, e tem o mérito de abordar um tema que não é frequentemente tratado em filmes - o fanatismo cristão de algumas comunidades mais fechadas.
O desempenho dos actores torna "From Within" bastante agradável de assistir, porém não contem com performances dignas de um qualquer prémio. Podia talvez destacar o trabalho realizado por Thomas Dekker ("Heroes", "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") ou por Elizabeth Rice ("Mad Men"), mas prefiro não o fazer pois nãp se destacam dos demais de uma forma óbvia, mantendo-se todos num patamar médio em termos de qualidade. O mérito aqui cabe ao realizador Phedon Papamichael (mais conhecido pelos seus trabalhos como director de fotografia, em títulos como "Walk The Line" ou "3:10 to Yuma"), que com um bom trabalho de câmara e com uma gestão muito competente do ritmo do filme consegue trazer ao de cima o melhor possível de cada aspecto deste "From Within".
No capítulo técnico este filme consegue somar alguns pontos, com efeitos visuais muito bem conseguidos a adicionar ao já mencionado trabalho de câmara. A música cumpre na perfeição o seu papel, ao dar o tom dos acontecimentos e embalar a audiência neste sentido, sem nunca se tornar incomodativa.
Em suma, "From Within" é um título mediano no vasto catálogo de filmes de horror. É no entanto bastante competente naquilo que faz, e poderá merecer uma visualização dos mais fanáticos deste género de filmes. Pondere uma oportunidade ou evite-o, dependendo da sua preferência por este género.
O melhor: bom trabalho do realizador, atendendo às limitações.
O pior: torna-se repetitivo, o que prejudica a atenção da audiência.
Alternativas: Carrie (1976), Jacob's Ladder (1990), Frailty (2001)
Classificação IMDB: 5.7/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
Realizador: Phedon Papamichael
Com: Elizabeth Rice, Thomas Dekker, Kelly Blatz e Adam Goldberg, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Numa pequena cidade no estado de Maryland, um incidente vem perturbar a calma vivida pela comunidade. O suicídio de um jovem adolescente parece ter despoletado uma série de violentos suicídios em cadeia. Este adolescente é filho de uma mulher falecida naquela mesma cidade há alguns anos atrás, de uma forma violenta e misteriosa, que era acusada de praticar bruxaria e de idolatrar os demónios. Quando rumores de uma suposta maldição começam a circular pela cidade, Aidan, irmão do adolescente que se suicidou, começa a ser perseguido e a ser vítima de agressões devido ao passado da sua família. Os habitantes locais são fervorosos crentes cristãos e, inspirados pelo fanático pastor da igreja local, formam um grupo de vigilantes capazes de fazer tudo para trazer de novo a paz a esta comunidade temente a Deus.
"From Within" é um filme cujo argumento segue as linhas básicas dos filmes de horror psicológico clássicos. Assim sendo, não contem com violência gráfica excessiva, como podemos assistir em filmes como "Saw" ou "Hostel", limitando-se ao essencial para transmitir a sua mensagem.
O argumento deste filme é relativamente interessante, e com um grande potencial para se tornar apelativo e assustador. No entanto, à medida que o tempo vai passando o filme vai-se tornando repetitivo e até previsível, retirando uma grande parte da tensão que poderia alcançar. Consegue no entanto surpreender com o seu final, e tem o mérito de abordar um tema que não é frequentemente tratado em filmes - o fanatismo cristão de algumas comunidades mais fechadas.
O desempenho dos actores torna "From Within" bastante agradável de assistir, porém não contem com performances dignas de um qualquer prémio. Podia talvez destacar o trabalho realizado por Thomas Dekker ("Heroes", "Terminator: The Sarah Connor Chronicles") ou por Elizabeth Rice ("Mad Men"), mas prefiro não o fazer pois nãp se destacam dos demais de uma forma óbvia, mantendo-se todos num patamar médio em termos de qualidade. O mérito aqui cabe ao realizador Phedon Papamichael (mais conhecido pelos seus trabalhos como director de fotografia, em títulos como "Walk The Line" ou "3:10 to Yuma"), que com um bom trabalho de câmara e com uma gestão muito competente do ritmo do filme consegue trazer ao de cima o melhor possível de cada aspecto deste "From Within".
No capítulo técnico este filme consegue somar alguns pontos, com efeitos visuais muito bem conseguidos a adicionar ao já mencionado trabalho de câmara. A música cumpre na perfeição o seu papel, ao dar o tom dos acontecimentos e embalar a audiência neste sentido, sem nunca se tornar incomodativa.
Em suma, "From Within" é um título mediano no vasto catálogo de filmes de horror. É no entanto bastante competente naquilo que faz, e poderá merecer uma visualização dos mais fanáticos deste género de filmes. Pondere uma oportunidade ou evite-o, dependendo da sua preferência por este género.
O melhor: bom trabalho do realizador, atendendo às limitações.
O pior: torna-se repetitivo, o que prejudica a atenção da audiência.
Alternativas: Carrie (1976), Jacob's Ladder (1990), Frailty (2001)
Classificação IMDB: 5.7/10
Classificação RottenTomatoes: n/a
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Slumdog Millionaire (2008)
Género: Drama/Romance
Realizador: Danny Boyle
Com: Dev Patel, Freida Pinto, Anil Kappor e Irrfan Khan, entre outros.
Página oficial
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"Slumdog Millionaire" é a história de Jamal Malik, um órfão de dezoito anos de idade, crescido nos bairros de lata de Mumbai, a segunda cidade mais populada do mundo. Jamal concorre ao célebre programa televisivo "Who wants to be a millionaire?" ("Quem quer ser milionário?", em português), e está a apenas uma questão de conseguir ganhar o prémio máximo, vinte milhões de rupias. Mas será possível a um rapaz que nunca andou na escola e que cresceu como criminoso, vencer este concurso? Ou estará ele a fazer batota?
Por esta altura já todos devem pelo menos ter ouvido falar deste filme. Foi o grande vencedor da edição de 2009 dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América com oito estatuetas, entre as quais o de Melhor Filme e o de Melhor Realizador. É portanto óbvio que estamos perante um grande filme, certo? Não, na minha opinião.
Mas vamos por partes. Visualmente o filme está muito bom, sempre com cenas muito coloridas e com um excelente trabalho de câmara que salienta a riqueza indiana em termos de diversidade de cenários. A banda sonora também está muito bem escolhida, mostrando-se muito agradável e complementando muito bem todo o resto da obra.
No entanto, os restantes elementos de "Slumdog Millionaire" não estão a este nível. Um dos aspectos que destaco é a fraca relação emocional que cria com a audiência. "Slumdog Millionaire" limita-se a debitar várias cenas da vida de Jamal sem nunca prender os espectadores às personagens. De facto, é quase com indiferênça que vemos as cenas a passar à nossa frente: não sentimos compaixão quando Salim se redime e "muda" o seu coração, não sentimos tristeza quando vemos as pobres crianças a crescer no meio do lixo e a mendigar nas ruas, não sentimos alegria quando Jamal reencontra Latika... E porque é que isto acontece? Normalmente acontece porque as personagens são mal construídas, mas aqui as razões são outras: performances fracas dos actores e péssimos diálogos. De uma forma geral, praticamente todos os actores apresentam um desempenho medíocre, o que se nota mais nas personagens principais devido ao tempo que passam em cena. Dev Patel parece só ter uma expressão facial, Freida Pinto passa mais tempo a sorrir para a câmara do que realmente a actuar, Anil Kapoor tem uma postura de quem se acha o maior actor do mundo e as crianças nunca conseguem ser suficientemente naturais quando estão em cena.
Outro problema é um aspecto que eu normalmente critico nestes filmes que se desenrolam em países cuja língua oficial não é o inglês. Nas primeiras cenas é utilizado o hindi para as personagens comunicarem entre si, mas o problema surge quando estas começam a utilizar o inglês para se exprimirem, o que origina cenas inverosímeis como aquela em que Jamal, enquanto criança, se faz passar por guia para estrangeiros no Taj Mahal, comunicando com estes de um modo absolutamente perfeito.
Adicione-se a isto um argumento em que as situações encaixam que nem peças de um puzzle umas nas outras de um modo tão conveniente que se torna forçado, aliado a uma mão cheia de situações que seriam impossíveis de ocorrer se estivéssemos a falar da realidade, e o resultado final não parece muito famoso.
Mas então porquê o sucesso deste "Slumdog Millionaire"? Primeiro porque, na minha opinião, neste momento a Índia está na moda. Depois porque junta o espírito exuberante do cinema indiano às melodias exóticas desta cultura, fazendo disto pano de fundo para uma história de conto de fadas sobre a paixão entre dois jovens que cresceram na pobreza. O que há aqui para não gostar?
Como já devem ter compreendido, não posso recomendar "Slumdog Millionaire". Não é um grande filme, mas também não é um filme péssimo, sendo mais um exemplo de um filme mediano altamente sobrevalorizado. Se compararem "Slumdog Millionaire" com qualquer outro filme que tenha recebido o Óscar de Melhor Filme no passado percebem o que eu quero dizer.
O melhor: a música e o aspecto visual.
O pior: demasiado sobrevalorizado.
Alternativas: Earth (1998), Monsoon Wedding (2001), Cidade de Deus (2002)
Classificação IMDB: 8.4/10
Classificação RottenTomatoes: 8.2/10
Realizador: Danny Boyle
Com: Dev Patel, Freida Pinto, Anil Kappor e Irrfan Khan, entre outros.
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"Slumdog Millionaire" é a história de Jamal Malik, um órfão de dezoito anos de idade, crescido nos bairros de lata de Mumbai, a segunda cidade mais populada do mundo. Jamal concorre ao célebre programa televisivo "Who wants to be a millionaire?" ("Quem quer ser milionário?", em português), e está a apenas uma questão de conseguir ganhar o prémio máximo, vinte milhões de rupias. Mas será possível a um rapaz que nunca andou na escola e que cresceu como criminoso, vencer este concurso? Ou estará ele a fazer batota?
Por esta altura já todos devem pelo menos ter ouvido falar deste filme. Foi o grande vencedor da edição de 2009 dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América com oito estatuetas, entre as quais o de Melhor Filme e o de Melhor Realizador. É portanto óbvio que estamos perante um grande filme, certo? Não, na minha opinião.
Mas vamos por partes. Visualmente o filme está muito bom, sempre com cenas muito coloridas e com um excelente trabalho de câmara que salienta a riqueza indiana em termos de diversidade de cenários. A banda sonora também está muito bem escolhida, mostrando-se muito agradável e complementando muito bem todo o resto da obra.
No entanto, os restantes elementos de "Slumdog Millionaire" não estão a este nível. Um dos aspectos que destaco é a fraca relação emocional que cria com a audiência. "Slumdog Millionaire" limita-se a debitar várias cenas da vida de Jamal sem nunca prender os espectadores às personagens. De facto, é quase com indiferênça que vemos as cenas a passar à nossa frente: não sentimos compaixão quando Salim se redime e "muda" o seu coração, não sentimos tristeza quando vemos as pobres crianças a crescer no meio do lixo e a mendigar nas ruas, não sentimos alegria quando Jamal reencontra Latika... E porque é que isto acontece? Normalmente acontece porque as personagens são mal construídas, mas aqui as razões são outras: performances fracas dos actores e péssimos diálogos. De uma forma geral, praticamente todos os actores apresentam um desempenho medíocre, o que se nota mais nas personagens principais devido ao tempo que passam em cena. Dev Patel parece só ter uma expressão facial, Freida Pinto passa mais tempo a sorrir para a câmara do que realmente a actuar, Anil Kapoor tem uma postura de quem se acha o maior actor do mundo e as crianças nunca conseguem ser suficientemente naturais quando estão em cena.
Outro problema é um aspecto que eu normalmente critico nestes filmes que se desenrolam em países cuja língua oficial não é o inglês. Nas primeiras cenas é utilizado o hindi para as personagens comunicarem entre si, mas o problema surge quando estas começam a utilizar o inglês para se exprimirem, o que origina cenas inverosímeis como aquela em que Jamal, enquanto criança, se faz passar por guia para estrangeiros no Taj Mahal, comunicando com estes de um modo absolutamente perfeito.
Adicione-se a isto um argumento em que as situações encaixam que nem peças de um puzzle umas nas outras de um modo tão conveniente que se torna forçado, aliado a uma mão cheia de situações que seriam impossíveis de ocorrer se estivéssemos a falar da realidade, e o resultado final não parece muito famoso.
Mas então porquê o sucesso deste "Slumdog Millionaire"? Primeiro porque, na minha opinião, neste momento a Índia está na moda. Depois porque junta o espírito exuberante do cinema indiano às melodias exóticas desta cultura, fazendo disto pano de fundo para uma história de conto de fadas sobre a paixão entre dois jovens que cresceram na pobreza. O que há aqui para não gostar?
Como já devem ter compreendido, não posso recomendar "Slumdog Millionaire". Não é um grande filme, mas também não é um filme péssimo, sendo mais um exemplo de um filme mediano altamente sobrevalorizado. Se compararem "Slumdog Millionaire" com qualquer outro filme que tenha recebido o Óscar de Melhor Filme no passado percebem o que eu quero dizer.
O melhor: a música e o aspecto visual.
O pior: demasiado sobrevalorizado.
Alternativas: Earth (1998), Monsoon Wedding (2001), Cidade de Deus (2002)
Classificação IMDB: 8.4/10
Classificação RottenTomatoes: 8.2/10
sábado, 3 de outubro de 2009
Doubt (2008)
Género: Drama
Realizador: John Patrick Shanley
Com: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis, entre outros.
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Estamos em 1964. Na paróquia de St. Nicholas, no Bronx (New York), a Irmã Aloysius Beauvier gere com mão de ferro o colégio católico local, incutindo o medo e a disciplina como forma de garantir o correcto funcionamento da instituição. A chegada do Padre Flynn à paróquia vem abalar os preceitos instalados, pois este é um homem carismático que acredita que a Igreja se deve adaptar à sociedade em vez de se fechar sobre si mesma. Mas quando a inocente Irmã James partilha com a superiora as preocupações de que o Padre Flynn poderá estar a tornar-se demasiado próximo de um dos alunos, esta última embarca numa cruzada pessoal para que o padre seja expulso da comunidade.
"Doubt" é um daqueles filmes que nos leva a reflectir sobre a sua premissa. A história de uma freira conservadora que "condena" um padre mais liberal apenas com base num rumor ou em suspeitas sem qualquer prova. Teria ela razão para tomar esta atitude ou deveria esperar até que surgissem provas? E se quando essas provas surgissem já fosse tarde demais?
Esta história, só por si, já seria motivo de interesse para muita gente. Mas "Doubt" consegue a façanha de reunir um grupo de actores que catapultam este título para patamares de qualidade difíceis de alcançar. À cabeça surgem Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, dois dos melhores actores do cinema americano actual. Hoffman, dono de uma carreira solidamente construída e com um Óscar em 2005 pela sua prestação em "Capote", é um actor com um carisma único que raramente decepciona. Meryl Streep, por seu lado, dispensa apresentação. Esta dupla de titãs é muito bem complementada por dois grandes valores da geração actual de actores, Viola Davis e Amy Adams.
Streep está absolutamente perfeita na pele da austera Irmã Aloysius neste "Doubt", com uma performance que lhe valeu uma merecida nomeação na categoria de melhor actriz nos Óscares de 2009. O afável Padre Flynn é encarnado por Philip Seymour Hoffman, que nos oferece uma performance tão realista que quase nos ficamos a questionar se este homem não será mesmo um padre e se aquela não é de facto a sua história. Sem surpresa, foi também nomeado em 2009 para o Óscar de melhor actor secundário. Amy Adams, para mim a luz deste filme, destaca-se pela inocência da sua personagem e pela sua dedicação a este papel, e consegue uma performance memorável também reconhecida pela Academia, que a nomeou para a categoria de melhor actriz secundária. Por último, Viola Davis: com apenas cerca de quinze minutos de ecrã consegue ser nomeada para o Óscar de melhor actriz secundária. A razão: o realismo da sua personagem, que apesar da breve aparição consegue tocar toda a audiência e elevar decisivamente o nível de qualidade do filme.
"Doubt" é apenas o segundo filme do realizador John Patrick Shanley, mais conhecido pelas suas qualidades como argumentista/escritor, mas a competência demonstrada neste filme só me faz esperar que nos volte a presentear em breve com mais fitas de grande qualidade. Em "Doubt", o realizador consegue a proeza de manter o argumento interessante e encoberto por uma fina névoa de mistério, tudo isto culminado com uma edição praticamente perfeita, com um enfoque nos diálogos mas sem nunca prejudicar o seu ritmo que, apesar de lento, se mostra completamente adequado.
Este é sem dúvida um filme que nenhum amante de cinema deve perder. "Doubt" é daqueles filmes que não surgem todos os anos, e só aqueles que preferem experiências mais supérfluas e imediatas não o conseguirão apreciar. Recomendo-o sem qualquer "dúvida".
O melhor: as prestações dos actores.
O pior: o início é algo lento, demorando a cativar a audiência.
Alternativas: Priest (1994), The Crucible (1996), Notes on a Scandal (2006)
Classificação IMDB: 7.8/10
Classificação RottenTomatoes: 6.9/10
Realizador: John Patrick Shanley
Com: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Estamos em 1964. Na paróquia de St. Nicholas, no Bronx (New York), a Irmã Aloysius Beauvier gere com mão de ferro o colégio católico local, incutindo o medo e a disciplina como forma de garantir o correcto funcionamento da instituição. A chegada do Padre Flynn à paróquia vem abalar os preceitos instalados, pois este é um homem carismático que acredita que a Igreja se deve adaptar à sociedade em vez de se fechar sobre si mesma. Mas quando a inocente Irmã James partilha com a superiora as preocupações de que o Padre Flynn poderá estar a tornar-se demasiado próximo de um dos alunos, esta última embarca numa cruzada pessoal para que o padre seja expulso da comunidade.
"Doubt" é um daqueles filmes que nos leva a reflectir sobre a sua premissa. A história de uma freira conservadora que "condena" um padre mais liberal apenas com base num rumor ou em suspeitas sem qualquer prova. Teria ela razão para tomar esta atitude ou deveria esperar até que surgissem provas? E se quando essas provas surgissem já fosse tarde demais?
Esta história, só por si, já seria motivo de interesse para muita gente. Mas "Doubt" consegue a façanha de reunir um grupo de actores que catapultam este título para patamares de qualidade difíceis de alcançar. À cabeça surgem Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, dois dos melhores actores do cinema americano actual. Hoffman, dono de uma carreira solidamente construída e com um Óscar em 2005 pela sua prestação em "Capote", é um actor com um carisma único que raramente decepciona. Meryl Streep, por seu lado, dispensa apresentação. Esta dupla de titãs é muito bem complementada por dois grandes valores da geração actual de actores, Viola Davis e Amy Adams.
Streep está absolutamente perfeita na pele da austera Irmã Aloysius neste "Doubt", com uma performance que lhe valeu uma merecida nomeação na categoria de melhor actriz nos Óscares de 2009. O afável Padre Flynn é encarnado por Philip Seymour Hoffman, que nos oferece uma performance tão realista que quase nos ficamos a questionar se este homem não será mesmo um padre e se aquela não é de facto a sua história. Sem surpresa, foi também nomeado em 2009 para o Óscar de melhor actor secundário. Amy Adams, para mim a luz deste filme, destaca-se pela inocência da sua personagem e pela sua dedicação a este papel, e consegue uma performance memorável também reconhecida pela Academia, que a nomeou para a categoria de melhor actriz secundária. Por último, Viola Davis: com apenas cerca de quinze minutos de ecrã consegue ser nomeada para o Óscar de melhor actriz secundária. A razão: o realismo da sua personagem, que apesar da breve aparição consegue tocar toda a audiência e elevar decisivamente o nível de qualidade do filme.
"Doubt" é apenas o segundo filme do realizador John Patrick Shanley, mais conhecido pelas suas qualidades como argumentista/escritor, mas a competência demonstrada neste filme só me faz esperar que nos volte a presentear em breve com mais fitas de grande qualidade. Em "Doubt", o realizador consegue a proeza de manter o argumento interessante e encoberto por uma fina névoa de mistério, tudo isto culminado com uma edição praticamente perfeita, com um enfoque nos diálogos mas sem nunca prejudicar o seu ritmo que, apesar de lento, se mostra completamente adequado.
Este é sem dúvida um filme que nenhum amante de cinema deve perder. "Doubt" é daqueles filmes que não surgem todos os anos, e só aqueles que preferem experiências mais supérfluas e imediatas não o conseguirão apreciar. Recomendo-o sem qualquer "dúvida".
O melhor: as prestações dos actores.
O pior: o início é algo lento, demorando a cativar a audiência.
Alternativas: Priest (1994), The Crucible (1996), Notes on a Scandal (2006)
Classificação IMDB: 7.8/10
Classificação RottenTomatoes: 6.9/10
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Inglourious Basterds (2009)
Género: Acção/Drama/Comédia
Realizador: Quentin Tarantino
Com: Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent e Eli Roth, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"Era uma vez, na França ocupada pelos Nazis...". Assim começa o mais recente filme de Quentin Tarantino. Este filme relata-nos a epopeia de um grupo de soldados judeus norte-americanos, conhecidos como "The Basterds", liderados pelo frio Tenente Aldo Raine. Este grupo tem apenas um objectivo: matar Nazis. Paralelamente, o filme relata-nos ainda a história de Shosanna Dreyfus, uma jovem judia que tenta escapar às garras do Coronel Hans Landa, um oficial das SS sem escrúpulos que ganhou o épiteto de "O Caçador de Judeus".
"Inglourious Basterds" baseia-se numa obra praticamente esquecida de Enzo Castellari, "Quel Maledetto Treno Blindato", conhecida nos Estados Unidos como "The Inglorious Bastards". Quentin Tarantino terá começado a escrever o argumento para este filme há cerca de dez anos, com algumas paragens apenas para se dedicar a outros projectos como "Kill Bill" ou "Death Proof".
E o resultado é francamente muito bom, na minha opinião. Há inclusive quem o aponte como o melhor filme de Tarantino. Eu não vou tão longe, mantendo "Pulp Fiction" no primeiro lugar do meu top e "Reservoir Dogs" numa disputa cerrada com este "Inglourious Basterds" na luta pela segunda posição.
Mas foquemo-nos naquilo que "Inglourious Basterds" tem para nos oferecer. Em primeiro lugar temos um Brad Pitt num grande momento da sua carreira. De facto já há algum tempo que venho a dizer que Brad Pitt é neste momento o actor mais versátil de Hollywood, capaz de encarnar as mais distintas personagens sempre com um nível de qualidade bastante elevado. E neste filme Pitt faz jus à sua reputação, encarnando na perfeição o tenente rufia vindo do Tennessee. Ficarão decerto na memória cenas como aquela em que discursa perante os "Basterds" perfilados, ou uma outra em que tenta falar italiano. Cristoph Waltz é uma grande surpresa, e um dos principais focos de interesse da película. Na pele de Hans Landa, o poliglota oficial Nazi, Waltz brinda-nos com uma excelente performance que o poderá levar à conquista de um Óscar. Quase aos 55 anos de idade, este austríaco praticamente desconhecido que fez carreira fundamentalmente no seu país natal e na Alemanha poderá começar a fazer as malas porque propostas de Hollywood não lhe deverão faltar neste momento. Estas são as performances que mais se destacam, mas há sem dúvida muitas mais personagens que mereceriam uma menção, como as desempenhadas por Mélanie Laurent, August Diehl ou Denis Menochet, só para citar alguns.
Depois, temos tudo aquilo que identifica o cinema de Tarantino. O excelente trabalho de câmara, os diálogos geniais, as situações bizarras, a violência a rodos e o humor negro, tudo isso está presente neste "Inglourious Basterds". Nota-se de facto um amadurecimento de Tarantino na realização desta obra, que já não é só um homem que alguns chamam de imaturo, que encontra na 7ª arte o seu recreio. Sem decepcionar os seus fãs, o argumentista/realizador/produtor dá um passo em frente na sua carreira e mostra mesmo aos mais cépticos que sabe fazer cinema de grande nível.
Não poderia terminar este texto sem deixar ainda uma menção para a banda sonora deste filme, em especial para a participação de Ennio Morricone que, como sempre, nos traz melodias de elevada qualidade, a roçar a perfeição.
Por tudo isto e muito mais, este "Inglourious Basterds" é um filme a não perder, e que recomendo sem pensar duas vezes. Podem chamá-lo de pretensioso, narcisista ou demasiado gráfico, mas veja-o e tenho a certeza que não ficará decepcionado.
O melhor: Cristoph Waltz; qualidade geral do filme.
O pior: acaba por parecer demasiado familiar aos fãs de Tarantino, o que faz com que muitas vezes não consiga surpreender e se torne previsível..
Alternativas: The Dirty Dozen (1967), Patton (1970), Force 10 From Navarone (1978)
Classificação IMDB: 8.6/10
Classificação RottenTomatoes: 7.6/10
Realizador: Quentin Tarantino
Com: Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent e Eli Roth, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
"Era uma vez, na França ocupada pelos Nazis...". Assim começa o mais recente filme de Quentin Tarantino. Este filme relata-nos a epopeia de um grupo de soldados judeus norte-americanos, conhecidos como "The Basterds", liderados pelo frio Tenente Aldo Raine. Este grupo tem apenas um objectivo: matar Nazis. Paralelamente, o filme relata-nos ainda a história de Shosanna Dreyfus, uma jovem judia que tenta escapar às garras do Coronel Hans Landa, um oficial das SS sem escrúpulos que ganhou o épiteto de "O Caçador de Judeus".
"Inglourious Basterds" baseia-se numa obra praticamente esquecida de Enzo Castellari, "Quel Maledetto Treno Blindato", conhecida nos Estados Unidos como "The Inglorious Bastards". Quentin Tarantino terá começado a escrever o argumento para este filme há cerca de dez anos, com algumas paragens apenas para se dedicar a outros projectos como "Kill Bill" ou "Death Proof".
E o resultado é francamente muito bom, na minha opinião. Há inclusive quem o aponte como o melhor filme de Tarantino. Eu não vou tão longe, mantendo "Pulp Fiction" no primeiro lugar do meu top e "Reservoir Dogs" numa disputa cerrada com este "Inglourious Basterds" na luta pela segunda posição.
Mas foquemo-nos naquilo que "Inglourious Basterds" tem para nos oferecer. Em primeiro lugar temos um Brad Pitt num grande momento da sua carreira. De facto já há algum tempo que venho a dizer que Brad Pitt é neste momento o actor mais versátil de Hollywood, capaz de encarnar as mais distintas personagens sempre com um nível de qualidade bastante elevado. E neste filme Pitt faz jus à sua reputação, encarnando na perfeição o tenente rufia vindo do Tennessee. Ficarão decerto na memória cenas como aquela em que discursa perante os "Basterds" perfilados, ou uma outra em que tenta falar italiano. Cristoph Waltz é uma grande surpresa, e um dos principais focos de interesse da película. Na pele de Hans Landa, o poliglota oficial Nazi, Waltz brinda-nos com uma excelente performance que o poderá levar à conquista de um Óscar. Quase aos 55 anos de idade, este austríaco praticamente desconhecido que fez carreira fundamentalmente no seu país natal e na Alemanha poderá começar a fazer as malas porque propostas de Hollywood não lhe deverão faltar neste momento. Estas são as performances que mais se destacam, mas há sem dúvida muitas mais personagens que mereceriam uma menção, como as desempenhadas por Mélanie Laurent, August Diehl ou Denis Menochet, só para citar alguns.
Depois, temos tudo aquilo que identifica o cinema de Tarantino. O excelente trabalho de câmara, os diálogos geniais, as situações bizarras, a violência a rodos e o humor negro, tudo isso está presente neste "Inglourious Basterds". Nota-se de facto um amadurecimento de Tarantino na realização desta obra, que já não é só um homem que alguns chamam de imaturo, que encontra na 7ª arte o seu recreio. Sem decepcionar os seus fãs, o argumentista/realizador/produtor dá um passo em frente na sua carreira e mostra mesmo aos mais cépticos que sabe fazer cinema de grande nível.
Não poderia terminar este texto sem deixar ainda uma menção para a banda sonora deste filme, em especial para a participação de Ennio Morricone que, como sempre, nos traz melodias de elevada qualidade, a roçar a perfeição.
Por tudo isto e muito mais, este "Inglourious Basterds" é um filme a não perder, e que recomendo sem pensar duas vezes. Podem chamá-lo de pretensioso, narcisista ou demasiado gráfico, mas veja-o e tenho a certeza que não ficará decepcionado.
O melhor: Cristoph Waltz; qualidade geral do filme.
O pior: acaba por parecer demasiado familiar aos fãs de Tarantino, o que faz com que muitas vezes não consiga surpreender e se torne previsível..
Alternativas: The Dirty Dozen (1967), Patton (1970), Force 10 From Navarone (1978)
Classificação IMDB: 8.6/10
Classificação RottenTomatoes: 7.6/10
sábado, 29 de agosto de 2009
Martyrs (2008)
Género: Drama/Horror
Realizador: Pascal Laugier
Com: Morjana Alaoui, Mylène Jampanoï, Catherine Bégin e Emilie Miskdjian, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lucie era ainda criança quando foi raptada e torturada. Conseguiu escapar e foi internada numa clínica psiquiátrica para crianças com traumas. Quinze anos depois, Lucie continua a tentar descobrir quem a submeteu ao terrível acontecimento. Anna, a única amiga que conseguiu fazer na clínica, embarca com ela nesta jornada de vingança, e juntas enfrentam os seus fantasmas.
"Martyrs" é um filme de horror de origem francesa. Este país tem-nos oferecido alguns filmes deste género muito interessantes nos últimos anos, tais como "Haute Tension" ou "A L'Interieur". Mas este "Martyrs" é um pouco diferente dos seus congéneres, sendo mais imersivo e intelectual, e principalmente pelo seu argumento, que quase o puxa mais para o drama do que para o horror.
Este não é um filme fácil de comentar sem revelar alguns pontos do filme, uma vez que estes são fundamentais para uma análise cuidada. Assim sendo, se estiver a pensar ver este filme e não quiser estragar a sua experiência, por favor salte o próximo parágrafo deste texto.
"Martyrs" possui dois momentos distintos no seu argumento. O primeiro assemelha-se bastante àquilo que podemos encontrar na vasta maioria dos filmes do género, com muito sangue a jorrar pelo ecrã. Contem ainda com uma criatura a fazer lembrar a presente no clássico japonês "Ju-on" ("The Grudge"). Nesta parte o ritmo do filme é bastante elevado, e o realizador não é parco a oferecer-nos várias cenas que irão chocar os mais impressionáveis.
Se esta primeira parte não é propriamente inovadora, já o mesmo não se pode dizer do restante do filme. Esta parte é bem mais perturbadora e desconfortável de assistir, com várias cenas de tortura que quase parecem retiradas de um filme snuff.
As duas personagens principais, Anna e Julie, são interpretadas com um nível de qualidade muito elevado. Como é óbvio, neste género de filmes os diálogos são frequentemente relegados para segundo plano, e portanto as actrizes não necessitaram de se esforçar muito neste aspecto. No entanto, no capítulo dramático estas estão absolutamente brilhantes, transmitindo na perfeição as emoções que vivenciam, e captando a nossa atenção ao ponto de nos sentirmos preocupados com aquilo que lhes acontece no ecrã.
O filme impressiona também pela qualidade da caracterização, muito bem executada, salvo algumas cenas em que esta parece bem menos convincente.
"Martyrs" é sem dúvida um dos filmes mais perturbadores que vi nos últimos anos. É um filme que quase parece cru, e que não tem problemas em puxar os limites do género. É impossível vê-lo sem que as suas cenas permaneçam na nossa memória durante algum tempo. Não é um filme de horror convencional, sendo bem mais depressivo e sombrio que a maioria. Se é uma pessoa que não se impressiona facilmente ou quer de facto sentir uma experiência diferente num filme deste género, então "Martyrs" merece sem dúvida a sua atenção. Para os restantes, provavelmente é melhor evitar a sua visualização.
O melhor: apesar do tema sensível, nunca cai na vulgaridade.
O pior: tendo em conta o género, e aparte o facto de não poder ser apreciado pelas pessoas mais sensíveis, nada a assinalar.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), Salò o Le 120 Giornate Di Sodoma (1975), Wolf Creek (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 7.0/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
Realizador: Pascal Laugier
Com: Morjana Alaoui, Mylène Jampanoï, Catherine Bégin e Emilie Miskdjian, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lucie era ainda criança quando foi raptada e torturada. Conseguiu escapar e foi internada numa clínica psiquiátrica para crianças com traumas. Quinze anos depois, Lucie continua a tentar descobrir quem a submeteu ao terrível acontecimento. Anna, a única amiga que conseguiu fazer na clínica, embarca com ela nesta jornada de vingança, e juntas enfrentam os seus fantasmas.
"Martyrs" é um filme de horror de origem francesa. Este país tem-nos oferecido alguns filmes deste género muito interessantes nos últimos anos, tais como "Haute Tension" ou "A L'Interieur". Mas este "Martyrs" é um pouco diferente dos seus congéneres, sendo mais imersivo e intelectual, e principalmente pelo seu argumento, que quase o puxa mais para o drama do que para o horror.
Este não é um filme fácil de comentar sem revelar alguns pontos do filme, uma vez que estes são fundamentais para uma análise cuidada. Assim sendo, se estiver a pensar ver este filme e não quiser estragar a sua experiência, por favor salte o próximo parágrafo deste texto.
"Martyrs" possui dois momentos distintos no seu argumento. O primeiro assemelha-se bastante àquilo que podemos encontrar na vasta maioria dos filmes do género, com muito sangue a jorrar pelo ecrã. Contem ainda com uma criatura a fazer lembrar a presente no clássico japonês "Ju-on" ("The Grudge"). Nesta parte o ritmo do filme é bastante elevado, e o realizador não é parco a oferecer-nos várias cenas que irão chocar os mais impressionáveis.
Se esta primeira parte não é propriamente inovadora, já o mesmo não se pode dizer do restante do filme. Esta parte é bem mais perturbadora e desconfortável de assistir, com várias cenas de tortura que quase parecem retiradas de um filme snuff.
As duas personagens principais, Anna e Julie, são interpretadas com um nível de qualidade muito elevado. Como é óbvio, neste género de filmes os diálogos são frequentemente relegados para segundo plano, e portanto as actrizes não necessitaram de se esforçar muito neste aspecto. No entanto, no capítulo dramático estas estão absolutamente brilhantes, transmitindo na perfeição as emoções que vivenciam, e captando a nossa atenção ao ponto de nos sentirmos preocupados com aquilo que lhes acontece no ecrã.
O filme impressiona também pela qualidade da caracterização, muito bem executada, salvo algumas cenas em que esta parece bem menos convincente.
"Martyrs" é sem dúvida um dos filmes mais perturbadores que vi nos últimos anos. É um filme que quase parece cru, e que não tem problemas em puxar os limites do género. É impossível vê-lo sem que as suas cenas permaneçam na nossa memória durante algum tempo. Não é um filme de horror convencional, sendo bem mais depressivo e sombrio que a maioria. Se é uma pessoa que não se impressiona facilmente ou quer de facto sentir uma experiência diferente num filme deste género, então "Martyrs" merece sem dúvida a sua atenção. Para os restantes, provavelmente é melhor evitar a sua visualização.
O melhor: apesar do tema sensível, nunca cai na vulgaridade.
O pior: tendo em conta o género, e aparte o facto de não poder ser apreciado pelas pessoas mais sensíveis, nada a assinalar.
Alternativas: The Texas Chain Saw Massacre (1974), Salò o Le 120 Giornate Di Sodoma (1975), Wolf Creek (2005), Hostel (2005)
Classificação IMDB: 7.0/10
Classificação RottenTomatoes: 6.1/10
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Le Silence de Lorna (Lorna's Silence) (2008)
Género: Drama
Realizadores: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Com: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione e Alban Ukaj, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lorna e Sokol são dois jovens namorados, emigrantes albaneses que vivem na Bélgica. Os dois sonham com o dia em que deixarão os seus difíceis trabalhos e montarão um pequeno bar. Mas isso não é fácil, pois precisam de dinheiro e de um bilhete de identidade belga. Fabio, um taxista italiano com ambição em tornar-se um influente mafioso local, tem um esquema que os poderá ajudar: Lorna deverá casar-se com Claudy Moreau, um drogado sem futuro, para adquirir a cidadania belga; depois disto deverá casar-se com Andrei, um traficante de tabaco russo, disposto a pagar uma avultada quantia para obter um passaporte europeu a fim de se poder deslocar sem problemas com as autoridades.
"Le Silence de Lorna" é um filme marcadamente europeu, com uma forte influência da escola francesa. Como tal esperem um filme com um ritmo lento, com longos planos e com uma forte componente dramática.
E de facto este dramatismo encontra a sua expressão máxima nas personagens de Arta Dobroshi e Jérémie Renier, respectivamente Lorna e Claudy. Dobroshi está absolutamente fantástica no centro do enredo, sentindo-se a angústia na sua expressão durante toda a duração do filme. Renier, por seu lado, encarna na perfeição um drogado imaturo, com uma personalidade fraca e por vezes quase infantil. Uma outra figura central na história é Fabio, uma personagem sombria e sem escrúpulos, em quem é difícil descortinar o que vai na sua mente. Na minha opinião, Sokol é um dos personagens que deveriam ser melhor explorados, por apresenta-se como uma personagem muito interessante mas que não tem muito tempo de ecrã.
Ao nível da fotografia não há nada a assinalar. O cinema europeu já deu provas que é mestre na manipulação da câmara e da iluminação para obter os seus objectivos, e este filme não é excepção. Este aspecto enquadra-se perfeitamente com o ritmo do filme. No entanto "Le Silence de Lorna" não se encontra isento de problemas relacionados com o referido ritmo. Se em grande parte do filme este se afigura adequado, com um passo lento, já no último terço deste as opções são discutíveis, com cenas mais rápidas e transições mais abruptas, bem como com uma série de twists que destoam do panorama geral da fita.
"Le Silence de Lorna" não despertará opiniões consensuais. Apesar de bastante aclamado pela crítica, nota-se claramente que não é um filme para todas as audiências. Tecnicamente quase perfeito, e com prestações de elevado nível por parte dos seus actores, é um filme que não consegue captar a simpatia da audiência devido à temática que aborda mas principalmente devido à falta de carisma das suas personagens. É um filme difícil de digerir, com demasiadas pontas soltas e com um final que deixa a desejar. Mais uma vez ressalvo que os textos aqui escritos reflectem apenas e só a minha opinião, não sou nenhum profissional nem perito nesta área, por isso se visualizarem este filme e o adorarem é perfeitamente normal. Eu não o recomendo, no entanto.
O melhor: Arta Dobroshi.
O pior: algo confuso; não conquista completamente o interesse da audiência.
Alternativas: In America (2002), Candy (2006), Revanche (2008)
Classificação IMDB: 7.3/10
Classificação RottenTomatoes: 7.2/10
Realizadores: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Com: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione e Alban Ukaj, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Lorna e Sokol são dois jovens namorados, emigrantes albaneses que vivem na Bélgica. Os dois sonham com o dia em que deixarão os seus difíceis trabalhos e montarão um pequeno bar. Mas isso não é fácil, pois precisam de dinheiro e de um bilhete de identidade belga. Fabio, um taxista italiano com ambição em tornar-se um influente mafioso local, tem um esquema que os poderá ajudar: Lorna deverá casar-se com Claudy Moreau, um drogado sem futuro, para adquirir a cidadania belga; depois disto deverá casar-se com Andrei, um traficante de tabaco russo, disposto a pagar uma avultada quantia para obter um passaporte europeu a fim de se poder deslocar sem problemas com as autoridades.
"Le Silence de Lorna" é um filme marcadamente europeu, com uma forte influência da escola francesa. Como tal esperem um filme com um ritmo lento, com longos planos e com uma forte componente dramática.
E de facto este dramatismo encontra a sua expressão máxima nas personagens de Arta Dobroshi e Jérémie Renier, respectivamente Lorna e Claudy. Dobroshi está absolutamente fantástica no centro do enredo, sentindo-se a angústia na sua expressão durante toda a duração do filme. Renier, por seu lado, encarna na perfeição um drogado imaturo, com uma personalidade fraca e por vezes quase infantil. Uma outra figura central na história é Fabio, uma personagem sombria e sem escrúpulos, em quem é difícil descortinar o que vai na sua mente. Na minha opinião, Sokol é um dos personagens que deveriam ser melhor explorados, por apresenta-se como uma personagem muito interessante mas que não tem muito tempo de ecrã.
Ao nível da fotografia não há nada a assinalar. O cinema europeu já deu provas que é mestre na manipulação da câmara e da iluminação para obter os seus objectivos, e este filme não é excepção. Este aspecto enquadra-se perfeitamente com o ritmo do filme. No entanto "Le Silence de Lorna" não se encontra isento de problemas relacionados com o referido ritmo. Se em grande parte do filme este se afigura adequado, com um passo lento, já no último terço deste as opções são discutíveis, com cenas mais rápidas e transições mais abruptas, bem como com uma série de twists que destoam do panorama geral da fita.
"Le Silence de Lorna" não despertará opiniões consensuais. Apesar de bastante aclamado pela crítica, nota-se claramente que não é um filme para todas as audiências. Tecnicamente quase perfeito, e com prestações de elevado nível por parte dos seus actores, é um filme que não consegue captar a simpatia da audiência devido à temática que aborda mas principalmente devido à falta de carisma das suas personagens. É um filme difícil de digerir, com demasiadas pontas soltas e com um final que deixa a desejar. Mais uma vez ressalvo que os textos aqui escritos reflectem apenas e só a minha opinião, não sou nenhum profissional nem perito nesta área, por isso se visualizarem este filme e o adorarem é perfeitamente normal. Eu não o recomendo, no entanto.
O melhor: Arta Dobroshi.
O pior: algo confuso; não conquista completamente o interesse da audiência.
Alternativas: In America (2002), Candy (2006), Revanche (2008)
Classificação IMDB: 7.3/10
Classificação RottenTomatoes: 7.2/10
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Marley & Me (2008)
Género: Drama/Comédia
Realizador: David Frankel
Com: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane e Alan Arkin, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
John e Jennifer Grogan, ambos escritores de jornal, mudam-se para a Florida após o seu casamento. Quando John se apercebe que o instinto maternal de Jennifer se começa a manifestar, este decide comprar-lhe um cão para pausar o seu relógio biológico. O escolhido foi Marley, um pequeno e adorável labrador. Enquanto a família vai crescendo em número, o indisciplinado Marley vai crescendo em tamanho e destruíndo tudo por onde passa. Apesar de todo a carinho que sente pelo animal, John tem a certeza que tem nas suas mãos o pior cão do mundo...
Antes de assistir a "Marley & Me", estava convencido que este seria mais um daqueles filmes genéricos sobre a história de um homem e o seu cão. Felizmente, este filme revelou-se bastante mais que isso. "Marley & Me" é um retrato bastante realista da criação de uma família, com um animal de estimação que os acompanha desde o primeiro instante e que está com eles nos momentos que mais os marcaram. O filme é a adaptação da autobiografia do escritor John Grogan, o que faz com que a história nos soe incrivelmente familiar e autêntica.
Para adicionar realismo e para simular o passar dos anos, foram utilizados mais de vinte cães diferentes para desempenhar o papel de Marley, um aspecto a assinalar e com um resultado final muito bom.
"Marley & Me" traz-nos um Owen Wilson de volta a um papel mais maduro, mas onde a comédia subtil está permanentemente presente. Apesar da sua personagem estar já bastante autêntica, esta poderia ser ainda mais dramática (umas lágrimas soltadas aqui ou ali só intensificariam a carga emocional), facto que só beneficiaria a qualidade da película. No papel da sua esposa temos Jennifer Aniston, uma das actrizes mais sobrevalorizadas de Hollywood (na minha opinião), que surpreendentemente nos oferece uma performance bastante consistente e acaba por ser uma peça chave no desempenho do filme.
Uma última menção para a banda sonora, que se mostra bastante agradável, com um série de faixas conhecidas pela audiência, sem nunca se tornar intrusiva ou distractiva.
"Marley & Me" representou para mim uma agradável surpresa. Um filme fácil de assistir, sobre os altos e baixos de um casamento e a relação de uma família com o seu animal de estimação. Um filme que não deixa ninguém indiferente após a sua visualização. Um dos melhores filmes do género, e só por isso altamente recomendado.
O melhor: o sentimento de familiaridade que desperta.
O pior: alguns problemas de câmara e de produção.
Alternativas: Lassie Come Home (1943), Old Yeller (1957), Beethoven (1992), My Dog Skip (2000)
Classificação IMDB: 7.1/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
Realizador: David Frankel
Com: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane e Alan Arkin, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
John e Jennifer Grogan, ambos escritores de jornal, mudam-se para a Florida após o seu casamento. Quando John se apercebe que o instinto maternal de Jennifer se começa a manifestar, este decide comprar-lhe um cão para pausar o seu relógio biológico. O escolhido foi Marley, um pequeno e adorável labrador. Enquanto a família vai crescendo em número, o indisciplinado Marley vai crescendo em tamanho e destruíndo tudo por onde passa. Apesar de todo a carinho que sente pelo animal, John tem a certeza que tem nas suas mãos o pior cão do mundo...
Antes de assistir a "Marley & Me", estava convencido que este seria mais um daqueles filmes genéricos sobre a história de um homem e o seu cão. Felizmente, este filme revelou-se bastante mais que isso. "Marley & Me" é um retrato bastante realista da criação de uma família, com um animal de estimação que os acompanha desde o primeiro instante e que está com eles nos momentos que mais os marcaram. O filme é a adaptação da autobiografia do escritor John Grogan, o que faz com que a história nos soe incrivelmente familiar e autêntica.
Para adicionar realismo e para simular o passar dos anos, foram utilizados mais de vinte cães diferentes para desempenhar o papel de Marley, um aspecto a assinalar e com um resultado final muito bom.
"Marley & Me" traz-nos um Owen Wilson de volta a um papel mais maduro, mas onde a comédia subtil está permanentemente presente. Apesar da sua personagem estar já bastante autêntica, esta poderia ser ainda mais dramática (umas lágrimas soltadas aqui ou ali só intensificariam a carga emocional), facto que só beneficiaria a qualidade da película. No papel da sua esposa temos Jennifer Aniston, uma das actrizes mais sobrevalorizadas de Hollywood (na minha opinião), que surpreendentemente nos oferece uma performance bastante consistente e acaba por ser uma peça chave no desempenho do filme.
Uma última menção para a banda sonora, que se mostra bastante agradável, com um série de faixas conhecidas pela audiência, sem nunca se tornar intrusiva ou distractiva.
"Marley & Me" representou para mim uma agradável surpresa. Um filme fácil de assistir, sobre os altos e baixos de um casamento e a relação de uma família com o seu animal de estimação. Um filme que não deixa ninguém indiferente após a sua visualização. Um dos melhores filmes do género, e só por isso altamente recomendado.
O melhor: o sentimento de familiaridade que desperta.
O pior: alguns problemas de câmara e de produção.
Alternativas: Lassie Come Home (1943), Old Yeller (1957), Beethoven (1992), My Dog Skip (2000)
Classificação IMDB: 7.1/10
Classificação RottenTomatoes: 6.0/10
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Inkheart (2008)
Género: Aventura/Fantasia
Realizador: Iain Softley
Com: Brendan Fraser, Eliza Bennett, Paul Bettany e Helen Mirren, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Mortimer "Mo" Folchart é um restaurador de livros, que viaja frequentemente de terra em terra com a sua filha Meggie, de 13 anos. Os dois vivem sozinhos depois de Resa, esposa e mãe, ter desaparecido misteriosamente. Mas Mo esconde aquilo que é simultaneamente um dom e um terrível poder: ele tem o poder de trazer para a realidade as personagens dos livros, bastando-lhe que os leia em voz alta.
Este filme é a adaptação para o cinema do livro homónimo de Cornelia Funke. É uma história onde a linha que separa a fantasia da realidade é muito ténue, onde estes universos distintos se confundem frequentemente, e com elementos capazes de agradar a diversas audiências.
Temos personagens para todos os gostos. Brendan Fraser é o típico herói destas histórias de aventura, de quem se espera que saiba sempre o que fazer em seguida. Eliza Bennett, no papel da sua filha, imbui o filme numa aura de inocência sempre que surge no ecrã, captando a atenção do público graças à naturalidade com que desempenha o seu papel. Helen Mirren é uma tia-avó com um feitio complicado, mas que debaixo da aparência dura esconde um enorme coração. Temos ainda Andy Serkis na pele de Capricorn, um criminoso lunático e sem escrúpulos trazido da época medieval graças a um livro, no papel do principal vilão do filme, e Rafi Gavron, como o Farid de "Ali Baba e os 40 Ladrões".
Mas na minha opinião é Paul Bettany quem nos oferece a melhor performance. Na pele de Dustfinger, um saltimbanco que animava as ruas da Idade Média cuspindo fogo, fazendo malabarismos e realizando truques de magia sempre ladeado pela sua doninha Gwin, Bettany consegue emanar mais carisma do que a personagem de Brendan Fraser, tornando-se assim numa das principais atracções do filme.
Um dos trunfos de "Inkheart" são as referências a várias histórias da literatura ou da cultura popular, e foi muito agradável ver animais fantásticos como unicórnios ou macacos voadores, ou elementos de "O Capuchinho Vermelho" ou "O Feiticeiro de Oz", entre outros. Esta premissa permite-lhe entrar em devaneios criativos, e isso dá oportunidades ao departamento de efeitos visuais para mostrar as suas capacidades. E neste aspecto o filme cumpre perfeitamente os seus objectivos, com especial relevo para as sequências em que a "Sombra" surge em cena.
No entanto, "Inkheart" comete alguns pecados que prejudicam a sua classificação final. Primeiro porque se apresenta demasiado confuso no início, deixando demasiadas questões no ar que nunca serão respondidas, e depois no seu clímax, com um desfecho forçado e apressado que não convence. Também se torna algo repetitivo em determinadas partes e abusa um pouco dos clichés habituais deste género de filmes.
"Inkheart", em suma, é um bom filme para ver com toda a família, e um bom filme dentro do género em que se insere. Poderia aspirar a vôos mais elevadas se houvesse a ousadia de explorar melhor alguns aspectos da história e se a sua carga emocional fosse mais forte. Vale pela originalidade do seu argumento.
O melhor: Dustfinger (Paul Bettany).
O pior: confuso e com pouca intensidade dramática.
Alternativas: Die Unendliche Gestchichte (The Neverending Story) (1984), The Butterfly Effect (2004), The Spiderwick Chronicles (2008)
Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: 5.1/10
Realizador: Iain Softley
Com: Brendan Fraser, Eliza Bennett, Paul Bettany e Helen Mirren, entre outros.
Página oficial
Trailer
Poster encontrado aqui.
Mortimer "Mo" Folchart é um restaurador de livros, que viaja frequentemente de terra em terra com a sua filha Meggie, de 13 anos. Os dois vivem sozinhos depois de Resa, esposa e mãe, ter desaparecido misteriosamente. Mas Mo esconde aquilo que é simultaneamente um dom e um terrível poder: ele tem o poder de trazer para a realidade as personagens dos livros, bastando-lhe que os leia em voz alta.
Este filme é a adaptação para o cinema do livro homónimo de Cornelia Funke. É uma história onde a linha que separa a fantasia da realidade é muito ténue, onde estes universos distintos se confundem frequentemente, e com elementos capazes de agradar a diversas audiências.
Temos personagens para todos os gostos. Brendan Fraser é o típico herói destas histórias de aventura, de quem se espera que saiba sempre o que fazer em seguida. Eliza Bennett, no papel da sua filha, imbui o filme numa aura de inocência sempre que surge no ecrã, captando a atenção do público graças à naturalidade com que desempenha o seu papel. Helen Mirren é uma tia-avó com um feitio complicado, mas que debaixo da aparência dura esconde um enorme coração. Temos ainda Andy Serkis na pele de Capricorn, um criminoso lunático e sem escrúpulos trazido da época medieval graças a um livro, no papel do principal vilão do filme, e Rafi Gavron, como o Farid de "Ali Baba e os 40 Ladrões".
Mas na minha opinião é Paul Bettany quem nos oferece a melhor performance. Na pele de Dustfinger, um saltimbanco que animava as ruas da Idade Média cuspindo fogo, fazendo malabarismos e realizando truques de magia sempre ladeado pela sua doninha Gwin, Bettany consegue emanar mais carisma do que a personagem de Brendan Fraser, tornando-se assim numa das principais atracções do filme.
Um dos trunfos de "Inkheart" são as referências a várias histórias da literatura ou da cultura popular, e foi muito agradável ver animais fantásticos como unicórnios ou macacos voadores, ou elementos de "O Capuchinho Vermelho" ou "O Feiticeiro de Oz", entre outros. Esta premissa permite-lhe entrar em devaneios criativos, e isso dá oportunidades ao departamento de efeitos visuais para mostrar as suas capacidades. E neste aspecto o filme cumpre perfeitamente os seus objectivos, com especial relevo para as sequências em que a "Sombra" surge em cena.
No entanto, "Inkheart" comete alguns pecados que prejudicam a sua classificação final. Primeiro porque se apresenta demasiado confuso no início, deixando demasiadas questões no ar que nunca serão respondidas, e depois no seu clímax, com um desfecho forçado e apressado que não convence. Também se torna algo repetitivo em determinadas partes e abusa um pouco dos clichés habituais deste género de filmes.
"Inkheart", em suma, é um bom filme para ver com toda a família, e um bom filme dentro do género em que se insere. Poderia aspirar a vôos mais elevadas se houvesse a ousadia de explorar melhor alguns aspectos da história e se a sua carga emocional fosse mais forte. Vale pela originalidade do seu argumento.
O melhor: Dustfinger (Paul Bettany).
O pior: confuso e com pouca intensidade dramática.
Alternativas: Die Unendliche Gestchichte (The Neverending Story) (1984), The Butterfly Effect (2004), The Spiderwick Chronicles (2008)
Classificação IMDB: 6.1/10
Classificação RottenTomatoes: 5.1/10
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